Capítulo 8

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-Hoje vou lhe contar sobre a história do primeiro práxi que teve suas memórias gravadas – Disse Sonya Daynor, após eu ter me sentado no sofá vermelho de sua “sala da fumaça” (que eu assim batizei secretamente  por sempre ter um forte cheiro de incenso)

Então Sonya atravessou suas mãos no objeto não identificado (Parecido com negócios de "ver o futuro" em filmes) que havia em cima da mesa de centro com as duas mãos, e fechou os olhos. Imediatamente começaram a aparecer imagens no objeto, que tinha formato de globo.

-Coloque suas mãos no globo de visões  e feche os olhos – disse Sonya para mim.

Supus que o objeto não identificado seria o globo das visões, então coloquei minhas duas mãos nele. Assim que fechei os olhos, tomei um susto, pois pareço ter sido transportada para um mundo completamente novo.

Eu estava na cozinha de uma casa. Tinha uma mesa e cadeiras de madeira. Não tinha sinal de qualquer aparelho tecnológico, ao  invés disso, possuía aparelhos movidos a carvão. Tinha alguns candelabros nas paredes. Provavelmente,  estávamos em algum lugar do tempo que ainda não existia nenhum tipo de tecnologia.
Eu estou sentada em um banco de madeira presente nessa cozinha.  Ao olhar para o meu corpo, percebo que não é o meu corpo, e sim o corpo de um homem jovem, mas eu não tenho qualquer controle sobre este, apenas conseguia observar seu ponto de vista

- Estou ciente de que o que digo é verídico, tio, mas eles nunca hão de acreditar - Diz o garoto, dono do corpo, julguei que ele tivesse uns 18 anos, e a sua linguagem rebuscada confirmou minhas suspeitas de ser uma época antiga. Ele stava conversando com um homem muito mais velho que ele. Fico surpresa ao perceber que ao olhar para o tio do menino, imediatamente o reconheço como um espírito. O menino pega uma maçã, em cima da mesa e dá nela uma enorme mordia, ele parecia estressado.

- Eles hão de acreditar, tu és o único filho que lhes possui, Zeidon

- Não é como se isso lhes importasse – Zeidon diz amargurado. – Eles pensam que padeci à loucura

Alguns segundos depois, um cachorro entra pela porta da cozinha. Ele anda até Zeidon e coloca as patas dianteiras em sua perna.
Então Zeidon olha para baixo e começa a olhar fixamente nos olhos do cachorro. Ele faz isso por alguns segundos, até que diz com uma voz completamente sem emoção.

- Estão a mandar-me para uma Manicômio
.
- Zeidon era zoopata – Escuto a voz de Sonya vindo de alguém lugar – O poder dele era ler a mente dos animais

Não sabia que já existiam manicômios/ clínicas psiquiátricas a tanto tempo atrás. Provavelmente só estava disponível para famílias muito ricas.

O tio dele parece estar chocado, agora o cachorrinho estava deitado aos pés do garoto, que parecia muito triste.
Um segundo depois, pareço ter sido transportada para um lugar completamente diferente, imagino se é assim quando Matheus se teletransporta.
Agora estou dentro de uma carruagem puxada a cavalos. A carruagem logo chega em frente à um lugar cheio de árvores, como um pátio bem grande, pertencente a um enorme prédio, tinha escrito em sua frente “manicômio”.

Ao meu lado, tem um homem e uma mulher, que deveriam ser seu pai e sua mãe. Fico surpresa ao perceber que consigo escutar os pensamentos de Zeidon. Não são nem um pouco agradáveis.

Percebo que ele está amarrado com cordas na carruagem. A mulher desce da carruagem primeiro, e vai para dentro do hospital, dentro de um minuto, volta com dois homens altos com aparência forte.
Eles vão direto até a carruagem e começam a desamarrar Zeidon da carruagem.
Zeidon se debatia e gritava :

- EU NÃO QUERO IR, EU NÃO ESTOU LOUCO.

Seus pais o olhavam com pena, mas não pareciam querer voltar atrás.
Apesar de se debater incansavelmente, os homens conseguem segurar Zeidon, e o carregam para dentro do hospital psiquiátrico, eles não estampavam o menor sinal de expressão facial. Agora estou em uma espécie de refeitório. Zeidon está comendo sopa em uma tigela de barro em uma mesa grande, com muitas outras pessoas ( que não pareciam ser muito mentalmente normais). Seu tio sentava-se à sua frente.

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