Capítulo 59

23.6K 1.8K 923
                                    

Matador

Senti um pouca latejar e mexi o dedão, Ágata sorriu animada, revirei meus olhos, e Beatriz tava sorrindo de orelha a orelha animada com aquilo, mas eu estava impaciente.

Tô a mais de 3 meses sem voltar a andar, já parei umas duzentas vezes no hospital de novo porque caí e me machuquei feião, tô cansado já mano, já tô ligado que nunca vou dar um passo mais na vida, eles só ficam falando e falando que vai acontecer um dia, mas não vai.

Eu sei.

Bea: Porque você não está feliz?- me olhou.- Você conseguiu mexer o dedo, isso é bom!

Matador: O dedo é uma coisa, andar é outra.

Ágata: Não diga isso, mexer os dedos é o primeiro passo para voltar a andar, é assim mesmo Matador, para conseguir os movimentos de volta, temos que passar por etapas. O tratamento está causando efeito, e isso é ótimo.

Bea: Claro, é questão de tempo para você levantar dessa cadeira para sempre e voltar a caminhar como antes.

Eu saí da salinha que tinha no final do corredor, com a cadeira de rodas, aonde a gente está fazendo os exercícios, e parei na sala olhando pra janela vendo o povo lá fora com a vida normal, enquanto eu tô aqui sem nem conseguir sair.

Beatriz: Porque você não está feliz, me diz?- ouvi ela.

Matador: Eu não vou criar esperança falsas atoa, não vale a pena.

Bea: Não é criar esperanças falsas, você precisa acreditar que vai recuperar os movimentos, ou melhor, você tem que ter fé que vai conseguir! Se você mexeu um dedo, daqui uma semana pode mexer outro dedo, e a passar dos dias você pode levantar dessa cadeira simplesmente e andar como se nada tivesse acontecido.- sorriu.

Matador: Como tu consegue?- lhe olhei, ela estranhou.- Eu não vou conseguir, bota saporra na tua cabeça e entende.

Ela rolou os olhos e veio até mim segurando na minha cadeira de rodas, empurrando a mesma até a porta.

Matador: Tá me levando aonde?

Beatriz: Você precisa sair de casa, você está trancado dentro de casa a mais de 3 meses, você precisa respirar ar puro.- ela abriu a porta, mas eu fechei novamente.- Por favor, Matador.

Matador: Não caralho, não quero que ninguém me veja assim.- me afastei dela.

Ela me olhou, fui me levando até o meio da sala perto do sofá, peguei o controle da televisão e liguei a mesma pra tentar ver algo de interessante, olhei para ela e a mesma saiu pela porta fechando a mesma atrás dela, com força.

Neguei com a cabeça e nem me importei, minutos depois ela voltou com dois vapores, encarei eles entendendo caralho nenhum.

Bea: Agora vamos.- pegou na cadeira de rodas e me levou de novo para a porta.

Matador: Eu já falei que não quero.- ela ignorou.- Tu tá aproveitando que eu não posso me defender né? Tu é uma grande filha da puta.- ouvi ela rir, os moleques também riram.

Vi o meu carro parado na frente, e não tinha ninguém na rua, nem um indivíduo se quer mermão, eu não estava entendendo nada, olhei para o menó que entrou no carro no banco do motorista, ligando o carro.

Matador: Que porra tu tá fazendo, mano?- ela parou de me levar.

Bea: Você disse que não queria que ninguém te visse, então pedi para os garotos tirarem todo mundo daqui da rua, para você poder sair e entrar no carro sem que ninguém o veja.- me olhou, e sorriu simples.

Segurei o sorriso e olhei de volta pra ela, vendo ela com aquele jeitinho simples dela, caralho a mina não se importa como eu trato ela, faz qualquer coisa pra me deixar bem.

Bea: Me ajudem a colocar ele no carro, vamos pro alto do morro.- pediu.

Os moleques me colocaram no carro no banco de trás, colocaram a cadeira de rodas no porta malas e eu olhei para a Bea entrando também no carro, e os moleques nos levaram para o alto da quebrada, aonde não tinha ninguém também.

Fiquei olhando para a Beatriz que estava feliz, sorrindo, como se tudo tivesse bem tá ligado?

...

link do grupo
na caixa de conversas✨

Amor ProibidoOnde histórias criam vida. Descubra agora