Capítulo 2 - Seja consolado

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Eu segui as orientações da mamãe e arrumei as "malas" com tudo que eu precisaria para passar o fim de semana e o primeiro dia de aula.

Minha mente estava nublada, eu me sentia enjoado e com pensamentos distorcidos. Eu não conseguia falar com o Taehyung pelo celular, simplesmente porque estava à beira de um colapso. Precisava de apoio físico, se eu começasse a falar do assunto iria surtar e em casa não é o melhor lugar.

Não me atrevi a sair do meu quarto mais, não queria correr o risco de continuar escutando barbaridades que acabariam com o meu psicológico.

Preferi ficar reparando no ambiente totalmente conhecido por mim. As paredes em tom de lilás, uma janela saliente, o acolchoado dela coberto por um lençol azul, as almofadas em tons de rosa, amarelo e laranja, tudo em tom pastel. Minha escrivaninha ficava à direita dela, perto da porta. Minha estante de livros ficava à direita, ambos os móveis de madeira branca que eu tinha enfeitado com desenhos de folhas e galhos. Um tapete felpudo rosa ficava no centro dessa parte e eu lia bastante deitado nele. Minha cama ficava abaixo da janela centralizada do cômodo, de madeira escura e o jogo de cama atual era verde pastel, repleta de almofadas coloridas. A frente da minha cama tinha o meu guarda-roupa, ele era roxinho com branco também e tinha um espelho no centro. Tinham minhas duas mesinhas de cabeceira e adivinhem a cor dela? Isso mesmo, roxo! E do lado direito da minha cama, havia a minha penteadeira e por um milagre, ela é branca, porém eu fiz uns desenhos do lado dela para combinar com a estante. E por fim, a segunda porta do meu quarto ficava do lado dela, que dava acesso ao meu banheiro. Para completar o teto era de gesso, meus abajures eram azuis e o piso de madeira escura.

Reparei no meu quarto pacientemente até o pai do Taehyung chegar para me buscar, ele cumprimentou brevemente os meus pais e eu me despedi calorosamente da minha mãe, não quis contato físico com o meu pai e acho que ele agradeceu por isso.

Depois de cinco minutos em silêncio dentro do carro, tio Jihoon me olhou, parecendo pensar se diria algo ou não e no fim ele optou por perguntar:

— Aconteceu alguma coisa, Ji? Você normalmente é bem falante, já era para estar tagarelando desde que passamos pela porta da sua casa. — Ele riu, as rugas da testa ficaram mais aparentes e seus olhos quase se fecharam.

Tio Jihoon era um alfa muito tranquilo, vê-lo bravo ou estressado era muito raro. Existiam questões muito pontuais que o tiravam do sério e por mais estranho que pareça, fico feliz de eu ser uma delas. Taehyung e eu nos conhecemos no jardim de infância, nós nunca nos largamos e isso fez com que eu tivesse uma relação muito forte com os pais dele. De fato, eles sempre me trataram como um filho e existem algumas questões na nossa sociedade que são complicadas.

Existem três classificações dentro da espécie: alfas, betas e ômegas.

Nós temos uma alma viva dentro da gente, como um segundo coração, sendo ele o nosso lobo e quando nascemos, eles mostram aos nossos pais a qual classificação ele pertence.

Os alfas são a figura de proteção e liderança de uma alcateia. Eles são biologicamente mais fortes e mais resistentes.

Os betas são a figura de equilíbrio e resiliência. Atualmente é a classificação que menos têm nascido.

E os ômegas são a figura do cuidado e infelizmente os mais rebaixados dentro das alcateias, resumidos ser responsável pela prole.

Antigamente, os cientistas estimam quinhentos anos atrás, só existiam alfas machos e ômegas fêmeas e de repente, começaram a nascer ambos os sexos com classificações diferentes do esperado. Isso gerou alguns estudos e escândalos principalmente.

E o motivo disso é o simples fato de que somos estéreis. Eu sou um ômega, mas diferente de uma ômega fêmea, não posso gerar uma criança e nem engravidar alguém. Da mesma forma funciona com as alfas fêmeas.

Manual do Bom Ômega - JikookOnde histórias criam vida. Descubra agora