5º Ano - Parte 5

4.7K 223 7
                                    

Pedro

Ligo o carro e sigo em direção de casa, preciso dar espaço para minha princesa, ir até lá só causaria mais problemas no momento já que deve estar irritada e magoada e, para conquistar de volta sua confiança, preciso tomar algumas atitudes. Inspiro profundamente o aroma de sexo impregnado no ar, sorrio saudoso do corpo quente e sensual dela, apenas as lembranças fazem meu corpo acender novamente. Já tinha tido o privilégio de vê-la anteriormente mas não teve comparação com a realidade. A diferença de tempo a deixou ainda mais bonita, seu corpo amadureceu de forma extremamente atraente e mal posso esperar para tê-la novamente, será um tortura a falta do seu toque e agonizante vê-la com outro homem mas, será um sacrifício que terei de fazer. Durante todo o trajeto coloco minha mente para trabalhar, elaborando quais seriam os passos que preciso tomar afim de mudar minha situação de forma que possamos ficar juntos definitivamente. A primeira coisa que preciso fazer é falar com meu advogado sobre as questões legais para dar entrada no pedido de divorcio e como posso me proteger de cobranças irreais que, conhecendo Sarah, virão assim que começarmos a papelada. A segunda será falar com meus pais sobre meus sentimentos e buscar algum tipo de aprovação, sei que minha mãe suspeita de minha atração desde a primeira viagem que fizemos juntos pois percebeu a maneira como a cumprimentei, totalmente inapropriada para um tio. Ainda me recordo dela dizendo que Alice era apenas uma menina e que eu deveria evitar este tipo de comportamento pois poderia despertar emoções conflituosas entre nós. Este foi meu maior medo durante todo este tempo, confirmar à ela que mesmo depois de ter me alertado, continuei desejando minha sobrinha e, desta forma, estimulando sua atração também. A grande questão é como controlar nosso coração, isso não tem uma fórmula correta que você faz e consegue o resultado esperado. Este músculo que mantém nosso corpo vivo, também é responsável por subjulgar a razão, nos fazendo cometer loucuras quando estamos apaixonados. Foi assim durante todas as vezes que tentei me afastar dela, racionalizando que deveria encontrar um rapaz da sua idade, que não fosse seu tio, e assim seguir a vida. Acontece que a cada vez que a via fazendo exatamente o que eu deveria querer, lá estava meu coração gritando que ela era minha, me fazendo agir como um bruto possessivo para evitar que encontrasse alguém que a fizesse se apaixonar. Jamais permitiria que fosse tocada maliciosamente em minha presença, tanto que me excedi naquela visita a sua casa, perdendo o controle e esmurrando aquele moleque com tanta raiva por ele ousar tentar alguma gracinha com ela. Fiquei tão desnorteado que só voltei a raciocinar quando me fez olha-la, foi ali que vi meu futuro, minha vida presa a dela num laço inquebrável. Somente ela poderia me trazer a paz que nunca soube que merecia. Sua postura protetora me encantou, soube lidar comigo como se me conhecesse por toda uma vida. Naquele momento, eu só queria o calor da minha mulher junto de mim. Foi um sacrifício vê-la indo embora e me deixando sozinho, estremeci de medo quando percebi o que tinha feito em frente aos seus pais e pior, a maneira que me comportei com ela. Assim que entrei pela porta, olhares duvidosos me aguardavam. Minha irmã e seu marido estavam aguardando uma justificativa para o que tinha acontecido. Suspirei abalado, sem saber o que diria para eles. Foi Juliana que acabou falando primeiro, agradecendo pelo que fiz mas criticando fortemente o método que utilizei para dar uma lição no menino. Disse que este comportamento era comum, deixando sempre a Alice em posições desconfortáveis visto sua postura impensada. Já Marcelo mantinha o olhar fixo e sério em mim sem falar nada, parecia que tentava ler minha mente e, temia que se conseguisse saberia dos meus reais motivos. Novamente, minha irmã vem ao meu socorro e encerra a conversa dizendo que todos estávamos cansados e seria melhor dormimos. Passo ao lado de meu cunhado temeroso, visto que ainda me analisava friamente mas permanece em silêncio, permitindo minha saída. Subo as escadas e paro em frente a porta do quarto de Alice, sinto o seu perfume provocante e me puno mentalmente por cogitar entrar em sua privacidade. Apoio minha testa na porta, desejando silenciosamente uma boa noite e pedindo que sonhasse comigo. A noite foi longa e sofrida pela falta de sono, só pensava em como poderia ficar com ela sem trair a confiança que seus pais tinham em mim. Na manhã seguinte, sai logo cedo como um medroso. A despedida foi tranquila, pareciam aliviados que estava indo embora. O caminho todo fiquei me punindo mentalmente pelo que fiz, tinha receio do que falariam para meus pais. O sinal de alerta veio alguns dias depois quando minha mãe liga, avisando que não iriam na viagem de ano novo desta vez. Fico paranóico e