Chapter Twelve

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[🍑]

Jeongguk ficou pasmo com a compaixão de Jimin por uma pessoa que lhe fizera tamanho mal. Balançou a cabeça, impressionado, enquanto olhava dentro dos olhos dele, tão escuros quanto um campo de gencianas azuis sombreado por uma nuvem.

- Isso não o desculpa - disse Jeongguk, a voz rouca.

- Não, mas me ajudou a perdoá-lo.

Jeongguk jamais perdoaria o desgraçado. Queria vingança. Queria arrancar a carne do cadáver e pendurar o esqueleto dele como um espantalho.

Seus dedos tremiam levemente quando traçaram os contornos delicados do rosto de Jimin, a elevação suave das maçãs do rosto dele.

- O que o médico disse sobre o seu ouvido? Que tratamento ele prescreveu?

- Não foi necessário chamar um médico.

Uma nova onda de fúria correu pelas veias de Jeongguk quando ele ouviu aquilo. - Seu tímpano foi rompido. O que, em nome de Deus, você quer dizer com "não foi necessário chamar um médico"?

Embora Jeongguk conseguisse se controlar para não gritar, seu tom de voz era longe do civilizado.

Jimin estremeceu, assustado, e começou a recuar.

Jeongguk se deu conta de que a última coisa de que o jovem a sua frente precisava era de uma demonstração de fúria. Ele se esforçou para controlar as emoções turbulentas e o trouxe de volta para o seu lado.

- Não, não se afaste. Conte-me o que aconteceu.

- A febre tinha passado - disse Jimin, depois de uma longa hesitação -, e... bem, você precisa compreender a minha família. Se algo desagradável acontecia, eles ignoravam e nunca mais voltavam a falar a respeito. Ainda mais se fosse alguma coisa que meu pai Honjin tivesse feito em um de seus ataques de fúria. Depois de algum tempo, ninguém mais se lembrava do que realmente havia acontecido. Nossa história de família foi apagada e reescrita mil vezes.

Jimin continuou: - Mas ignorar o problema com o meu ouvido não fez com que desaparecesse. Sempre que eu não conseguia ouvir alguma coisa, ou quando eu tropeçava e caía, meu pai Kyung ficava muito bravo. Ele dizia que eu estava sendo desajeitado porque andava rápido demais, ou que era muito descuidado. Papai Kyung jamais admitiria que havia alguma coisa errada com a minha audição. Ele se recusava até mesmo a falar a respeito. - Jimin parou e ficou mordendo o lábio por algum tempo, pensativo. - Isso o faz parecer uma pessoa terrível, mas ele não era assim. Às vezes era bom e carinhoso. Ninguém é só de uma maneira ou de outra. - Ele se virou para Jeongguk com uma expressão temerosa. - Ah, Deus, você não está com pena de mim, está?

- Não. - Jeongguk se sentia furioso e indignado. E precisou se esforçar muito para manter a voz calma. - É por isso que guarda segredo do problema? Tem medo que sintam pena de você?

- Isso, e... é uma vergonha que prefiro guardar para mim.

- A vergonha não é sua. É do seu pai.

- Mas tenho a sensação de que é minha. Se eu não estivesse ouvindo atrás da porta, meu pai não teria tido que me disciplinar.

- Você era uma criança - retrucou Jeongguk em um tom brusco. - O que seu pai fez não foi disciplina, foi brutalidade.

Para surpresa de Jeongguk, um leve sorriso, divertido e impenitente, brincou nos lábios de Jimin, e ele pareceu bastante satisfeito consigo mesmo.

- E não serviu nem para fazer com que eu parasse de escutar atrás das portas. Só aprendi a ser mais esperto.

Ele era tão doce, tão audaz, que Jeongguk se viu dominado por uma sensação que nunca experimentara antes, como se todos os extremos de alegria e desespero houvessem sido comprimidos em uma emoção nova, que ameaçava rachar os muros do coração dele. Aquele jovem jamais se inclinaria à vontade de ninguém, jamais se renderia... ele apenas se quebraria. Jeongguk vira o que o mundo fazia com pessoas ambiciosas e vigorosas. Jimin tinha que deixar que ele o protegesse. Tinha que aceitá-lo como marido, e Jeongguk não sabia como convencê-lo disso. As regras usuais não se aplicavam a alguém que vivia de acordo com a própria lógica.

APM || JJK+PJMOnde histórias criam vida. Descubra agora