11. Você não apareceu

1.3K 133 28
                                    

O caminho até o consultório da Dra. Tessa seguiu tranquilo, às crianças olhavam pelas janelas do carro todos os prédios, coisas novas e faziam bastantes perguntas aos pais. Maryse coloca uma música suave para tocar no carro e assim distrair Alec do barulho externo do trânsito nova-iorquino.

No consultório as crianças ficam na brinquedoteca e os pais entram para falar com a médica. Maryse explica sobre os últimos dias que Alexander estava tendo crises muito frequentes e já não sabia o que fazer. A médica escuta tudo atentamente e passa alguns exames que poderiam ser feitos ali mesmo e outros mais específicos que seriam em laboratórios. Receitou uma medicação para ajudar na ansiedade de Alec e por hora decide dar um atestado médico até que conclua os exames e possa retornar a sua rotina.

Passados três dias retornam ao consultório da Dra. Tessa para saber os resultados. E novamente toda família Lightwood está com o Alec no consultório. Então a Dra. Tessa explica os exames.

— Todos os exames de imagens, sangue e neurais, estão normais. — mostra todos os resultados aos pais.

— Então o que explica as crises do Alexander? — pergunta Maryse.

— Conforme você me explicou, Alexander passou por algumas mudanças nos últimos meses, isso influencia muito em suas reações. Como já havia explicado, quando o diagnóstico foi comprovado, toda pessoa que desenvolve TEA, precisa de uma rotina, para que eles se adaptem melhor no dia a dia. Quando algo sai dessa rotina, as crises são a forma que seu corpo reage. — explica a médica. — Alexander, tem umas características muito pessoais que não é resultado do Autismo, mas de sua personalidade. Ele gosta de tudo na rotina dele e se algo não segue o padrão que está acostumado, seu corpo reage por ele, vocês conseguem me entender? — pergunta a médica.

— Claro, realmente foram muitas coisas, o aniversário, ele fez um novo amigo, a mudança no trajeto da escola. Como podemos ajudá-lo? — questiona Maryse.

— Por hora, tentar colocar ele de volta na sua rotina, explicar o ocorrido para psicóloga que faz acompanhamento com ele, e conversar com Alexander. Ele é uma criança incrível, tenho certeza que vai dar certo.

Os pais vão para casa mais tranquilos, a médica liberou Alec para voltar a escola a partir do dia seguinte. Chegando em casa, Maryse vai colocar Izzy no berço que acabou dormindo durante o retorno para casa, depois coloca os meninos para tomar banho, fazer um lanche e assim que terminam começam a responder às atividades que as professoras enviaram.

Antes mesmo do jantar os pais percebem que os meninos estão com muito sono, logo preparam um lanche rápido e pedem para eles irem se aprontar para dormir.

A campainha toca, Maryse vai atender e encontra Ragnor com Magnus ao lado. — Desculpe o horário, Magnus estava muito preocupado com o amigo e quis vir aqui saber se Alexander está bem. — fala Ragnor. Maryse abriu espaço para eles entrarem.

— Eles tiveram um dia bem agitado, estão cansados, acredito que não vão ter energia para brincar hoje Magnus, mas você pode ir lá desejar boa noite, está bem? — Maryse fala ficando na altura de Magnus que concorda com a cabeça e vai até o quarto dos meninos.

Robert aparece com Izzy agarrada nos seus cabelos. — Olha quem acordou cheia de energia! — fala entrando na sala. Maryse convida Ragnor para sentar com eles e explica resumidamente o que aconteceu, e diz que a partir de amanhã poderá levar o Magnus para escola. Eles continuam conversando sobre a adaptação na nova cidade.

Magnus chega no quarto, toca na porta e os meninos ficam surpresos por vê-lo. Jace se adianta e faz o cumprimento deles. — Tudo bem cara, como foi na escola esses dias? — pergunta Jace tocando os braços com Magnus na forma de "X".

— Foi bem chato sem vocês! Mas deu certo. — respondeu Magnus que já vai em direção a Alec beijando sua testa.

— Boa noite! Alexander, como você está? — Alec olha nos seus olhos, depois abaixa a cabeça e não diz nada, fica olhando para suas mãos. Magnus não compreende e olha para Jace.

— Ele teve uns dias ruins, mas vamos voltar ao normal, aos poucos. Eu preciso ir escovar os dentes, você pode ficar aqui com ele um pouco? — pede Jace já saindo.

— Claro! — Responde Magnus sentando no chão com as pernas cruzadas perto da cama onde Alec estava. Nessa posição ele podia ver Alec vez ou outra olhando e desviando o olhar.

— Eu senti falta da gente brincar. — fala Magnus olhando atentamente para Alec. O garoto de olhos azuis que até então parecia dar um gelo no amigo olha nos seus olhos e diz.

— Você. Não. Apareceu. — fala Alec e depois olha para suas mãos. Magnus se sentiu confuso, depois lembrou que na segunda-feira Robert dissera que ele poderia vir quando chegasse da escola.

— Ah! Eu vim aqui sim, mas seu pai disse que você estava muito cansado e já estava dormindo. — esclarece Magnus. Alec escuta em silêncio, depois olha nos seus olhos e repete.

— Você. Não. Apareceu! — essa era primeira vez que falava algo tão convicto. — Magnus não consegue entender, e percebe que seu amigo está magoado com alguma coisa.

— Alexander! Me perdoe, eu realmente vim aqui segunda-feira. Quer confirmar com seu pai? — Então Alec levanta a cabeça e olhando nos seus olhos fala mais uma vez.

— Você nunca mais apareceu para brincar comigo! — se deita na cama virando para o outro lado deixando claro que aquela conversa acabou. Magnus se levanta, apenas diz um "boa noite" que não tem resposta e encontra Jace o olhando escorado na porta.

— O que aconteceu? Eu não consigo entender, eu fiz algo errado Jace? Eu não quero perder a amizade do Alexander. — Magnus fala esperando o loiro lhe ajudar a entender.

— Amanhã conversamos melhor, estamos muito cansados, quando formos para o pátio amanhã te explico, tá certo? — Jace cumprimenta Magnus e dão boa noite.

Na sala todos percebem o olhar triste do garoto, porém não comentam. Magnus apenas diz boa noite e que precisa dormir. Quando vão caminhando para sua casa, Ragnor pergunta. — O que aconteceu à minha ervilha verde? — tenta fazer uma gracinha percebendo seu filho triste.

— Pai, você é a ervilha verde. Eu acho que perdi meu amigo. Alexander não quer ser meu amigo! — Fala com muita tristeza.

— Tenho certeza que amanhã tudo vai se esclarecer meu pequeno, não perca as esperanças. — fala colocando Magnus em suas costas e consegue arrancar um pequeno sorriso do menino.


━━━━━ • ஜ • ❈ • ஜ • ━━━━━

Perdoem os erros...

Não tenho total conhecimento sobre o autismo,

mas o pouquinho que sei, tento fazer o melhor.

Spoiler: amanhã nossos fofinhos vão conversar...

Precioso ( Malec)Onde histórias criam vida. Descubra agora