— Como você pode não ter nos contado sobre ser práxi? — Maya pergunta, quando eu, ela e Mellie ficamos sozinhas.
— Desculpem, eu pensei que vocês me achariam louca e não acreditariam em mim.
— Por que não acreditariamos? — Maya pergunta.
Dou de ombros.
— Você viu o espírito da sua mãe? — Mellie pergunta.
Balanço a cabeça.
— Ela não está mais entre nós.
Ela olha para mim confusa.
—Achei que esse fosse o ponto disso, ver pessoas mortas.
Eu rio.
— O espírito dela já foi descansar em outro lugar, não posso mais me comunicar com ela
— Ah — Ela diz com tom de voz compreensivo e delicado — E quem você está vendo então?
Eu gelo um pouco.
— Matheus Castellan — Eu digo, e meu coração dá diversos saltos assim que digo seu nome.
— Você é tão sortuda — Mellie diz com tom sonhador — Ele era tão bonito, queria poder vê-lo também.
Acho que não consigo disfarçar minha irritação com suas palavras, pois ela pergunta:
— Por que está irritada? — Ela tem uma cara confusa, então ela arregala os olhos — Você gosta dele?
Maya olha para mim ansiosamente esperando uma resposta. Eu fico indecisa com o que responder. Se eu admitisse que gosto dele, talvez meu sentimento aumentasse ainda mais, mas não conseguiria mentir com elas me olhando daquele jeito. Dou um suspiro profundo e concordo com a cabeça.
—Você está gostando de alguém, finalmente — Maya diz emocionada quase gritando.
— Ele está morto — Eu digo baixo — Não é como se o fato de eu gostar dele fosse uma coisa boa.
Elas me olham com compreensão.
—E Erick? -— Mellie pergunta.
—Erick é legal — Eu digo me sentindo culpada — Eu estou ficando com ele para....bem, para tentar esquecer Matheus.
—Está funcionando? —Maya pergunta.
Nego com a cabeça. A cada contato com Erick, eu apenas me lembrava ainda mais de Matheus.
Elas me abraçam.
— Não te julgo, se eu pudesse vê-lo o tempo inteiro, provavelmente me apaixonaria por ele também — Mellie diz com tom sonhador, e novamente, não consigo disfarçar meu olhar irritado em sua direção —Desculpa.
Me senti mais relaxada ao contar tudo para elas.
Depois da aula, fui na casa de Allan. A matemática não havia sido tão interessante, mas isso não era novidade. Como habitual, o dálmata dele me cheirou, lambeu e latiu, e dessa vez eu sorri.
Não havia visto Sr. Perniz, mas ele apareceu para falar comigo quando eu já estava fora da casa pegando minha bicicleta para ir embora.
—Alyssa — Ele me chamou aparecendo na porta com pressa.
—Oi, Sr. Perniz.
Ele acena e olha para mim desconcertado.
— Posso falar você? — Ele pergunta.
Assinto com estranheza, solto minha bicicleta de novo e me aproximo da porta, devagar.
—O que foi? — Pergunto, curiosa.
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Além dos Corpos
Lãng mạnAlyssa Geller se considera uma adolescente normal, mas sua vida vira de cabeça para baixo após o suicídio trágico de Matheus Castellan. Eles não se conheciam, mas após descobrir que é uma Práxi, Alyssa forma uma amizade improvável que a faz enxergar...