Sabe o que está fazendo...

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__ Porque não se junta ao pessoal?__ Dionísio perguntou.

__ Melhor não!__ Vi de longe Gregg sorri com os amigos.__ Deixa o Gregg matar a saudade. Além do mais, eu e ele somos muito diferentes quanto a isso. Eu não consigo me acostumar com a idéia de muitas pessoas ao meu redor gargalhando, falando alto. Eu tenho dificuldade em fazer amigos, me entende?

__ Completamente. Eu sou um adepto a poucos amigos, silêncio...somos iguais.__ Ele sorriu sem mostrar os dentes.

__ O que acha de uma partida de xadrez camarada? Vi que o senhor tem um tabuleiro.

Seu Dionísio sorriu. Passamos horas ali, jogando xadrez.

Gregg estava feliz em rever a família, os primos e amigos, e as vezes eu me sentia um pouco só. Afinal eu não conhecia ninguém da minha idade, não conseguia fazer amigos da minha idade, e quase nunca Gregg estava comigo ou me chamava para fazer algo.

Eu fui esquecida.

__ O que você tem?__ Ele perguntou enquanto eu olhava o lindo céu azul.

__ Nada.__ Sorri sem graça.__ Estou bem.

__ Vou ir jogar bola com o pessoal tá! Te vejo mais tarde.

__ Tudo bem.__ Abracei Lia que dormía em meus braços.

Gregg saiu com os amigos e demorou a voltar, dona Clarissa disse que era sempre assim quando ele saia para jogar bola. Demorava para voltar.

Tudo bem, eu gosto de futebol, e em São Paulo ele quase nunca fazia isso. Então, vou deixa-lo em paz, é as férias dele.

***

O natal estava próximo, haveria ceia e troca de presentes do amigo oculto.

__ Eu vou ganhar um unicolnio?__ La vem essa história do unicórnio de novo.

__ Não Lia, você não vai ganhar um unicórnio de verdade, porque eles não existem aqui na terra. Só no mundo mágico.

__ Tudo bem...__ Ela parecia triste.

__ Mas eu prometo dar um jeito, tá!? Não sei como, mas vou tentar.

__ Debbie, polque o Glegg não fica tanto com você? Ele não te ama mais?__ Se até Lia percebeu...

__ Ele só está matando a saudade dos amigos. Só isso.

__ Tá! Eu vou ligar pala o Macco. Tô com saudade.

__ Vai lá!

Quando a noite do natal chegou, arrumei as meninas e fui banhar-me. Dona Clarissa levou Cloe para baixo, já que Lia estava ao telefone conversando com o pirralho do Marcco.

Olhei-me no espelho e continuei a trançar meu cabelo. Vesti a roupa para a ceia de natal e desci com Lia assim que ela terminou de falar com Marcco.

Cloe estava linda com seu vestidinho vermelho, seu cabelo estava maior e lindo, combinava perfeitamente com seus lindos olhos verdes...

__ Mamãe...__ Ela correu para mim com as suas passadas desengonçadas.

__ O que foi meu amor?

__ Quelo vevete.

__ Sorvete agora não! Vai sujar todo o vestido. Você  quer ganhar presente, não quer?

__ Quelo.

__ Ótimo. Vamos sentar ali com o seu bisavô.

__ Vovô Diniso...

__ Isso aí! É o seu avô.

Pouco depois das dez da noite, a casa de dona Clarissa estava cheia de parentes e amigos, e pelo visto, eu e Lia éramos as intrusas, eu não me sentia muito bem, afinal, além de dona Clarissa e seu Dionísio, mas ninguém se importava com a presença das irmãs Alves.

Assim que as garotas dormiram, pus elas na cama e voltei. Iria começar o amigo oculto, e estava arrependida por participar.

__ A minha amiga oculta, é uma garota que considero e acho uma pessoa muito inteligente. Foi uma das poucas pessoas a ganhar três partidas de xadrez para mim sem que eu realmente deixasse. É,  ela é boa nisso. Bom, ela conseguiu ajuizar o Gregg.__ Seu Dionísio riu para mim envergonhado.__ Deborah.

__ Obrigado.__ O abracei forte, ele é um bom homem.

Havia um lindo vestido preto para festas, ele era quatro dedos acima dos joelhos, decotado nas costas e dava uma valorizda na cintura.

As pessoas me encaravam, e quase que tive um ataque de pânico.

__ Bom...É...eu não sei muito o que falar, as qualidades. Mas eu gosto como essa pessoa sorri, eu acho ela simpática e engraçada. Camila.__ Ela levantou animada.

__ Obrigado Debbie.

A abracei e voltei ao meu lugar. As pessoas estavam animadas com seus presentes e conversavam animadamente entre sí, e eu mais uma vez, estava deslocada.

Fui até a cozinha para beber água, hora de dormir né!?

__ Porque não está lá com os outros?__ Dona Clarissa perguntou.

__ Eu acho que vou dormir, estou cansada.

__ Você vai dormir por estar cansada? Ou por não conseguir se habituar e  Gregg ter deixado-a de lado nesses dias.__ Olhei para meu copo de água.

__ Eu não consigo me habituar com as pessoas. Tenho problemas em fazer amizades, eu simplesmente não consigo ser como o Gregg, eu não gosto de barulhos, muitas gargalhadas...eu não consigo me concentrar.__ Vi Gregg conversando animadamente com os amigos.__ E me sentí excluida sim.

__ Porque você não conversa com o Gregg, fala o que sente!

__ Não! Gregg já tem trinta e cinco dona Clarissa, não é mais uma criança, ele como delegado deveria notar as coisas, mesmo que não quisesse nota-las. Creía,  Gregg sabe muito bem o que está fazendo.__ Sorri sem graça.__ Vou me deitar, desculpe-me por qualquer incômodo.

Me despedi de todos e subí para o quarto, troquei de roupa e escovei os dentes. Vi mensagens de Cláudia e Kath me desejando feliz natal, mandei uma mensagem de volta para cada uma e me deitei.

Naquela noite, o calor estava mais intenso. Então não me enrolei. Não pensei muito nas coisas que vinham acontecendo, fui me deixando vencer pelo sono. Ouvi a porta do quarto se abrí, fechei os olhos e fingí estar dormindo.

O perfume de Gregg é inconfundível, ele sentou na cama e me observou por alguns segundos. Tirou a camisa e a calça e devagarzinho, se deitou na cama me puxando para perto.

__ Me desculpe.__ Ele sussurrou.__ Eu te amo, não foi minha intenção deixar você de lado.__ Ele realmente achou que eu estava dormindo.

Não falei nada, apenas continuei do jeito que estava. Não queria conversar naquela hora, queria apenas descansar, se ele quiser a gente pode conversar amanhã.

Lee Fernandes...Continúa...

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Delegado Bettencourt - Volume 2Onde histórias criam vida. Descubra agora