Capítulo 32

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Não sei quanto tempo fico olhando para a parede encardida do quarto, com Matheus ao meu lado. Até mesmo seu silêncio era confortável.

Após algum tempo, Amanda entra no quarto cautelosamente e se senta na cama. Ela olha para a parede para a qual eu olhava.

— Nós podemos decorar o quarto do jeito que você quiser — Ela tem um tom consolador.

Eu não estava pensando na decoração do quarto e não me senti incomodada por ele ser mais simples do que o meu costumava ser, mas assenti com a cabeça. Estava agindo no modo automático, não conseguia pensar naquele momento.

— Nós vamos ficar aqui por muito tempo? — Eu pergunto baixo.

Ela dá um suspiro profundo.

— É provável que sim.

—Quanto tempo?

— Não posso saber.

Ficar longe de casa por um tempo indeterminado para fugir de antipráxis me pareceu detestável.

— E minha escola? Meu pai? Meus amigos? Não vou poder falar com eles e avisa-los onde estou?

Ela tinha um olhar triste e preocupado

— Não, minha querida

— Não podemos denuncia-los para que a polícia os prenda?

— Eles com certeza tem contato com outros antipráxis, se mandarmos prendê-los, vão vir outros atrás de nós.

Assinto com a cabeça.

— Obrigada Amanda — Eu digo —Muito obrigada por salvar minha vida.

Ela dá um sorriso triste e nos abraçamos por um tempo, em seguida ela vai para a sala e continua arrumando algumas coisas.

Matheus olha em meus olhos com tristeza. Ele não precisa falar as genéricas palavras 'eu sinto muito' para saber que ele sente. Estou agradecida por ter ele ali comigo. Passo o dia inteiro daquele jeito, e Matheus fica ao meu lado, sendo o meu porto seguro.

Ele fica ao meu lado a noite inteira, sua presença me conforta muito, mas eu não consegui dormir.

No meio da noite, Matheus estava sentado em meu colchão olhando para a parede.

— Matheus? — Eu chamo.

Ele olha para mim, e mesmo no escuro consigo ver o brilho de seus olhos. Ele tem um olhar preocupado e me observa com atenção.

— Sim? — Ele pergunta em voz baixa

— Obrigada por ficar ao meu lado — Eu digo, pensando em quão bem ele estava me fazendo.

— É o único lugar onde eu quero estar — Ele diz com simplicidade.

Ele aproxima seu rosto do meu e eu quase posso sentir seu beijo em minha testa.

— Sabe, depois que o Gustavo morreu, pensei ser completamente incapaz de amar qualquer pessoa novamente. Comecei a ficar com várias garotas para me distrair. Mas depois que te conheci, o conceito de amor foi refeito em meu cerébro, e eu mudei minha forma de ver as coisas — Ele tinha um olhar triste.

Aquelas palavras me aqueceram como um gostoso cobertor.

— Você é meu porto seguro — Eu digo baixinho.

Ficamos mais algum tempo em um silêncio preenchedor, até que ele olha para mim com desespero.

— Estou sendo levado para o paraíso — Ele fala repentinamente.

Além dos CorposOnde histórias criam vida. Descubra agora