Chapter Eleven

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[🍑]

Com um castiçal de metal, Jimin seguia lentamente pelo corredor do andar de cima.

Sombras negras pareciam deslizar pelo piso, mas ele ignorava a ilusão de movimento, seriamente determinado a manter o equilíbrio. O tremular de uma vela era apenas o que havia entre ele e o desastre. As luzes tinham sido apagadas, incluindo a lamparina do saguão central. Além do lampejo ocasional de um relâmpago a distância, a única fonte de iluminação era o brilho mortiço que vinha da sala de estar da família.

Como Jeon previra, uma tempestade chegara, vinda do oceano. Era uma tempestade forte e furiosa, que sacudia as árvores com violência, fazendo voar galhos e gravetos em todas as direções. A casa, baixa e robusta para aguentar o clima da costa, suportou estoicamente o temporal, e cascatas pareciam cair do telhado de vigas de carvalho. Ainda assim, os trovões faziam Jimin tremer.

Ele usava camiseta e calça de musselina e um roupão de flanela xadrez, as laterais cruzadas na frente e presas com uma faixa trançada. Embora houvesse desejado estar com um de seus trajes para o dia a dia, não tinha como evitar o ritual de se banhar e pentear os cabelos sem despertar a desconfiança de Ida. Jimin usava os chinelos de lã que Kihyun fizera e que, por conta de um erro na leitura da receita, acabaram saindo com um pé de cada tamanho. O direito estava perfeito, mas o esquerdo estava grande e frouxo. Kihyun ficara tão constrangido com o erro que Jimin fazia questão de usar o chinelo, insistindo que era o mais confortável que já tivera. 

Ele caminhava junto à parede e esticava a mão de vez em quando para tocá-la com a ponta dos dedos. Quanto mais escuro ao redor, pior era para o equilíbrio dele, como se as mensagens enviadas por sua mente se recusassem a combinar com o que seu corpo lhe dizia. Em certos momentos, o piso, as paredes e o teto pareciam trocar abruptamente de lugar, sem qualquer razão, deixando-o sem rumo. Jimin sempre contara com Kihyun para ajudá-lo a ir a qualquer lugar à noite, mas não poderia de forma alguma pedir ao irmão que o acompanhasse a um encontro ilícito com Jeon.

Ele respirava com dificuldade, os olhos fixos no brilho âmbar no fim do corredor. O tapete se estendia como um oceano negro até a sala de estar da família. Jimin segurava a vela tremulante distante do corpo e dava um passo após o outro, esticando-se para ver através das sombras. Uma janela fora deixada aberta em algum lugar. O ar úmido, cheirando a chuva, roçava seu rosto e seus tornozelos nus, como se a casa estivesse respirando ao seu redor. 

Um rendez-vous no meio da noite supostamente era algo romântico e ousado, algo feito por pessoas que não ficavam nos cantos em salões de baile. Mas aquilo era um exercício de infelicidade. Jimin sentia-se exausto e preocupado, e tinha que se esforçar para manter o equilíbrio na escuridão. Tudo o que queria era estar na cama, em segurança. 

Um pouco mais adiante, o chinelo frouxo no pé esquerdo se soltou e o fez tropeçar, cambalear e quase cair de joelhos. Jimin deu um jeito de recuperar o equilíbrio, mas o candelabro voou da mão dele. A chama se extinguiu assim que a vela caiu no chão. Arquejando e desorientado, Jimin ficou parado, engolfado pela escuridão. Não ousou se mexer, apenas manteve os braços erguidos no ar, os dedos abertos como os bigodes de um gato. Correntes de sombras pareciam fluir ao redor, tirando sutilmente seu equilíbrio. Ele enrijeceu o corpo contra o movimento intangível.

– Ah, maldição – sussurrou.

Um suor gelado cobriu sua testa, enquanto ele tentava pensar além da primeira onda de pânico.

A parede estava a sua esquerda. Precisava alcançá-la. Precisava de estabilidade. Mas o primeiro passo cauteloso que deu fez o chão se inclinar sob seus pés, e o mundo ficou na diagonal. Ele cambaleou e aterrissou no chão com um baque pesado... Ou aquilo era a parede? Estava em pé ou deitado? Apoiado, concluiu. Havia perdido o chinelo esquerdo, e os dedos dos pés nus tocavam uma superfície dura. Sim, aquilo era o piso. Jimin pressionou a face úmida na parede e testou os arredores, para tentar decifrá-los, enquanto um zumbido agudo crescia em seu ouvido esquerdo. O coração batia rápido demais em seu peito. Não conseguia respirar com tantas batidas. Suas inspirações dolorosas soavam como soluços.

APM || JJK+PJMOnde histórias criam vida. Descubra agora