Capítulo 18

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" Estava no shopping, e Matheus estava ao meu lado, estavamos sentados diante à uma linda fontezinha de água.

— Oi — Ele disse com um sorrisinho.

Seu cabelo ele estava um pouquinho mais bagunçado que o normal, estando mais lindo que o normal, usando preto, como sempre. Apesar de ele ficar lindo de preto, desejei que ele usasse outra cor, apenas para saber que ele se sentia feliz o suficiente para isso.

— Oi — Respondi

Ele pegou minha mão e me puxou para um pouco mais perto dele. Sua mão tinha um toque um pouco aspero e firme. Estando perto dele, pude finalmente sentir seu cheiro. Era um cheiro gostoso de sabonete, como se ele estivesse acabado de sair do banho.

Não tinham muitas pessoas no shopping, só algumas em alguns restaurantes.

— Comprei para você — Ele diz estendendo um sorvete de morango para mim, que ele tirou de não sei onde, mas quem se importa? Era um sonho.

Apareceu também um sorvete verde, que eu supus ser de menta, e ele começou a comer.

— Obrigada — Eu disse, pegando o sorvete, como ele sabia que era o meu sabor favorito?

Enquanto eu tomava o sorvete, que estava delicioso, Matheus me puxou pela cintura para ainda mais perto dele. Normalmente eu ficaria extremamente incomodada com esse tipo de aproximação, mas não com ele, com ele tudo era diferente.

Encostei minha cabeça sobre seu peito, me senti muito segura envolvida por seus braços musculosos. Após alguns minutos naquela posição, ele desfez o abraço e me olhou, em seguida deu um sorrisinho.

— Você se melou de sorvete, Aly — Ele disse olhando para só um pouco abaixo da minha boca — Que pena, não tem guardanapo.

Fui passar a mão para limpar, mas ele segurou-a.

— Deixa que eu limpo — Ele disse com um sorrisinho ousado.

Meu coração acelerou muito, mas eu não o impedi. Matheus se aproximou e limpou com a própria boca, em uma mistura de beijo com uma leve sucção, sua boca ainda estava fria por causa do sorvete. Quando decidiu que já estava limpo, ele se afastou vagarosamente, mas só alguns centímetros.

— Não tinha nada sujo — Ele sussurrou em meu ouvido como se estivesse me contando um obscuro segredo.

Ele se afastou um pouco e olhou fixamente para os meus lábios enquanto afastava uma mecha do meu cabelo que estava em meu rosto e o prendia atrás da minha orelha.

Ele então desviou o olhar de meus lábios e o fixou em meus olhos por algum segundos. Encarei aquilo como um pedido silencioso de "posso te beijar?". Dei um sorrisinho em resposta, ele deu uma mordidinha rápida em seu lábio inferior enquanto lançava um olhar repleto de desejo para os meus lábios e ele foi se aproximando devagar do meu rosto.

Ele transferiu uma das mãos para o meu rosto e o acariciou delicadamente com o seu polegar. Sua outra mão estava em minha cintura, e ele a usava para me puxar levemente para ainda mais perto dele. Nunca havia me sentido tão segura. Seu rosto estava cada vez mais próximo, cada segundo de espera aumentava ainda mais minha ansiedade para sentir o sabor de sua boca, mas antes que eu pudesse fazê-lo, ambos nos viramos ao escutar um barulho.

— Matheus! — Um homem grita enfurecido.

Olho para a origem do grito. É um homem de meia idade parado a mais ou menos 10 metros de nós. Ele tem o cabelo loiro grisalho e algumas rugas pelo rosto.

— Pai? O que você está fazendo aqui? — Matheus pergunta meio desesperado. Ele fecha os olhos com força e balança a cabeça  - Saia dos meus pensamentos.

— Você matou o seu irmão — O homem diz, chegando mais perto de nós.

— Eu.... — O olhar de Matheus é de puro pânico.

— Ele era muito melhor que você — O homem grita com raiva.

— Me desculpa — Matheus diz entrando em prantos.

— Sua desculpa não vai trazer Gustavo de volta — O homem grita cada vez mais alto
Matheus cerra o punho, abraço seu braço.

— Está tudo bem — Eu digo para ele — Isso não é real.

Matheus não parece me escutar, ele parece completamente desesperado para fugir dali o mais rápido possível.

— Por favor... Eu também queria que ele estivesse aqui — Matheus diz para o homem.

O homem parece se enfurecer mais a cada palavra que sai da boca de Matheus. Ele então começa a desabotoar o cinto de sua calça.

— Você não devia ter nascido — O homem diz enfurecido — Seu irmão devia estar vivo, não você.

Matheus está em prantos. Vejo lágrimas de tristeza escorrerem por seu lindo rosto.

— Ele é fruto dos seus pensamentos, Matheus, pense em outra coisa — Eu digo entrando em desespero.

Mais lágrimas começam a rolar com mais intensidade por seu rosto.

— Eu não queria que ele morresse — Matheus diz com tristeza.

O homem já está ao nosso lado com o cinto de couro na mão.

— Tira a blusa — O homem grita com raiva para Matheus.

Matheus tira a blusa relutante. Ele está de frente para mim, e por um momento fico encantada com os músculos à mostra em seu abdomen definido e em seus braços, até que ele se vira, e a imagem angelical de seu corpo se transforma completamente.

Apesar de suas costas serem musculosas, inúmeras cicatrizes extensas a cobrem quase que por completo. Solto uma exclamação de tristeza ao ver aquilo. Sem mais delongas, o homem levanta o cinto no ar e o abaixo com força nas costas de Matheus. Ele solta um grito de dor.

— Para pai — Ele diz com lágrimas nos olhos.

  O homem levanta de novo e bate nas costas de Matheus repetidamente.

— Para com isso — Eu grito impotente, enquanto procuro alguém pelo shopping que possa faze-lo parar com aquilo, mas não há ninguém.

A cada vez que o homem bate nas costas de Matheus, este dá um grito mais alto, até que ele cai no chão, e seu pai continua batendo sem parar.

— Isso é por ter matado o seu irmão — O pai de Matheus diz furioso sem parar de bater nele.

Quando olho para as costas de Matheus, elas estão em carne viva, sangrando muito. Tudo o que eu quero é que aquele homem vá embora. Não consigo me mexer e começo a chorar em ver o sofrimento dele.

— Por favor para — Eu digo completamente impotente, e indo  para cima do pai de Matheus.

Tento usar o máximo de força que possuo para afasta-lo para longe de Matheus, mas ele nem se mexe"

Acordo me debatendo e chorando na cama me lembrando do pior sonho que já tive em minha vida, e além de ter sido terrível, foi completamente real.

Além dos CorposOnde histórias criam vida. Descubra agora