6º Ano

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Pedro

Você já se sentiu tão eufórico, que seu corpo chega a vibrar?. 

Já passou o tempo todo olhando para o relógio, esperando que as horas passem mais rápido?

Seu coração já bateu tão apressadamente, por conta de uma pessoa?

Seu sorriso já ficou tão largo, que suas bochechas chegaram a doer?

Já desejou se fundir no abraço de alguém e, nunca mais soltar?

Os quilômetros que estou percorrendo estão me levando de volta para meu lar, estou em uma corrida para me reencontrar.

Meu coração...

Minha alma...

Minha vida...

Alice.

...

Os dias longe dela foram sombrios, melancólicos. Cumpri meu acordo e permaneci afastado, foram longos meses sem contato algum com minha menina e, sinceramente, achei que não iria sobreviver. A única coisa que me trouxe um pouco de sanidade foi o trabalho, no qual me joguei de cabeça e nele encontrei a distração necessária para não cometer nenhuma loucura, pois trabalhava todos os dias até o esgotamento. Permaneci casado com Sarah apenas no papel, foi necessário para evitar algum atrito com meu pai, que poderia desencadear algum problema para Alice. Fazíamos algumas viagens à titulo de aparências mas, não passávamos o tempo juntos, era apenas um disfarce. Convence-la de me ajudar nisso apenas precisou de que disponibiliza-se um cartão para seus luxos e estava livre de suas importunações sobre voltarmos a ficar juntos. Meu único momento de fuga era encontrá-las em meus sonhos onde, todas as noites me trazia de volta a vida, podia sentir meu coração bater novamente apenas por sentir a conexão que ligava nossos corpos ali, me puxando para ela, a dona do meu ser.

...

Assim que avisto o portão onde estava hospedada nossa família, sinto um arrepio de antecipação percorrer minha espinha. Um sorriso esperançoso nascia em meus lábios e involuntariamente acelero o carro acabar logo com a distância que me separava dela. Ao meu lado Sarah estava incomodada, sabia que seria a última vez que viajaria comigo e então, tudo estaria acabado. Buzino e aguardo liberarem minha entrada, demora um pouco mas logo observo o portão começar a subir, estava cada vez mais próximo de encontrá-la. Estaciono numa vaga qualquer, desço do carro e alongo o corpo cansado pelas horas de viagem sem descanso, já que vim direto do aeroporto para cá. Avisto rapidamente meus pais ou vigias, vindo em nossa direção. Antes eu os receberia com sorrisos, beijos e abraços mas, não existe mais essa vontade em mim, portanto os cumprimento com acenos e meios sorrisos. 

- Que saudade meu filho. Fala minha mãe, sem saber como se portar.

- Sim, muita saudade... Respondo mas todos ali sabiam de quem me referia.

- Posso dar uma palavrinha com meu filho?. Pergunta meu pai para as mulheres que não sabiam para onde olhar, estavam visivelmente desconfortáveis.

- Claro. Respondem ambas e cada uma sai em um direção, minha mãe volta para a casa e Sarah segue para o quarto, as duas cabisbaixas.

- Sua mãe realmente sentiu sua falta Pedro, seu silêncio doeu demais nela. Comenta meu pai numa reprimenda.

- Eu também sofri nesses meses mas, isso não importa, não é?. Questiono com amargura.

- Filho, você está transformando essa situação em algo maior do que é. Culpar seus pais por evitarem que cometa um erro, é coisa de adolescente e não de um homem experiente. Argumenta sem muita paciência.

- Quem está fazendo isso é você, não eu. Rebato rudemente.

- Filho, ela é sua sobrinha, não sou eu que estou criando um problema. Diz cansado.

- Eu estou ciente disso só que, não é uma relação abusiva, nem entre um adulto e uma menor. É algo consensual, entre duas pessoas maiores de idade que, por um acaso do destino, são parentes e que descobriram o amor. Tento explicar.

- Jesus, tenha misericórdia. Fala enquanto esfrega as mãos pelo rosto, derrotado.

- Pai, meus sentimentos não são um capricho e nem os da Alice. Não estou pedindo a benção de ninguém, só que nos distanciar não vai mudar o sentimento que bate no meu peito por ela. Nós temos uma conexão única e, tentar fugir disso será infrutífero e doloroso para ambos. Digo com os olhos cheios de lágrimas.

- Eu amo a Alice, ela é a razão pela qual meu coração bate. Não vejo meu futuro sem ela, a quero como minha esposa e mãe dos meus filhos, seja do jeito que for melhor para ela. Exponho minha alma para ele.

- Nossa filho, eu não sei o que dizer. Espero, sinceramente, que você esteja pronto para o que vão passar. Não posso dar minha aprovação mas, vou respeitar sua decisão. Fala antes de me dar um abraço carinhoso.

- Estou pronto para enfrentar tudo por ela pois, vale a pena. Aviso, me separando do seu abraço e dando tapinhas nas suas costas.

Volto para o carro e pego minha mala, vejo mamãe vindo e aguardo sua chegada. 

- Espero que tenham se entendido. Fala sondando.

- Acredito que sim, pelo menos dessa vez me deixou falar. Falo esperançoso.

- Esses meses foram difíceis. Comenta com pesar.

- Sim mãe, foram os piores meses da minha vida. Concordo, lembrando da agonia de ficar longe dela e de minha familia.

- A Alice não é mais a mesma. Nunca mais a vi sorrir, ela sofreu muito com sua ausência. Fala com lágrimas escorrendo de seus olhos. Eu já suspeitava que sofreria, por isso fugi de todos aqueles que poderiam me contar de sua vida portanto, ouvir isso me fez sentir uma dor alucinante no peito, uma mistura de raiva e tristeza. A verdade é que se ouvisse qualquer menção ao seu sofrimento, voltaria na mesma hora.

- Onde ela está?. Pergunto olhando ao redor, limpando minhas próprias lágrimas.

- Ainda não chegaram. Avisa, envolvendo seus braços pela minha cintura e apoiando a cabeça no meu peito.

- Não a faça sofrer mais meu filho. Pede com a voz triste.

Nunca mais, darei à ela todo o amor que existe em mim...

Nada nem ninguém mudará o nosso destino...

Você é meu, TitioOnde histórias criam vida. Descubra agora