Segui minha rotina, como sempre esperançosa, mas os dias foram passando, e cada vez menos eu sentia que daria certo, sentia Marcela cada vez mais longe, eu questionava e ela dizia que precisava de tempo.
Eu só tava vivendo pelas vezes em que nos encontrávamos as escondidas, quando Erick viajava, ou em algum motel longe da cidade. Era o suficiente para mim mas no fundo eu queria mais, Queria aquilo por inteiro.
Quando não estava com Marcela estava pensando nela ou falando dela, e Julia me aguentava como uma fiel amiga que estava sendo naqueles dias, ela ja havia voltado para sua casa mas nós ficamos realmente grudadas depois do incidente na boate. A ex nunca mais apareceu, pelo menos não que eu soubesse.
Julia era tão atenciosa, me dava conselhos, e carinho, e sempre estava disposta a fazer tudo para me agradar, acredito lá no fundo que ela nutria um amor por mim mas eu era incapaz de corresponder, meus sentimentos por Marcela me cegavam e impediam de me abrir para qualquer pessoa que fosse, eu sabia que merecia mais do que ela me dava, mas para mim duas migalhas eram o suficiente, eu me reduzia a pó só para estar perto dela por míseros segundos. Meu amor e minha dependência me levaram ao fundo do poço, eu não vivia mais, eu apenas existia, esperando ansiosamente pelos minutos que ela me dava de seu tempo, sempre na hora que ela queria, na hora em que ela estava disposta, na hora em que ela estava sozinha, sempre escondida, fosse em sua casa, em algum motel de beira de estrada, ou algum beco perto de casa, sempre às escondidas, mas para mim esses pequenos fragmentos de tempo eram o suficiente eu achava que ela me amava e que logo isso tudo acabaria e seríamos felizes.
Nesta brincadeira de amar e não "ser amada" se passaram 6 meses, eu não percebia o tempo passando (ou não queria perceber, talvez se eu o fizesse, acabaria com tudo e sofreria o fim dessa relação que só existia na minha cabeça) eu era fraca e dependente emocionalmente das migalhas do seu amor. Preferia levar a vida toda essa relação de centavos do que perdê-la, eu não era boa nem forte o suficiente para me desprender disso tudo, eu tentava porém não muito.
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Toc, toc
- Camilly?
-Oi
-Venha jantar meu bem, fiz a macarronada que tanto adora.
Era vovó me chamando para jantar, ela sempre tão doce e paciente. mesmo com toda essa vida que estava levando, sempre tentava me agradar com comidas e coisas que eu gostava, muitas vezes eu nem ligava apenas dizia não querer, ela havia melhorado de suas doenças (ao menos era o que eu acreditava) nunca reclamava, estava sempre disposta, e eu sempre a ignorando por causa de Marcela, de vez em quando eu perguntava como ela estava e ela sempre me dizia estar bem, como eu só me importava comigo e com os meus sentimentos eu acreditava e nunca questionava. Julia chamava a minha atenção sempre que podia, me mandando cuidar da vovó e leva-la ao medico e eu sempre dizia que não precisava que ela era e estava bem saudável, melhor ate que nos duas juntas.
Uma certa manha ao acordar para trabalhar não encontrei vovó na cozinha, ela sempre estava lá esse horário fazendo meu café mesmo eu não merecendo, chamei por ela e ela não respondeu então sai procurando ela por todos os cômodos não encontrei, fui até o quintal e também não estava lá entrei e comecei a me desesperar fui até o banheiro e a encontrei caída no chão, o desespero foi tão grande que não conseguia pensar em nada apenas sai correndo pela rua gritando socorro, os vizinhos rapidamente vieram nos ajudar chamaram ambulância,resgate, o que chegasse primeiro, o importante era salvar a minha vó. Fomos para o hospital e o meu desespero só aumentava, eu não conseguia pensar em outra coisa a não ser que queria Marcela junto comigo, liguei para a Júlia do hospital e ela foi correndo ao meu encontro, liguei também para Marcela e ela disse que iria assim que possível mas que eu poderia tirar o dia para ficar com a minha vó, mesmo sabendo que a minha vó estava mal eu só pensava no momento que Marcela chegaria para ficar comigo.
Depois de muitos exames os médicos vieram Falar Comigo;
- Parentes de dona Joana!!!
Eu levantei correndo, seguida por Júlia. - Aqui!
O médico caminhou até a gente e nos disse a seguinte frase:
- boa tarde o que dona Joana é de vocês?
