Capítulo 4

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“ Eu estava andando na escola. E de repente, Allan apareceu na minha frente, apontando o dedo para mim e rindo dizendo “você devia tê-lo conhecido, você devia tê-lo conhecido, você devia tê-lo conhecido” e ele ficou repetindo essa frase muitas vezes, e a cada vez que ele a dizia, sua voz ia engrossando e ecoando na minha cabeça. Então o sonho mudou de repente.

Eu estava em uma sala completamente branca sozinha. Era uma sala fria, sem janelas ou portas, o único móvel que existia lá era um sofá branco. Sentei-me nele. Eu também estava vestida de branco. E de repente, olho para o lado, e Matheus Castellan está sentado do meu lado. Ele estava usando preto. Ele pegou a minha mão, dessa vez ele era sólido, não fumaça. Sua aparência agora era viva.

Ele me olhava profundamente, e a cor completamente cinza de seus olhos de alguma forma deixaram o momento ainda mais intenso. Já estava acostumada com olhos de cor azul, já que os meus próprios são assim, mas os dele não tinham nenhum traço de qualquer cor, senão cinza, talvez eu tenha me intimidado, por apenas um momento, com a quase que completa falta de coloração presente neles, por provavelmente terem sido os olhos mais lindos que já havia visto na vida. Além disso, eles brilhavam de um jeito mais normal do que o que eu havia presenciado no dia anterior, e sua pele tinha um tom bonito, quase bronzeado, não completamente pálido. Dessa vez, eu não sentia medo, sentia-me segura ao seu lado.

- Alyssa.... – Ele disse olhando-me profundamente nos olhos. Olhando mais de perto os olhos dele, eu apenas ficava mais impressionada com aquela cor, e percebi que ela dava um toque misterioso em seu rosto. Sua voz ecoava bastante– Eu não quero lhe fazer o mal, preciso apenas que confie em mim.

Ele continuou me encarando profundamente. Sustentei o seu olhar o tempo inteiro, apesar de ter sido extremamente tentador desvia-lo. Mesmo com o tom grave de sua voz, ela parecia bastante suave e acolhedora

- Você pode fazer isso? – Ele perguntou – Você pode confiar em mim?

Era impossível negar qualquer coisa a ele com ele me encarando daquele jeito.

- Sim- Minha voz ecoou por algum tempo, e Matheus foi desaparecendo do sonho. Logo eu estava completamente sozinha naquela sala completamente branca. Mas minha voz ainda escoava. Sim...Sim....Sim.
De repente, tudo ficou escuro, então acordei”

Olhei para o relógio, ainda eram três da manhã, mas meu sono havia desaparecido por completo. Acendi o meu abajur e me levantei. Minha boca estava muito seca, precisava beber água. Desci as escadas silenciosamente, com a ajuda de uma lanterna, até a cozinha. Bebi água com muito cuidado para não fazer barulho, seria um desastre se eu acordasse a casa inteira agora. Voltei para o quarto. E fechei a porta. Já imaginava o que me esperava por lá.

Matheus Castellan estava sentado em minha poltrona, novamente se vestindo inteiramente de preto. Ele me encarava, mas dessa vez, apesar da aparência sombria, eu não sentia medo. Ele me trouxe segurança, não sei explicar muito bem, mas ele parecia passar uma energia boa.

Bom, confesso que tomei um "pequeno" susto com ele. Afinal, eu entrei no meu quarto que estava escuro as três da manhã e encontrei um espírito vestindo preto e sentado na minha poltrona. Isso não era algo comum no meu cotidiano e esperava que não fosse se tornar.

-Bom – Ele disse me encarando do mesmo jeito que me encarava no meu sonho. Agora, mais do que antes, seus olhos me intimidavam - Precisamos conversar.

Encarei-o. Apesar da intimidação, que foi passando aos poucos, me senti segura perto dele, e achei isso muito estranho, afinal, era um espírito. Mas assenti, dando liberdade para que ele dissesse o que queria, mas antes, tranquei a porta do quarto.

- Você sabe que não está louca né? – Ele perguntou sarcasticamente.

-Hmmm. – Eu disse – Na verdade não sei.

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