XIII

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Aline on

Não sabia o que estava acontecendo e nem onde me encontrava. Estava jogada no chão, meu corpo estava frio, dolorido e não conseguia parar de tremer. Sentia fortes pontadas sendo direcionadas a minha barriga, e meu cabelo sendo puxado violentamente.
Eu me encolhia , e fazia o possível para não deixar acertar meu rosto, estava sem ar e sem força para gritar. Não via nada além de vultos na escuridão.
Mas por que isso? Por qual motivo eu estava sendo agredida? Ou melhor... por que aquele homem estranho estava me agredindo? Eu nem o conheço, nunca o vi antes.

Eu estava fraca demais, mas não podia desmaiar novamente, se eu ficasse inconsciente de novo, nem podia imaginar o que ele poderia fazer comigo. tinha que me manter acordada e tentar me proteger.

Era como se o mundo estivesse desvanecendo, nunca havia sentido tamanha dor. Comecei a pensar em coisas bobas, como, "eu tranquei a janela do meu quarto?" ou "eu coloquei a caixa de leite vazia de volta na geladeira?". Com certeza não estava raciocinando direito.

Se eu morresse ali, iriam sentir minha falta? Quando tempo iria demorar para perceberem que eu sumi?
Para de pensar nisso Aline, se concentra em manter-se acordada, não deixe o medo te consumir.
Baixinho comecei a recitar um poema de Cecília Meireles, o mesmo poema que eu recitava sempre que pensava em me matar, agora iria usar para tentar viver.

- Tu tens um medo:
Acabar.
Não vês que acabas todo o dia.
Na tristeza.
Na dúvida.
No desejo.
Que te renovas todo o dia.
No amor.
Na tristeza.
Na dúvida.
No desejo.
Que és sempre outro.
Que és sempre o mesmo.
Que morrerás por idades imensas.
Até não teres medo de morrer.

De repente, ele parou, como se o poema fosse uma prece sendo atendida, o homem parou. Ouvi o barulho de seus grandes sapatos dando passos, afastando-se de mim.
Seria minha chance de levantar e tentar fugir, mas, ainda não tinha acabado. Passos da direção oposta do homem vieram até meu corpo desolado no chão. Outro? Agora seria espancada por outro grande homem?
Senti uma mão segurar em meu queixo e levanta-lo. Não era um homem, era uma mão pequena e feminina.

- Já pode abrir os olhos Aline.- Conheço essa voz, por favor, espero que não seja quem eu acho que é.- Ilumine aqui!- Ela dizia ao gigante de terno preto.

Abri meus olhos e vi o rosto da pessoa que segurava meu maxilar, a raiva e desespero inundaram todo meu ser.

- Ye- Yeji?

- Oi Aline! Nem vou perder meu tempo perguntando se você está bem, por que não me importo, e também... está na cara que está péssima.- Ela sorria debochada. Sua voz me dava nos nervos.

- Tirando a dor em meu corpo... eu estou ótima.- Seu sorriso desapareceu. Não vou demonstrar pra ela que estou atingida, mesmo estando.- Mas por que tudo isso?

- Sabe Aline, seu jeito inocente me irrita severamente. Por que no fundo você sabe que não é assim. Eu queria te dar uma lição, para você parar de ser uma vadia.- Eu não sabia nem o que dizer, essa garota é completamente doente.

- Então por que apareceu pra mim? Não tem medo que eu te denuncie?- Ela começou a rir desesperadamente e pretensiosamente.

- VOCÊ NÃO OUSARIA.- E continuava rindo.- E outra, em quem você acha que eles iriam acreditar? Na menina com carinha de anjo, ou na medíocre estrangeira? Acho que já sabe a resposta.

- Você não tem certeza disso!

- Presta atenção sua imunda.- Ela puxou meu cabelo fazendo minha cabeça tombar para trás.- É melhor você fazer o que eu estou mandando, ou a penalidade sera descontada na querida cafeteria da sua mãe.- MAS O QUÊ???

-The School Stranger | Nakamoto YutaOnde histórias criam vida. Descubra agora