Capítulo 12

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     Rafaella avistou Gizelly de longe. Gizelly a encarava com um sorriso de orelha a orelha, acenando para Rafaella. Rafa sentiu seu coração aquecer, e deu passos longos até Gizelly. De repente, ouviu sua mãe a chamar e ao olhar para trás, viu Giselda de longe,  também sorrindo e chamando Rafa com as mãos.  Rafa ficou parada, olhava de Giselda para Gizelly, sem saber o que fazer. De repente, Gizelly estava  a um metro de distância de Rafa e a encarava com dúvida. Rafa tentou  se aproximar de Gizelly, mas bateu com atesta em algo que  parecia ser uma espécie de vidro invisível entre as duas. Gizelly dizia alguma coisa que era impossível de escutar, o som não saía de sua boca, ou o tal vidro impedia Rafa de escutar.  Gizelly a encarava com um  olhar triste. Rafaella então começou a socar o vidro e tentar falar com Gizelly, que se afastava andando de costas, com o olhar fixo em Rafa. Rafa começou a chorar e então sentiu uma mão repousar em seus ombros. 

    - O que foi minha filha? - Giselda perguntava preocupada com um olhar maternal. Rafa abraçou a mãe. 

    - Ela está indo embora! - Rafa disse desesperada enquanto olhava na direção de Gizelly, que tinha finalmente parado de andar, mas estava a uns doze metros de distância. Então Rafa se soltou dos braços de sua mãe  e correu na direção de Gizelly, mas novamente deu com o rosto no vidro. Agora estavam a uns seis metros distância. E uma palavra começou a se formar em vermelho transparente, onde Rafa tinha acabado de bater com a testa.

     "Hétero"

     Rafa travou ao ler a frase e Gizelly cruzou os braços, a encarando sem nenhuma paciência.  Rafa esfregava a palavra com as mãos, mas era como se ela fizesse parte daquela parede invisível. Ao voltar os olhos para onde Gizelly estava, Rafaela percebeu uma figura loira ao lado de sua namorada, era Marcela. A atenção de Gizelly, que antes era para Rafaella, agora estava  voltada totalmente para Marcela. Era como se Rafaella não existisse, como se não estivesse ali. Então Rafa bateu na parede de vidro. Chutou, com toda a raiva do mundo. Mas nada parecia quebrar o vidro e Gizelly já não olhava mais para Rafaella, nem mesmo percebia seus movimentos desesperados. Tinha simplesmente esquecido dela. 

    Marcela e Gizelly conversavam e sorriam uma para outra, como se  só as duas existissem no  mundo, como se só elas importassem.

   Rafaella sentiu lágrimas quentes escorrem por seu rosto, estava com uma raiva pulsante. Nunca sentiu tanta raiva antes. Será que isso era ódio?
   Continuou a socar e a gesticular, tentando chamar a atenção de Gizelly. Mas nada parecia funcionar.  

    - Usa isso aqui. Você não vai conseguir quebrar o vidro desse jeito. - Rael estava parado ao lado de Rafaella, segurando a marreta na direção para que Rafa a pegasse.  - Bate forte, quantas vezes for necessário. - Rafaella sorriu para Rael com todo o carinho do mundo e ao pegar a marreta das mãos do homem, fez com que a figura dele desaparecesse. Rafa virou para frente e começou a marretar o vidro, sem tirar os olhos de Marcela e Gizelly. As primeiras marretadas  não fez diferença nenhuma e o vidro permanecia intacto. 

    - Filha, por favor. Não faz isso. - Rafa sentiu que Giselda estava ao seu lado não conseguia enxergar sua presença, mas era como se estivesse parada ao lado dela enquanto sua voz ecoava em seu ouvido direito. As marretas de Rafa começaram a vacilar, perdendo a força - Pensa em mim, pensa na nossa familia. Rafa? Você não percebe que isso vai nos destruir? 

    - Não desiste Rafa, bate com mais força.  - A voz de  Rael ecoou no seu ouvido esquerdo a incentivando. - só você pode fazer isso. Só você sabe o que importa. O amor resiste. - Então a voz de sua mãe sumiu e Rafa voltou a marretar com mais força e velocidade. Criando um padrão repetitivo nos movimentos. - Isso. Não para. 

Ainda sem quererOnde histórias criam vida. Descubra agora