espero o dia inteiro para chamar minha menina e tirar a dúvida. Ansioso, chamo seu número e aguardo, fazia pouco tempo que não ouvia sua voz mas já sentia uma saudade insana. Assim que atende, um arrepio gostoso percorre meu corpo por conta da felicidade de falar com ela. Questiono se sabe do motivo de não irem na viagem deste ano e me surpreendo quando a mesma diz desconhecer tal fato. Imediatamente suspeito que tem algo a ver com minha última visita mas logo ela me tranquiliza de que não houve nenhuma menção nesse sentido dos pais. Recordo que me chamou de amor em alguns momentos e me descontrolo por conta de minhas paranóias. Novamente me refuta, dizendo que não devia ser nada disso mas não me sinto confiante sobre a questão. Aviso que não quero prejudica-la quase num sussurro. Chama meu nome como resposta de uma maneira tão sensual que faço um esforço descomunal para me controlar. Logo em seguida, ela mesmo encerra a magia do momento e sugere que na verdade seria boa a mudança. Sua fala pareceu debochada e isso me magoa. Continua com a postura fria e encerra a conversa de maneira abrupta, apenas me despeço e desligo chateado. Meu humor torna-se azedo com a indiferença com que me trata, todos percebem que algo não está certo. Sarah tem me torrado a paciência sobre isso, dizendo que desde que visitei minha irmã estou mudado e reclama sobre não dar atenção a ela e que não fazemos sexo mais. Porém como eu vou assumir que não a desejo como mulher, seria impossível dela entender por este motivo sempre crio uma desculpa que me livra dessa tortura. Meu martírio piora ao receber a ligação de minha irmã alguns dias depois confirmando que não iriam na viagem mesmo e revela uma grande animação da Alice com a mudança. Fico irritado com o que me contou e decido provocar minha princesa sobre o assunto porque sabia ser mentira sua reação. Para meu estado de espírito, foi um balde de água fria sua resposta irônica, fiquei tão bravo que não a respondi mais, iria devolver um pouco do seu veneno para ver o que é bom. Depois de duas semanas achei que já estava na hora de voltar a incita-la novamente, queria ser o único homem em seus pensamentos. Como um feitiço que se volta contra o feiticeiro, minha tentativa de falar com ela não se conclui e ainda ela inverte o cenário ao enviar uma foto que quase me causa um infarto ao ver seu corpo vestido numa lingerie muito sexy que assombra meus sonhos desde então, meu pau ficou tão duro que tive de correr para o banheiro no meio do expediente para buscar algum alívio, nem tive resposta para sua ousadia. De novo, usei o tratamento silencioso para a irritar e depois de mais alguns semanas volto ao meu objetivo de seduzi-la ao enviar uma foto sem camisa, exibindo meu abdômen sarado. Minha mulher responde com um vídeo, usando uma lingerie delicada desta vez, sinalizando uma reprimenda mas que só me deixa mais excitado. Brincamos mais um pouco e quando as coisas iriam esquentar, não consigo mais enviar mensagens para ela, não conseguia acreditar que novamente ela inverteu as posições e me deixou na mão. Fiquei bloqueado o resto do ano, só tinha notícias dela através de conversas com outras pessoas e, sinceramente, isso me deixava puto da vida. Cheguei até a pensar que tinha conhecido alguém e seguiu em frente. Sua indiferença afetou profundamente meu psicológico, não conseguia dormir direito por conta de pesadelos onde a via casada com outro homem, está falta de sono influenciava no trabalho e na minha vida pessoal. Parecia que tudo estava desmoronando e ela não se importava com isso, suas intenções comigo eram mentirosas. Vivo meus dias como um zumbi, agoniado por qualquer mísera migalha dela mesmo sabendo que não merece minha preocupação. Com Sarah, as brigas eram frequentes, tudo porque não tínhamos mais uma vida de casal e era tudo culpa minha já que nem a beijava mais, na minha consciência era como se eu traísse minha menina. Conversamos sobre uma segunda chance antes da viagem de ano novo e Sarah parecia aliviada que Alice não estivesse presente e eu torcia para que conseguisse voltar a minha antiga vida em paz. Acontece que o destino as vezes é cruel e não me deu um dia de sossêgo antes das ligações começarem. Passei a receber atualizações diárias de minha irmã sobre as peripécias da Alice, contava como estava rodeada de garotos bonitos e que tinha visto ela aos beijos com alguns deles. Meu humor foi do tranquilo para colérico em minutos e assim passei a semana. Todos comentavam sobre a mudança do meu comportamento após a ligação o que os deixava confusos do motivo, obviamente não poderia ser sincero e revelar que a razão era o ciúmes desproporcional que sentia da minha sobrinha. No terceiro dia de tormenta, Rodrigo me chama para conversar e não me espanto por tocar no assunto da Alice, já desconfiava que sabia sobre nós. Ele conta sobre seu relacionamento com Natália, o que também já suspeitava mas mesmo assim escuto em