Chapter Twenty-Seven

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Jimin gostou imediatamente de Lee Minhyuk, um rapaz de boa aparência com um ar de discrição tranquila e um senso de humor que ele raramente permitia vir à tona. Mas havia um toque encantadoramente travesso no investigador. Tinha alguma coisa a ver com o modo como ele falava, o sotaque de classe média cuidadosamente pronunciado, como um colegial sério. Ou talvez fossem os cabelos lisos e escuros caindo na testa dele.

- Sou da agência do serviço secreto - explicou Minhyuk, sentado na sala de estar com Jimin e Jeongguk. - Fazemos parte do Departamento de Investigação, mas recolhemos informações importantes relacionadas a questões políticas e nos reportamos diretamente ao Ministério do Interior, não ao superintendente da divisão. - Ele hesitou, pesando as palavras. - Não estou aqui em missão oficial. Na verdade, prefiro manter essa visita confidencial. Meus superiores não ficariam satisfeitos, para dizer o mínimo, se soubessem que estive aqui. No entanto, a falta de interesse pelo ataque a lorde Jeon, assim como pela morte da Sra. O'Cairre, foram... fora do comum. Não posso ficar parado sem fazer nada a respeito.

- A morte da Sra. O'Cairre? - repetiu Jimin, sentindo uma pontada de choque. - Quando isso aconteceu? Como?

- Há uma semana. - Minhyuk olhou de Jimin para Jeongguk. - Vocês não foram informados?

Jeongguk negou com um aceno de cabeça.

- Alegam que foi suicídio - disse o homem, torcendo os lábios. - O investigador responsável pelo caso chamou um médico para fazer uma autópsia, mas o corpo foi enterrado antes que qualquer coisa fosse feita. Agora o mesmo investigador se recusa a ordenar que o corpo seja exumado. Isso significa que não haverá inquérito judicial. O departamento quer que todo esse assunto seja varrido para debaixo do tapete. - Ele fitou Jeongguk e Jimin com um olhar cauteloso antes de continuar: - A princípio, achei que fosse por indiferença, ou pura incompetência, mas agora acredito que o motivo para tanta negligência seja mais sinistro. O Serviço Secreto ignorou e destruiu provas propositalmente, e o interrogatório que fizeram com a Sra. O'Cairre foi uma farsa sem qualquer utilidade. Procurei os investigadores que conduziram o interrogatório e contei a eles sobre a visita de lorde Jeon à gráfica. Também informei sobre o homem que o senhor viu no depósito. E eles não fizeram nenhuma pergunta à Sra. O'Cairre sobre ele.

- Meu esposo quase foi morto na frente do Haymarket, e eles não estão se importando? - perguntou Jeongguk, furioso e incrédulo. - Por Deus, vou à Seoul Yard fazer um escândalo.

- Fique à vontade para tentar, milorde. Mas eles só vão tomar seu tempo com baboseiras. Não vão agir. Há muita corrupção por todo o departamento e por toda a polícia. É impossível saber em quem confiar. - Minhyuk fez uma pausa. - Tenho conduzido a investigação por conta própria.

- Como posso ajudar? - perguntou Jeongguk.

- Na verdade, é da ajuda de lorde Jeon Jimin que preciso. Antes de explicar, devo avisá-los de que há um golpe duro no final.

Jeongguk o encarou por um longo momento, pensativo. - Continue.

Minhyuk enfiou a mão no bolso do paletó e pegou um caderno pequeno, com algumas folhas soltas enfiadas nele. Ele tirou do meio delas um papel e o mostrou a Jimin.

- Reconhece isto, milorde? Estava na bolsa com os materiais que o senhor trouxe da gráfica.

- Sim, é o papel que encontrei no chão. Parece uma amostra de fontes tipográficas. Foi por causa disso que segui a Sra. O'Cairre até o depósito. Ela deixou cair, e achei que poderia precisar dele.

- Isso não são amostras tipográficas - disse Minhyuk. - É uma chave criptográfica. Uma combinação de letras do alfabeto usada para decodificar mensagens cifradas.

Jimin arregalou os olhos, entusiasmado.
- Que interessante!

