Chapter One

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[🍑]

Seul, 1876

Dois dias antes...

Lorde Park Jimin estava entediado.
Profundamente entediado.
Entediado até de estar entediado.

E a temporada social de Seul mal havia começado. Ele ainda teria que suportar quatro meses de bailes, soirées, concertos e jantares até que o Parlamento encerrasse os trabalhos e as famílias da nobreza pudessem retornar a suas propriedades no campo. Haveria pelo menos sessenta jantares, cinquenta bailes e só Deus sabia quantas soirées. Jamais sobreviveria.

Jimin curvou os ombros, recostou-se na cadeira e observou o salão de baile lotado. Havia cavalheiros em trajes de gala preto e branco, oficiais das Forças Armadas de uniforme e botas elegantes, jovens envoltos em seda e damas em tule. Por que estavam todos ali? O que poderiam ter para conversar que já não houvesse sido dito no último baile?

O pior tipo de solidão, pensou Jimin, irritado, era ser a única pessoa que não estava se divertindo em meio a uma multidão. Em algum lugar na massa rodopiante de casais valsando, seu irmão gêmeo girava graciosamente nos braços de um pretendente esperançoso. Até ali, Kihyun estava achando a temporada social quase tão entediante e decepcionante quanto Jimin, mas demonstrava mais disposição de entrar no jogo.

ㅡ Não prefere andar pelo salão e conversar com as pessoas, em vez de ficar parado em um canto? ㅡ havia perguntado Kihyun ao irmão, mais cedo naquela noite.

ㅡ Não. Pelo menos sentado aqui posso pensar em coisas interessantes. Não sei como você aguenta a companhia de pessoas tão cansativas por tantas horas.

ㅡ Nem todas são cansativas ㅡ protestou Kihyun. Jimin o encarou com uma expressão cética.

ㅡ De todos os cavalheiros que conheceu até agora, teria vontade de rever ao menos um?

ㅡ Ainda não ㅡ admitiu Kihyun. ㅡ Mas não desistirei até conhecer todos.

ㅡ Quando se conhece um, já se conheceu todos ㅡ comentou Jimin, mal-humorado. Kihyun deu de ombros.

ㅡ Conversar faz a noite passar mais rápido. Você deveria tentar. ㅡ Infelizmente, Jimin era péssimo em conversas superficiais. Achava impossível fingir interesse quando algum grosseirão pomposo começava a se vangloriar de seus feitos, gabando-se de como os amigos gostavam dele e de quantas outras pessoas o admiravam. Ele não conseguia ter paciência com um nobre em idade de declínio que queria um noivo jovem para lhe servir de companhia e de enfermeiro, ou com um viúvo que obviamente procurava um procriador. A ideia de ser tocado por qualquer um daqueles homens, mesmo que com as mãos enluvadas, provocava arrepios de horror em Jimin. Só a ideia de conversar com eles fez renascer seu tédio.

Ele baixou os olhos para o piso de parquê encerado e tentou pensar em quantas palavras poderia extrair das letras de "entediado". Nada... dada... tia... ente...

ㅡ Jimin ㅡ chamou a voz irritada de sua acompanhante. ㅡ Por que está sentado no canto de novo? Deixe-me ver seu carnê de danças. ㅡ Jimin levantou os olhos para Lalisa, a Lady Manoban, e estendeu, com relutância, o pequeno cartão em formato de leque. A condessa, uma mulher alta, com uma presença majestosa e a coluna ereta, abriu a capa de madrepérola do carnê de danças de Jimin e examinou com atenção as folhas muito finas. Todas em branco.

Os lábios de Lady Manoban se apertaram como se houvessem sido costurados. ㅡ A esta altura, este carnê já deveria estar cheio.

ㅡ Torci o tornozelo ㅡ alegou Jimin, sem fazer contato visual com a condessa. Fingir um pequeno desconforto físico era a única maneira de conseguir permanecer sentado, a salvo, em um canto e evitar cometer uma gafe grave.

APM || JJK+PJMOnde histórias criam vida. Descubra agora