Coração de Rainha [livro 1]

Um rei sem coroa

Confesso que nunca imaginei que "Coração de Rainha" teria esse retorno - de comentários, de gente criando apelidos, amando e odiando personagens na mesma medida - e de como essa interação me diverte. Eu já escrevo pensando "essa parte o povo vai surtar" e ao mesmo tempo, o retorno cria responsabilidades - em especial quando prosseguirmos a história, expandindo o universo do reino (sim, eu já tenho tudo esquematizado na minha cabeça até a última história, mas ainda não estruturei o livro 2) e da família real.

Mas neste momento, eu posso dizer que escrever certos capítulos drena minha energia (sim, estou parafraseando Carmen) e "Um rei sem coroa" é um deles. 

Se vocês estão com raiva, ficarão com ódio. Se vocês amam, vão amar ainda mais. E este capítulo não vai terminar da forma como vocês esperam...

Um presente para vocês ❤️

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Aragón acordou cedo para tomar seu longo desjejum olhando para o jardim de sua mansão em Londres. Teve uma noite bastante divertida com Geneviève e ela não fazia a linha "grudenta", ao contrário de Gisella.

Não que ele quisesse torná-la a próxima rainha – apesar da modelo ter sangue da realeza monegasca, ela não tinha os atributos necessários para ser a duquesa de Aragón, e ele nem queria se casar. Esmeralda era uma excelente Rainha-Mãe, e a mulher que ficaria com a coroa de rubis, esmeraldas, topázios, entremeadas por várias estrelas douradas seria a futura esposa de Max.

Enquanto comia, apreciando o som dos pássaros e não pensando em nada importante no momento, um dos assessores surgiu com o ar de terror, como se soubesse qual seria a reação do rei.

- Buenos dias, Otávio. O que houve? – Aragón ficou preocupado apenas ao olhar o pobre assessor, que lhe entregou uma pasta, trêmulo, com vários recortes de jornais internacionais e manchetes de Azzurro.

Aragón ensaiou um sorriso:

- Calma, hombre, é apenas um clipping, não existe nenhuma hecatombe em vis... – sua tranquilidade acabou assim que as manchetes surgiram, página após página.

O Diário Azzurrino escreveu "ACORDO DE PAZ – após escândalo romântico entre o rei e o duque de Siracusa, Rafael Fontini passa uma tarde cativante conversando com o príncipe-herdeiro".

Já o "Notícias do Amanhã" colocou na capa a foto de Rafael e Max conversando animadamente à mesa do chá, com Carmen, Enrico Fontini e uma menina que Aragón reconheceu ser Lena Calieri, com o título "DIPLOMACIA SE FAZ EM CASA – Laços fortalecidos entre Siracusa e Aragón após escândalo". O Observador publicou uma notícia que aparentemente não conversava com as outras duas, mas o subtítulo dizia tudo: "EM BREVE AXUM – Após chá com o duque de Siracusa, promessa de reunião com Ahmed", referindo-se ao prefeito de Nova Axum.

Mas o que deixou Aragón com ganas de jogar toda a comida e prataria do café na parede foi a capa do Notícias de Azzurro, jornal siracusino, com a manchete: "DESLUMBRAMENTO SIRACUSINO EM ARAGÓN – União entre a antiga e nova geração mostra elegância e diplomacia entre o duque de Siracusa e o príncipe-herdeiro", com uma imagem do duque de Siracusa caminhando lado a lado com Carmen, observando Max, Enrico e Lena, num clima de família feliz.

O enquadramento da foto era até dúbio: uma pessoa que nunca ouviu falar de Azzurro na vida poderia pensar que aquela imagem era do rei do país, sua esposa muito mais nova e os filhos do casal. Para completar, pequenas matérias contando sobre o teor da conversa, a proposta de Max para a criação de um "museu gastronômico" e o tom agradável, quase informal, dos diálogos entre Rafael Fontini e Carmen Calieri.

- "Capaz de dominar conversas sobre os mais variados assuntos, como convém a um estadista e patriota, o duque de Siracusa encontrou uma igual na figura de Carmen Calieri, tutora do príncipe-herdeiro e figura de influência na educação de Massimiliano Domenico, não apenas por seu conhecimento profundo e apurado, como também por sua paixão e dedicação à preservação da história azzurrina. Um encontro que os repórteres tiveram a oportunidade de conferir e se dedicar a cada passo e conversa travada entre os dois." Meu Deus... O que é isso... "Segundo o cientista político Pablo Antigone, da Universidade Real de Siracusa, o encontro entre um membro da tradicional aristocracia azzurrina com uma estudiosa de origem mais próxima à dos súditos, tanto econômica quanto racial, prova a força multicultural de Azzurro como nação.