Capítulo 7

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Quando eu cheguei na escola na manhã seguinte, eu ainda não conseguia tirar aquilo da cabeça. Tudo o que Matheus me disse, será que ele havia realmente matado o seu irmão? Não sei, só sei que não faço ideia de onde ele esteja desde ontem.
Passei a aula inteira distraída pensando nisso.

- Nossa, essa coxinha está cheia de óleo, Alyssa, tem certeza de que vai comer isso? - Perguntou Cassandra olhando com nojo para a coxinha que eu tinha comprado na cantina da escola no intervalo.

Olhei para ela com um olhar debochado e dei uma mordida na coxinha, o que serviu como resposta. Estava muito gostosa, à propósito. Cassandra suspirou e deu outra mordida em sua maçã me olhando com pena. Coitada.

- Aquela garota não para de olhar para você, Alyssa! – diz Maya frustrada, sussurrando nervosa para mim

- é verdade – diz joey, que está ao seu lado, com o braço ao seu redor.

- onde? – pergunto, olhando ao redor.

- olha discretamente para trás. – sussurra Fred, que estava ao meu lado.

Esperei uns 5 segundos e olhei com a maior discrição que consegui.

Era verdade, e era  assustador. Paola Fernandez, uma garota do terceiro ano do ensino médio , estava olhando fixamente para mim. A cabeça meio abaixada, e os olhos pretos virados para cima. Encarei-a por uns cinco segundos e sorri, ela imediatamente desviou o olhar, tentando disfarçar, mas logo voltou a olhar para mim.  Ela usava a roupa preta dos pés à cabeça. Até seu batom era preto. Eu me lembrava dela por causa de algumas apresentações feitas por sua turma, mas nunca chegamos a conversar. Nós já estávamos acostumados com as pessoas olhando em nossa direção, mas dessa vez era diferente.

- que horror– diz Mellie, revirando os olhos. 

- Deve notar que já está engordando por causa da coxinha - Cassandra diz, e eu ignoro-a completamente

- Até eu estou meio assustado, nem parece uma garota  – diz Erick dando de ombros, imaginei o que a pessoa tinha que ter para que ele considerasse parecido com uma garota

- Mas relaxa amiga, ela deve só estar com inveja, por que você é bonita, popular e rica, e ela não

Revirei um pouco os olhos ao comentário de Mellie, que me fez sentir uma patricinha metida. Tentei aproveitar o intervalo normalmente, mas sempre que eu olhava para ela, ela estava me encarando daquele jeito. Comecei a me sentir muito constrangida. Pela primeira vez na vida, fiquei feliz quando o intervalo terminou

.
Assim que a aula de biologia começou, fui surpreendida (e muito surpreendida) por Matheus, que aparentemente não           consegue aparecer de um jeito que não me assuste, 

- Oi - Ele disse, um pouco menos sério que o normal - Me desculpa por ontem, tá bom? Eu me exalto, não consigo me controlar ao me lembrar do meu irmão. Tudo bem entre nós?

Escrevi um sim em meu caderno como resposta.

- Ótimo, por que preciso te dizer uma coisa. A Paola, que ficou te encarando no intervalo, não é qualquer garota. Ela quer te fazer mal

Olhei para ele com uma cara meio confusa e ele prosseguiu.

- Eu escutei ela falando com uma amiga dela que você é uma aberração, e ela tem que acabar com você.

Minha expressão passou de extremamente confusa para extremamente assustada. Acabar comigo? Sério?

"ela sabe que sou uma práxi?" escrevi no meu caderno 

- Acho que ela desconfia. Aparentemente ela estava te analisando no pátio, para ver se você é mesmo práxi ou não. Então seja mais discreta

Imediatamente apaguei com força o que eu havia acabado de escrever. "em casa coloco fogo nessa folha", pensei.

- Quando você sair, conversamos. Não é mais seguro para você conversar comigo em qualquer lugar

Então ele sumiu, e eu não consegui parar de pensar nisso até o termino das aulas, é claro, tinha alguém que supostamente queria acabar comigo! Isso é um pouco desesperador

Após as aulas, fui normalmente até minha bicicleta no estacionamento. Antes de subir na bicicleta, vislumbrei um vulto atrás de mim. Tentei olhar com descrição, mas acho que dessa vez não consegui muito bem. La estava ela, com um olhar quase tão sombrio quanto antes, Paola Fernandez. Quando olhei para ela, ela tentou disfarçar e se esconder. Então subi na bicicleta e pedalei o mais rápido que pude.

- Não vá ao Bunger's agora - Matheus disse aparecendo de repente, quase me fazendo cair da bicicleta por causa do susto. - Ela está te perseguindo. Não olhe, ela está de carro de carona com alguém. Só vá para casa.

E foi o que eu fiz. Fui para casa. Mas chegando lá, não obtive paz. Logo na garagem, comecei a ouvir vozes desconhecidas. Não recebia visitas desconhecidas quase nunca, já que moro em uma casa com pessoas que são pagas para estarem lá.

Quando entrei na cozinha, meu coração quase saiu pela boca.

- Oi Alyssa. - Disse Marlene com o sorriso falso de sempre - Quero que conheça a minha irmã Paola. Acho que estudam na mesma escola

E lá estava Paola Fernandez, a menina que supostamente queria me fazer mal, sentada na cozinha da minha casa. Claro que não associei os sobrenomes, nem sabia o sobrenome de Marlene. Na verdade, não sabia quase nada sobre ela, só que ela era quase vinte anos mais nova que meu pai. Então é bem cabível ela ter uma irmã só dois anos mais velha que eu. Ela me encarava com a cabeça meio abaixada, mas dessa vez tinha um sorrisinho de satisfação
.
- Sim, estudamos. - Ela levantou a cabeça e deu um sorrisinho. Não me surpreendeu ela ter a voz quase tão estridente quanto a de Marlene. - Tudo bem Alyssa?- ela perguntou dando um enfase enorme ao meu nome.

As palavras fugiram da minha boca

- É... hmmmm.......hããããããããm. Sim, t..tudo ótimo Paola. - Eu respondi, com uma tentativa totalmente fracassada de soar o mais natural possível.

De repente, senti uma pontada enorme de medo de ela querer "acabar comigo" ali mesmo.

- A paola vai passar o dia comigo hoje. - Marlene informou contente - Então....Vamos almoçar?

Ela perguntou, mais para mim do que para Paola. Se eu queria almoçar com a minha madrasta má e com a menina que queria "acabar comigo"? Não, obrigada.
Apesar de estar morrendo de fome, inventei qualquer desculpa e fui na bunguers

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