Quando estou chegando próximo a clínica vejo umas pessoas encapuzadas, aparentemente, pichando as paredes.
— Ei! O que vocês pensam que estão fazendo?
Corro para o muro onde a pichação foi feita, mas eles correram, ligo para a recepção e peço para que dona Lurdes chame a segurança.
Quando eu olho para o muro, eu até deixo o meu celular cair no chão.— Que merda é essa?
Ainda em choque. Pego o meu celular do chão e tiro uma foto do muro pichado, mas ainda fico sem entender o real motivo da mensagem, vou até a sala do meu pai para falar o que aconteceu e mostrar a foto. Bato na porta, com mais força do que eu pensava.
— Entra!
Entro na sala bem agitada e ofegante, tranco a porta para termos mais privacidade ao conversar.
— Oi filha! Trouxe o que eu te pedi?
— Trouxe, mas não estou aqui por isso.Ele faz uma expressão de preocupação enquanto olhava em meus olhos.
— O que foi então?
— Picharam o muro da clínica.
— É o quê? Não tô acreditando.
— E você não vai acreditar no que escreveram na pichação.Pego o meu celular e mostro a foto para ele.
— Mas isso não faz o menor sentido. O que eles querem dizer com "Não foi um acidente"?
— Será que tem a ver com a Sophia?Vejo o semblante dele mudando, sua expressão de preocupação se intensifica.
— O que foi pai?
— Nada não, acho que a minha pressão baixou.
— Quer que eu pegue um biscoito de sal ou algo assim?
— Não, eu tô bem. Trouxe a cocada?A calma do meu pai perante essas situações é impressionante, eu me descabelando e ele atrás de cocada.
— Trouxe, aqui está.
Pego a sacola que deixei em cima da mesinha próxima a porta, e entrego nas mãos dele.
— Aí sim!
— E a pichação do muro? Você não vai falar nada?
— Eu não posso fazer nada, só vou chamar alguém para limpar, ou sei lá.
— Ok.Eu acho que acabei me excedendo, ligar essa pichação à Sophia só reflete a minha paranóia e insegurança, demorei muito para superar esse acontecimento e na primeira situação estranha eu ligo a morte dela.
— Marina? Ouviu o que eu disse?
— Hã?Eu tenho o péssimo hábito de me desligar assim, quando penso em alguma coisa parece que o mundo todo se silencia.
— Pode repetir por favor?
— Eu estava falando que você pode ir para casa se quiser.
— Já?
— O que eu quero de você agora é o planejamento anual da clínica, e isso você pode fazer em qualquer lugar, o importante é você ter ele pronto até a sua primeira apresentação na quarta que vem.Ainda tem isso, esse planejamento vai dar bastante trabalho. Mas o que seria da vida sem os desafios? Vou dar o meu máximo nessa apresentação, uma bela forma de me despedir da clínica por enquanto.
— Então eu já vou indo.
— Ok, até mais tarde.
— Até.Saio pela porta da frente e vejo a equipe de limpeza limpando o muro, peço um Uber para a minha casa. E enquanto eu espero, sento no banquinho em frente a clínica.
Em menos de vinte minutos o carro chega, o percurso até a minha casa foi um pouco demorado, foi tanto que deu até pra tirar um cochilo.— Moça?
— Hã?
— Nós já chegamos.Ai meu Deus, que vergonha dormir aqui, minha cara foi no chão depois dessa.
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Underwater
Teen FictionQuando Marina finalmente consegue seguir em frente após a morte de sua irmã Sophia, tudo parecia normal por um tempo, mas algumas situações fazem com que ela volte ao passado. Ela começa a dúvidar se o afogamento de sua irmã foi realmente um acident...