-The School Stranger | Nakamoto Yuta

XIV

         Meu Deus como é ruim ser ansioso, todo momento queria me levantar, e ir abraçar Aline bem forte, mas meu querido professor decidiu que iria passar uma provinha surpresa, ele pode até ser um cara maravilhoso, mas também é bem rigoroso, todos temos defeitos né. 
Estar apaixonado é complicado, querer estar sempre com a pessoa amada, mesmo em momentos completamente aleatórios. Esperar até o intervalo era mais difícil do que eu pensava.
Jiwon me cutucava -do seu jeito "discreto"- a cada cinco segundos, para me pedir respostas, ou para me mandar prestar atenção nas atividades. O menino sabe como ser irritante quando quer, mas não iria perder a cabeça com ele só porque eu estava de mal humor, não é culpa dele. De verdade eu estava mais confuso que mal humorado.
O tempo passava tão lentamente que parecia que estávamos em câmera lenta, não, parecia que o tempo tinha parado. Até poderia recriar aquelas cenas de filmes, em que a pessoa observa cada movimento do relógio de parede que sempre fica em cima do quadro, o barulho dos ponteiros ecoaria pela sala por causa do silencio. Porém, não aqui, minha sala não tinha esse relógios padrões de escola. Mas eu tinha o meu de pulso e atuava no meu próprio filme de adolescente clichê -que só acontecia na minha mente- do jeito que dava. Faltava apenas dar o horário para o intervalo e eu começaria a cantar, os alunos me acompanhariam, e tudo viraria um grande musical.

E não é que tinha dado certo.
Ficar pensando em como seria minha vida se fosse um filme fez o tempo passar um pouco mais rápido. Seis minutos era o que faltava para o sinal tocar.
MEU DEUS, eu não respondi nem metade da prova.

- Tae, você terminou? - sussurrei para que o professor não me repreendesse.

- Quase! Você não?

- Não! Eu tava viajando aqui e nem vi o tempo passar, tava passando várias coisas na minha cabeça! - Filmes adolescentes, e onde eu me esconderia se do nada aparecesse um monte de terroristas na escola. Provavelmente dentro do armário da cozinha. - Passa aí pra mim.

- Tá, mas disfarça aí.

Eu copiei aquelas respostas na velocidade da luz, e ainda ficou faltando duas.
Minha letra ficou parecendo letra de médico, só o rabisco. Mas quem nunca né.

      E finalmente o intervalo chegou, o momento que nós somos quase que obrigados a interagir com a pessoas que não são do nosso círculo de amizades, mas pelo menos meu foco era outro.
A AULA INTEIRA Yeji me olhava, me sentia desidratado de tanto que me a garota me secava. Eu até estava acostumado com seus olhares, mesmo depois "daquele dia", mas hoje ela se superou. Como ela senta atrás de Bobby, é meio inevitável não reparar. Seu sorriso cínico acompanhava seu olhar, como se estivesse tramando algo, cada vez que a via, subia um frio macabro na minha espinha.

       Certo, mas voltando ao assunto do intervalo.
Fui procurar Aline, e conversar com a garota. Mesmo com a ignorada que levei, pensei que ela poderia estar em um dia ruim, ou que aconteceu algo, pessoal, que ela não poderia me contar, mas que eu pudesse lhe consolar. Só queria abraça-lá e sentir o calor do seu corpo.
O armário de Aline, fica do outro lado da escola, longe da nossa sala. Os meninos e eu andávamos no meio daquele formigueiro que chamamos de alunos surtados e famintos. Juro que estava quase subindo poeira do chão de tanto que aquele corredor estava movimentado. A coordenação deveria separar o 9° e 1° ano do 2° e do 3°, pelo simples fato do amontoado que se forma, e a dificuldade que é para se locomover.
E de novo eu estava fugindo do assunto principal, Aline. Misericórdia, eu me distraio muito fácil. Se passasse uma mosca na minha frente, certeza que eu seguiria ela até ver onde a mesma pousaria, e esqueceria o que iria fazer antes.

- Ei  mano, tudo bem aí? - Lucas me cutucava com seu cotovelo, chamando minha atenção.

- Ele tá todo distraído hahahaha.