Capítulo 12

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(Anaya)

Assim que percebo que nós estamos nos aproximando do ponto, mesmo relutante, acordo o gatinho borralheiro.

— Rubens! Tá na hora meu querido.
— An?

Ele acorda meio desnorteado, mas logo recobra a consciência, percebo a vergonha que ele está sentindo através do seu sorriso nervoso.

— Eu acho que eu acabei pegando no sono. Me desculpa por isso.
— Que isso bobo! Eu também dormia direto no ombro dos outros no ônibus, tá tudo normal.

Ele ri e arregala os seus olhos levemente.

— Mentira, não acredito nisso!
— Ó tô te falando.

Rubens riu, mas logo se atentou para a parada de ônibus, ele sinalizou e nós descemos juntos, assim que descemos e o ônibus se vai, um silêncio se faz presente. Eu preciso falar alguma coisa.

— Bom... Eu vou para esse lado. E você?
— Eu vou para o outro.
— Então tá bom. Até Rubens!

Aceno para ele e sigo o meu caminho, mas ele se mantém imóvel.

— Anaya!

Eu paro de andar e ele dá uma leve corridinha até mim.

— Oi, pode falar.

Ele estende a mão para mim, me dando um pequeno cartãozinho.

— Esse é o cartão de visita da barraca.
— Nossa que chique.

Ele sorri e começa a coçar atrás da orelha, e também enrola um pouco para falar.

— Eh... Nele tem o meu número. Se você quiser ligar para fazer um pedido, ou sei lá... Apenas conversar. Fique a vontade.
— Pode ter certeza de que eu vou ligar.

Ele mantém o sorriso, mas para de se coçar.

— Então tá bom! Eu... Já vou indo então.
— Eu também.
— Tchau boneca.
— Ai ai, tchau Rubens.

Ele se despede de mim com um sorriso no rosto e finalmente segue o seu caminho, e eu também, no caminho de casa eu só fico pensando no dia que eu tive e em como ele foi legal. Mas assim que chego a casa, aqueles pensamentos somem da minha cabeça, porque eu esqueci completamente da faxina que eu fiquei de dar hoje.

— Ain, que saco. Mas fazer o que? Mãos a obra.

*****

(Rafael)

Mais uma noite de trabalho, mas hoje o restaurante está pouco movimentado, temos pouquíssimas reservas e a maioria é para mais tarde.

— Rafael.

Bianca me chama, me trazendo de volta para o mundo real.

— Oi.
— Aquele cara todo esnobe entrando pela porta fez reserva?

Assim que olho para a porta, já sinto a arrogância de longe, e não era ninguém menos que o grande Lorenzo Fontana, meu querido irmão mais velho.

— Infelizmente ele não faz reservas.
— Por que isso?
— Porque ele é...
— Quanto tempo irmãozinho!

Ele passa pelo pequeno portão que fica ao lado do balcão, se aproxima e me abraça com força.

— Tá tá, é bom te ver também Lorenzo.

Ele me solta e fica olhando ao redor.

— Nossa, o restaurante parece estar diferente.
— Claro né Lorenzo? Seis meses não são seis dias.
— Tem razão.

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