Olívia II • harry styles

three

Coloco minhas pernas para fora do carro sentindo um aperto enorme no peito, eu estou assustada e com medo. Chegou a hora de ir pegar Noah na escola e eu tenho medo do que me aguarda e tenho mais medo ainda de que ele esteja triste e magoado como na semana passada.

Entrei na escola vendo algumas crianças correndo e gritando de alegria pela chegada do pais, e lá estava ele, sentado no banco com a cabeça baixa e brincando  com os próprios dedos. Andei receosa até ele e logo pude sentir o meu coração se partir em mil ao ouvir o soluço profundo. Noah estava chorando.

Mais uma vez.

— Hey, meu amor. — digo me abaixando para o ver melhor. — Filho, a mamãe está aqui, eu estou aqui, tá bom? O que aconteceu?

— Mamãe... — Noah solta um soluço alto, o que me faz querer chorar ali mesmo. — Por favor, eu não quero mais estudar, por favor mamãe eu te imploro.

Ele fala entre lágrimas, o rosto vermelho e alguns fios de cabelo grudados na testa. Meu coração está em pedaços.

— Oh meu amor, vem com a mamãe. — sussurro o pegando no colo.

Noah é pesado, então tive um pouco de dificuldade, afinal, ele tem cinco anos. Eu estou tão despedaçada e com tanta vontade de chorar. Sim, eu sei que não devia demostrar fraqueza perto de Noah, e estou fazendo o possível para isso não acontecer.

Ao chegar no carro, coloco Noah no banco de trás e quando vou sair, ele me impede, agarrando o meu pescoço com os braços e me abraçando forte.

Por que isso tem que doer tanto em mim?

— Mamãe, eu não tenho amigos, eles não gostam se mim, sempre que eu tenho fazer amizade eles falam coisas ruins sobre mim. — mais um soluço.

— Noah... — me vejo sem palavras. Não sei o que falar, eu não sei o que falar para o meu próprio filho.

— Isso é tudo culpa dele! Por que ele tem que usar aquelas roupas? E por que ele tem que pintar as unhas? Ele não é uma menina!— Noah fala um pouco histérico. — O que é gay? — ele pergunta.

Abro os lábios algumas vezes mas nada sai de minha boca.

— Filho, se acalme. São pessoas que buscam sempre o amor, assim como a mamãe e o papai. — fico tensa. — Noah, você deve respeitar o papai, não pode falar essas coisas sobre ele. — mudo de assunto, estou repreendendo meu filho.

— Mentirosa! Gay é mulher que gosta de mulher e homem que gosta de homem!!! — ele berra em meus ouvidos.

— Noah, não me chame de mentirosa! —aumento um pouco o meu tom de voz devido a sua rebeldia. — E qual é o problema nisso??

— O meu pai é gay! Me falaram que ele é gay, eu sofro na escola por culpa dele!— Noah grita.

— Já chega, Noah Styles! Nós vamos para casa e você vai ficar de castigo, ouviu bem!? Não vou ficar aturando suas rebeldias, você não é assim. E não fale assim do seu pai, você me entendeu??? — eu falo séria, estou quase gritando com ele.

— Vaca! — é o que sai de sua boca.

Puta que pariu, Noah.

Ok, mais uma coisa que eu não estava preparada: Meu filho sendo totalmente rebelde e desrespeitoso comigo e com Harry.

Enquanto dirigia, todos os meus nervos pareciam que estavam prestes a explodir a qualquer momento. Essa história já está indo longe demais, isso já está afetando o comportamento do meu filho e eu não estou gostando nada disso.

Paro o carro no portão de casa e enquanto aperto o botão para abrir o mesmo, vejo Noah com a cara feia e com bico no banco de trás. Assim que entro com o carro e paro o mesmo na garagem, Noah desce do carro sem nem me esperar, atraindo atenção de Tobby e Gamora que pediam por carinho, mas Noah os ignorou e entrou dentro de casa. Corri para o alcançar, mas acho que foi um pouco tarde, já que Noah estava gritando eufórico com Harry.

— Isso tudo é culpa sua! Eu não tenho amigos por sua culpa! — Noah grita. — Você é o culpado.

Harry olha aquela cena um pouco assustado, mas com o maxilar extremamente travado e com um semblante sério. Isso não iria acabar muito bem. Ele está sem entender, está ficando magoado por ver essas palavras saindo da boca do nosso filho de apenas cinco anos, de uma criança.

— Noah, mas o que está acontecendo? — ele pergunta sério.

— Eu sei que você é gay! Me falaram na escola, e eu sei que você só está com a minha mãe pra esconder que você gosta de meninos!

Aquilo parece o pico para Harry, porque no momento seguinte, vejo suas narinas se expandindo e o modo que ele fica vermelho, ele passa a mão no cabelo, e então a sua voz ecoa por toda sala.

— Noah, vá agora para o seu quarto e não saia de lá até eu mandar, agora!! — Harry grita autoritário.

— Eu te odeio! Eu não queria que você fosse meu pai! — Noah grita e sobe as escadas correndo, logo em seguida batendo a porta do quarto com força. 

Meus olhos encontram os de Harry, apavorados. Ele nunca tinha gritado desse jeito com Noah, e sei que agora ele está se sentindo mal com tudo isso, assim como eu.

— Harry. – ando lentamente até ele o abraçando. — Está tudo bem, nós vamos conseguir ajudá-lo, está tudo bem. — tento o acalmar, mesmo estando nervosa.

— Porra. — Harry sussurra. — O meu filho me odeia.

— Não, não. — nego com a cabeça. — Harry não diga isso, você sabe que não é verdade, ele só está...confuso e...

— Onde eu errei, Liv? — abro a boca ao ouvir aquilo.

— Você não errou em nada, pare com isso. Ele ama você, ele te ama, você é um pai incrível, huh? A cabeça dele só está confusa, é só isso.

— Nós temos que fazer alguma coisa, Liv, não podemos deixar que isso se repita.

— Eu sei que sim, e nós vamos fazer isso. Deixa ele pensar um pouco no que fez, você sabe que ele não é assim e que daqui alguns minutos estará te pedindo desculpas.

— Você é a melhor mãe do mundo, Olívia. Noah tem sorte de ter você, nós dois temos.— Harry diz e cola nossos lábios em um beijo calmo.

— Você é o melhor pai do mundo, Harry . — sorrio. — Ele me chamou de vaca. — digo ao me lembrar do episódio no carro.

— Mas que porra.

— É, eu também fiquei assim.

— Nós vamos ligar para a diretoria da escola pra tentar encontrar a melhor solução. Vamos mudar ele de escola e ele vai começar a frequentar a terapia. — Harry diz mexendo nos bolsos. — Perdi a porra do celular.

— Tudo bem, eu acho que você deixou lá no quarto. Eu posso ligar do meu.

— Você acha que ele realmente só está com raiva? — ele se aproxima, preocupado.

— Eu tenho certeza, Harry. — sorrio e pego meu celular para ligar para a diretoria.

Assim que ligo o mesmo, percebo notificações além do normal no meu twitter, o que estava atrapalhando um pouco e travando meu celular, já que não parava de chegar notificação.

Entro no meu twitter e vejo o que eu menos queria ver naquele momento.

Não pode ser verdade, ele não faria isso comigo, não é?

Ele fez isso comigo.

— Amor, conseguiu? — Diz voltando da cozinha e sentando ao meu lado.

O meu sangue está fervendo, eu estou...estou tão mal. Agora, o que eu fiz de errado?

— Liv? — Chama mais uma vez a minha atenção.

— Vá se foder, Harry.