O comentário arrancou um sorriso do investigador. - Na verdade, no meu mundo, isso é bem comum. Todos usam mensagens cifradas... tanto a polícia quanto os criminosos. O departamento emprega em período integral dois especialistas em criptografia, para ajudar a decodificar o material que conseguimos recolher. - Ele ficou sério de novo. - Ontem, consegui acesso a um telegrama codificado que não pôde ser decifrado com a última chave de decodificação do nosso escritório central. Mas tentei esta chave - ele abanou o papel -, e funcionou.

- O que diz?

- Foi enviado para um líder conhecido do Caipíní an Bhaís, o grupo de radicais ao qual a Sra. O'Cairre estava ligada. Diz respeito a uma recepção para o príncipe da Tailândia que acontecerá no Teatro amanhã à noite. - Minhyuk fez uma pausa enquanto voltava a guardar cuidadosamente o papel no caderno. - O telegrama foi mandado por alguém no Ministério do Interior.

- Santo Deus - comentou Jeongguk, com os olhos arregalados. - Como sabe disso?

- Em geral, telegramas mandados do Ministério do Interior são escritos em formulários impressos com um número especial que permite que sejam enviados sem cobrança de taxas. É chamado de "número franco". Torna o telegrama mais propenso a fiscalização, já que os funcionários da agência telegráfica são orientados a se certificar de que não estejam abusando do privilégio. Um funcionário da agência viu um número franco em uma mensagem codificada, o que é contra os procedimentos, e passou-a para mim. Foi uma desatenção do remetente não ter usado um formulário não identificado.

- Por que, em nome de Deus, alguém do Ministério do Interior conspiraria com anarquistas tailandeses? - perguntou Jeongguk.

- Há ministros no governo de Sua Majestade que se opõem firmemente à ideia de um governo autônomo para a Tailândia. Eles sabem que se os conspiradores tailandeses cometerem um ato público de violência, como o assassinato do príncipe, por exemplo, isso acabaria com qualquer chance de um governo autônomo. Haveria enormes represálias à Tailândia e a deportação de milhares de tailandeses da Coreia, o que é exatamente o que desejam os contrários ao governo autônomo.

- E o que isso tem a ver comigo? - perguntou Jimin.

Minhyuk franziu o cenho e se inclinou para a frente, tamborilando a ponta dos dedos de ambas as mãos.

- Milorde, acho que o homem que o senhor viu no depósito vai estar na recepção. Acho que ele é do Ministério do Interior. E agora que a Sra. O'Cairre está morta, o senhor é a única pessoa que temos para identificá-lo.

Jeongguk respondeu antes que Jimin tivesse chance de reagir. Sua voz baixa continha a intensidade de um grito. - Vá para o inferno, Minhyuk. Está louco se acha que vou deixá-lo colocar meu esposo em perigo.

- Ele só teria que comparecer à recepção por uns poucos minutos para ver se o homem estará lá - disse Minhyuk. - Assim que lorde Jeon o identificar, o senhor poderá sumir com ele para mantê-lo em segurança.

- É uma saída controlada, se pensar a respeito - disse Jimin a Jeongguk, em um tom sensato.

O marido o encarou com uma expressão de incredulidade. - Ajudar a frustrar uma tentativa de assassinato contra o príncipe da Tailândia não é controlado de forma alguma, maldição!

- Milorde - voltou a falar Minhyuk -, se a conspiração se estende até onde eu temo, lorde Jeon Jimin não estará seguro até esse homem ser identificado e preso. O senhor terá que vigiá-lo por cada minuto do dia e mantê-lo indefinidamente confinado e fora das vistas do público.

- Não terei qualquer problema com isso - apressou-se a dizer Jeongguk.

- Mas eu terei - disse Jimin, baixinho. Ele encontrou o olhar do marido, lendo a fúria angustiada que havia ali, e deu um sorrisinho contrito. - Você sabe que terei.

- Sua vontade não vai prevalecer nesse caso - informou Jeongguk, em um tom duro. - Não importa o que diga ou faça, não vai acontecer.

APM || JJK+PJMOnde histórias criam vida. Descubra agora