Capítulo 28

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— Como você pode não ter nos contado sobre ser práxi? — Maya pergunta, quando eu, ela e Mellie ficamos sozinhas.

— Desculpem, eu pensei que vocês me achariam louca e não acreditariam em mim.

— Por que não acreditariamos? — Maya pergunta.

Dou de ombros.

— Você viu o espírito da sua mãe? — Mellie pergunta.

Balanço a cabeça.

— Ela não está mais entre nós.

Ela olha para mim confusa.

—Achei que esse fosse o ponto disso, ver pessoas mortas.

Eu rio.

— O espírito dela já foi descansar em outro lugar, não posso mais me comunicar com ela

— Ah — Ela diz com tom de voz compreensivo e delicado — E quem você está vendo então?

Eu gelo um pouco.

— Matheus Castellan — Eu digo, e meu coração dá diversos saltos assim que digo seu nome.

— Você é tão sortuda — Mellie diz com tom sonhador — Ele era tão bonito, queria poder vê-lo também.

Acho que não consigo disfarçar minha irritação com suas palavras, pois ela pergunta:

— Por que está irritada? — Ela tem uma cara confusa, então ela arregala os olhos — Você gosta dele?

Maya olha para mim ansiosamente esperando uma resposta. Eu fico indecisa com o que responder. Se eu admitisse que gosto dele, talvez meu sentimento aumentasse ainda mais, mas não conseguiria mentir com elas me olhando daquele jeito. Dou um suspiro profundo e concordo com a cabeça.

—Você está gostando de alguém, finalmente — Maya diz emocionada quase gritando.

— Ele está morto — Eu digo baixo  — Não é como se o fato de eu gostar dele fosse uma coisa boa.

Elas me olham com compreensão.

—E Erick? -— Mellie pergunta.

—Erick é legal — Eu digo me sentindo culpada — Eu estou ficando com ele para....bem, para tentar esquecer Matheus.

—Está funcionando? —Maya pergunta.

Nego com a cabeça. A cada contato com Erick, eu apenas me lembrava ainda mais de Matheus.

Elas me abraçam.

— Não te julgo, se eu pudesse vê-lo o tempo inteiro, provavelmente me apaixonaria por ele também — Mellie diz com tom sonhador, e novamente, não consigo disfarçar meu olhar irritado em sua direção —Desculpa.

Me senti mais relaxada ao contar tudo para elas.

Depois da aula, fui na casa de Allan. A matemática não havia sido tão interessante, mas isso não era novidade. Como habitual, o dálmata dele me cheirou, lambeu e latiu, e dessa vez eu sorri.

Não havia visto Sr. Perniz, mas ele apareceu para falar comigo quando eu já estava fora da casa pegando minha bicicleta para ir embora.

—Alyssa — Ele me chamou aparecendo na porta com pressa.

—Oi, Sr. Perniz.

Ele acena e olha para mim desconcertado.

— Posso falar você? — Ele pergunta.

Assinto com estranheza, solto minha bicicleta de novo e me aproximo da porta, devagar.

—O que foi? — Pergunto, curiosa.

Além dos CorposOnde histórias criam vida. Descubra agora