silêncio sua história. Quando termina, me consola por entender minha situação e, preciso tanto desabafar que despejei todos os meus sentimentos, sem reservar nada. Sua postura solidária me deu um certo ânimo, enfim poderia falar disso com alguém. Num quiosque a beira mar conversamos sobre meu comportamento quando a afastei e expliquei que fiz isso por conta das palavras de repreensão da minha mãe, que sempre rondavam e me atormentar quando avançavamos demais nosso relacionamento. Isto parece que o ajudou a compreender melhor os motivos porque fiz aquilo mas mesmo assim brigou comigo por conta do que fiz sua amiga passar. Nunca quis magoa-la, muito pelo contrário mas expliquei para ele que meu caso era extremamente delicado e não podia sair metendo os pés pelas mãos porque só causaria mais sofrimentos para todo mundo. Ele estava comigo quando recebi outra chamada de minha irmã para contar do dia de minha sobrinha, me ajudou com a agonia de ter que ouvir aquilo em silêncio, sem poder questionar nada. Perguntou se eu gostaria que ele falasse com Alice para não fazer mais isso mas neguei, precisava daquilo para entender que tudo tinha acabado e precisava seguir em frente. Rodrigo aceita meu pedido mas avisa que era só pedir, que ligaria. Ao final daquele dia, começamos uma amizade que trouxe um pouco de alívio para os dias que se seguiram. No dia da virada do ano, estava especialmente melancólico, a saudade que sentia dela estava doendo demais.  Ansiava sentir sua pele macia em minhas mãos, admirar sua beleza de menina-mulher e me perder num beijo apaixonado de sua boca perfeita. Por estar tão triste usei a bebida para adormecer os sentimentos e assim silenciar meu coração. Participo das conversas mas não estou com a mente presente. Sarah estava numa festa na casa de uma amiga que encontrou na praia e disse que voltaria até meia noite, mas isso não me importava quem eu queria de verdade não estava aqui, provavelmente estivesse nos braços de outro cara. O pensamento me atormenta, meu semblante muda para irritado e permaneço assim o resto do tempo. Mesmo depois da contagem, com Sarah fazendo juras de amor ao meu lado não consigo me acalmar. Ela por fim desiste de falar comigo e sai pisando duro gritando que ficaria com a amiga o resto dos dias, foi um alívio vê-la me deixando em paz. Enquanto caçava uma bebida, escuto o nome da minha mulher sendo chamado, isso me deixa alerta e a procuro desesperado, quando acho a pessoa que falava com ela, descubro que era Natália numa chamada. Estava tão entretida que só percebe minha presença quando toco seu braço, a assustando. Pergunto se estava falando com minha mulher e aviso que precisava dar uma palavrinha com ela, Natália tenta esconder o celular mas acabo por pegá-lo com facilidade. Com raiva, a cumprimento debochado. A sua cara de pau ao me saudar e ainda desejar feliz ano novo era impressionante, tanto que ironizo sobre minha falta de educação ao não felicita-la pela virada do ano. Ao meu lado, Natália não para de brigar comigo, dizendo queria seu telefone de volta e uma monte de baboseiras que não prestava atenção. Com a feição fechada, mando ela sair dali avisando que voltava logo. Minha atenção volta para a mulher que me atormenta e resolvo questionar sobre como estavam passando estes dias, sua voz atraente confirma o que já suspeitava ao dizer que tudo estava ótimo e ainda tem a descaratez de perguntar como estavam os meus, sua maldade me espanta tanto que respondo com sarcasmo a respeito da maravilha de ouvir sobre seus beijos com outros rapazes, realçando o fato de que eram lindos, como dizia minha irmã, obviamente a mando dessa diaba. Me assusto ao ser questionado como resposta sobre o que deveria fazer e fico mudo. Volta a atacar dizendo que não vai ficar esperando e isto faz com que fique possesso e a rebato dizendo que está situação também não me agradava, que queria pegar ela e sumir dali. Informo meu sofrimento sobre ter de saber dela beijando outros que não fossem eu. De novo me pergunta o que eu espero dela e novamente me calo, queria dizer que espero tudo, espero que ela se case comigo, faça um filho comigo e viva junto a mim para o resto da vida mas as palavras travam na garanta. Respiro fundo, para criar coragem e revelar meus sentimentos mas ela me interrompe, avisando que alguém se aproximava e diz que precisa desligar. Frustado, aviso que está conversa não acabou e me despeço. Agora, já fomos muito longe para volta atrás, ela é minha, somente minha e vou pegar ela pra mim. Sinto um sabor agridoce ao me lembra de todos esses momentos mas, não tenho mais dúvidas do que quero pra minha vida. Depois de falar com meus pais, seria a vez de conversar com minha irmã e seu marido. Perdido em pensamentos não percebo o tempo passar, estou quase chegando em casa quando meu celular toca, nervoso olho o visor e o desânimo se instala ao ver o nome da Natalia. Paro o carro algumas quadras antes para atender.