- Ela é minha avó. Eu respondi
- Sinto lhes informar Mas Sua avó está com um caso grave de hipertensão, ela já tem essa doença algum tempo segundo os exames porém como não tem se cuida o quadro se agravou, ela teve um aneurisma, estamos tentando tudo que pudermos para salvá-la mas tudo vai depender do quanto ela vai aguentar de tratamentos. Você terá que ser forte, não só por você mas por ela também.
Meu mundo desabou na hora que ele me deu essa notícia, eu estava Desolada, Como poderia Perder a minha minha Vozinha a única Que me cuidou e me amou de todo coração, o quanto eu havia sido ingrata com ela e Descuidada a ponto de não ver que ela estava doente, eu estava Tão obcecada com a minha vida Que deixei a minha vó padecer sem ajuda e aquilo estava me matando. Julia não saiu um minuto do meu lado Sempre me dando forças me dizendo que tudo ia dar certo e tentando de todas as formas me manter calma e esperançosa, e mesmo diante de tudo isso eu só conseguia pensar Que Marcela não estava ali para me dar apoio e um abraço e dizer que tudo ficaria bem.
Três dias se passaram e minha vó não teve melhoras, eu não queria comer nem beber só queria ficar ao lado dela e garantir que ela recebesse todo o amor que eu sentia por ela Mesmo tendo sido tão negligente nos últimos tempos, Marcela não havia aparecido no hospital cada vez que eu mandava uma mensagem ela dava uma desculpa diferente, eu fingia acreditar mas no fundo eu sabia que aquilo, não era importante pra ela, estar ali comigo não era importante pra ela,não era conveniente pra ela, eu só não aceitava que ela era desse jeito, o meu amor não me deixava enxergá-la como ela realmente era.
No fim Desse terceiro dia eu recebi a pior notícia que eu poderia receber em toda a minha vida.
- Srta Camilly.
- Eu
- Eu sinto muito!!
Aquelas palavras Foram suficiente Para rasgar meu peito ao meio, eu não conseguia pensar em nada Apenas que tinha perdido o meu bem mais precioso e que não aproveitei todo tempo que tive com ela, eu caí de joelhos no chão e chorava feito um bebê Que se perdeu Pois era assim que eu me sentia, Minha avó era tudo pra mim, eu estava destruída, Julia tentava me acalmar mas eu gritava naquele hospital como se meus gritos fossem despertar a minha vó daquele sono eterno que agora ela dormia.
Pedi a Júlia Que avisasse Marcela Sobre o falecimento de minha vó, Julia cuidou de tudo de todos os detalhes de toda papelada pois viu que eu não tinha condições físicas e emocionais de resolver essas questões, durante o velório eu fiquei grudada ao caixão de minha vó, Júlia esteve o tempo todo ao meu lado não soltou a minha mão nenhum segundo, porém a única mão que eu queria segurar naquele momento era de Marcela e ela sequer respondeu a mensagem de Júlia. Meus colegas de trabalho Todos compareceram Para nos dar forças e um abraço sincero de seus sentimentos Pela minha perda, Marcela apenas Encaminhou Uma coroa de flores no nome da empresa, Ela sequer Deu uma justificativa, Uma resposta, Uma satisfação, para não ir, ela simplesmente ignorou aquele momento como se a minha dor não significasse nada pra ela.
Me despedi de minha vó e deixei Com ela um pedaço de meu coração e sei que carregarei para sempre a culpa de sua perda, Pois por minha negligência eu havia perdido o meu maior amor.
Fui para casa e me ausentei do trabalho por três dias, a casa era uma solidão pois em cada canto eu via vovó, em cada móvel, em cada quadro, em todos os cômodos ela estava presente. Júlia foi ficar comigo Nesses dias tão difíceis Assim como eu ajudei um dia Hoje ela que me ajudava e sua companhia Estava sendo de grande importância. Em nenhum desses dias Marcela havia aparecido, Apenas enviou uma mensagem Dizendo que esperava que eu ficasse bem.
Vi em uma revista que ela esteve em viagem com seu marido bem nos dias em que estava no hospital com a minha avó, ler a matéria de que ela estava em clima de lua de mel me causou náuseas, eu era tão importante pra ela que ela me trocou por uns dias de prazer com seu marido (que ela jurava não amar).
Como posso ser tão burra!!!
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A chefe
ChickLitCamilly era uma simples jovem que morava em um bairro de classe baixa no interior de SP. Tinha sonhos de crescer profissionalmente e dar uma vida melhor para sua avó/mãe, que foi quem a criou desde pequena. Trabalhava como atendente em uma rede de f...