Capítulo 2

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— ANAYAAA!!

Ela olha para trás assustada e eu consigo chegar antes que algo trágico aconteça.
Me posiciono ao seu lado, ficamos de frente para o cara estranho.

— Ele estava te seguindo até aqui Anaya!

Sem perceber, começo a chorar e logo abraço a minha amiga.

— Calma Marina.
— Só de pensar que alguma coisa poderia acontecer com você, eu já fico toda preocupada.

Acho que a ideia de perder alguém importante para mim, ainda martela na minha cabeça. A morte da minha irmã deixou marcas em minha mente, o jeito como ela morreu ainda me atormentava. Por isso eu não conseguiria suportar esse sentimento de novo, perder alguém de uma hora para outra é algo que eu não aguentaria passar novamente.

— Amiga fica tranquila, o Cléber só está trabalhando.

Eu enxugo as minhas lágrimas e olho para ela com uma expressão de dúvida.

— Como assim?
— Ele veio entregar a minha encomenda.
— Que encomenda?

O rapaz de pele branca e cabelo castanho entrega um saquinho para Anaya. Ela abre o saquinho, aparentava estar conferindo algo, depois acena positivamente com a cabeça.

— Valeu Clebinho, você nunca decepciona!
— Tamo junto, quando precisar é só ligar.

Eles apertam as mãos, ela olha para os dois lados e entregou um dinheiro amassado.

— Quando quiser você sabe onde procurar.
— Tranquilo.

O cara foi se afastando e quando ele virou de costas pude ver a tatuagem em seu pescoço, não consigo ver direito o que era, por conta da claridade e distância.

— Marina, por que tá encarando o Cléber assim?

Fiquei perdida em meus devaneios, acabei esquecendo do quão estranho foi o encontro de Anaya com aquele garoto misterioso.

— Nada, só achei estranho esse encontro de vocês. Aliás, o que ele te entregou naquela hora?

Ela olha ao redor novamente e pega um isqueiro de coloração dourada, nada discreto.

— Hoje eu tava a fim de ficar bem chapada, então liguei pro Cléber e pedi um beck bem bolado.

Ela pega o baseado e acende com isqueiro, ela dá um trago, e logo depois libera a fumaça como se fosse a espécie de trem.

— Ai, muito bom!
— Porque não me avisou? Fiquei preocupada a toa.
— E eu ia te avisar pra quê? Para você dar uma de leão do Proerd? Não, obrigada.

Ela tem razão, eu provavelmente faria um longo discurso sobre como as drogas afetam o cérebro ou coisa do tipo.

— Quer um tapa?
— Não, tô tranquila.

Nós sentamos no chão do estacionamento e recostamos a cabeça no carro de alguém.

— Marina, tá curtindo a sua noite?
— Até que eu estou curtindo.
— Também né? Depois de tirar a poeira.
— Anaya!

Dou um gritinho de vergonha, ela parece se divertir com isso.

— Ah por favor! Nós duas sabemos, principalmente você, que aquele italiano sabe dar um sacode.

Anaya às vezes esquece que a palavra noção existe, mas é isso que eu amo nela, ela fala o que pensa e não existe prova maior de sinceridade.

— Para de falar assim garota! Ui, parece que só existe isso.
— Ai mas mesmo assim. Ele deve jogar bem né?

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