- Alô?. Meu tom é cauteloso, aguardando a bronca.

- Oi Pedro, tudo bem?. Sua voz não parece tão irritada e isso me dá esperanças.

- Seria falso da minha parte dizer que está. Respondo com sinceridade.

- É, o senhor andou aprontando novamente, né?. Até o Rodrigo esta bravo contigo. Afirma o óbvio.

- Pois é... Me resumo a concordar.

- Sabe tio, eu também estava muito brava com o senhor mas ao conversar com o Rô, uma coisa me chamou a atenção. Você disse que entendeu o comportamento da Alice como o de alguém que não estava pronta para lutar pelo relacionamento de vocês e foi por isso ficou daquele jeito, além claro do susto que que a ligação causou. Afirma ao mesmo tempo que parece pedir uma confirmação.

- Sim, foi o que me pareceu. Digo relembrando de como se afastou com facilidade.

- Olha, vocês dois tem um sério problema de comunicação. Sério mesmo pois ela achou a mesma coisa, disse que você não parece estar determinado em seguir com o relacionamento. Escuto incrédulo sua opinião.

- Mas como não?. Nós fizemos amor, me entreguei de corpo e alma para ela. Mostrei que sou só dela, que nossa conexão é única. Me declarei, abri meu coração. Falo desesperado.

- Então porque falou aquilo?. Porque a chamou de vagabunda?. Questiona seriamente.

- Por que não suportei a maneira como se afastou de mim. Fiquei magoado e acabei descontando nela antes que fizesse algo para me deixar mais pra baixo. Este último ano foi terrível pra mim. Estou em crise no meu casamento, tendo dificuldades no trabalho, não sei mais quem eu sou por causa dela e mesmo assim ela me afasta, me deixa bloqueado como se não quisesse mais saber de mim. Não consigo controlar a dor que me corta quando ela me exclui assim. Revelo com a voz embargada, estava a ponto de chorar.

- Nossa, vocês precisam conversar. Estão se matando por causa de bobagens. Opina calmamente.

- Ela me mantém bloqueado, como faço para falar?. Se quisesse comunicar-se comigo não faria isso. Rebato chateado.

- Eu vou tentar falar com ela. Você acha que podem vir até meu apartamento amanhã?. Fala depois de suspirar pesadamente.

- Por ela, eu vou em qualquer lugar. Só me fala a hora e o endereço certinho. Confirmo sem pestanejar.

- Deixa eu falar com ela e já te retorno Pedro, tchau. Se despede.

- Aguardo ansiosamente. Afirmo e desligo a chamada.

Aguardo mais de trinta minutos sentado no banco do carro, enquanto encaro meu celular. Assim que o primeiro toque ecoa no ambiente, já aceito a ligação.

- E aí, o que ela falou?. Pergunto temeroso.

- Ela concordou. Então, disse que chegará aqui por volta das dez horas. Avisa entusiasmada, meu coração salta no peito de emoção.

- Mal posso esperar para vê-la. Já estou morrendo de saudades dela. Assumo.

- Nossa... Que meloso tio. Brinca.

- Meloso mesmo, quero colar nela e nunca mais soltar. Falo apaixonado.

- Ahh que fofo. Comenta.


- Bom, amanhã nos falamos. Preciso enfrentar a fera aqui. Me despeço pronto para enfrentar uma briga, ainda mais porque amanhã iria sair de novo e não poderia dar muitas explicações.


- Até amanhã tio, boa sorte. Zoa e desliga.

Sorrio com a possibilidade de nos acertamos amanhã. Quero formalizar nosso relacionamento de uma vez.



Você é meu, TitioOnde histórias criam vida. Descubra agora