Capítulo 46

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Matador

Acordei sem consciência alguma do que tava acontecendo, lugar mó desconhecido, tudo branco, achei que por alguns segundos eu havia morrido e tava no céu já mermão.

Mó loucura.

Pietra: Você acordou!- vi ela do meu lado.- Tá tudo bem?

Matador: Tu é o capeta? Vim pro inferno?- ela me beliscou e dei um leve sorriso de lado tentando me ajeitar na cama.

Mas eu não conseguia, não conseguia me mover, olhei para a cara dela e ela me olhou sem entender nada, olhei para minhas pernas e não sentia nada, estavam imóveis, xinguei e ela se assustou chamando o médico.

Matador: Que porra tá acontecendo?- bati na maca.

Pietra: O que ele tem, caralho?- olhou para o médico.

- Você sente isso?- perguntou enquanto passava um treco no meu pé, eu balancei a cabeça.- Se acalmem, chamem aquele homem.

Olhei para a porta e Guto entrou encarando a situação, me encostei na maca e olhei para a Pietra que tentava me acalmar, mas eu afastava ela, não preciso de ninguém, nunca tive mermo.

- Matador, infelizmente quando você levou aquele tiro no quadril, teve consequências, fizemos a cirurgia tudo certo, achando que estava tudo bem, mas infelizmente você perdeu os movimentos do quadril para baixo.

Eu ri.

Matador: Tu tá tirando né? O que tu fez, filho da puta?

Guto: Te chamei pra ajudar o cara e tu faz ele ficar paraplégico? Tá achando que eu sou o que? Um palhaço? Te paguei, seu filho da puta.

Pietra: Escuta, Gustavo, caralho!- gritou ele, com raiva e desespero.

- Mas eu não fiz nada, eu só fiz o meu trabalho como sempre, isso acontece, a bala entrou justamente em lugares que fazem as pernas funcionarem.- justificou, mas eu nem quis saber.- Mas pode ser temporário, com tratamento e tudo, é possível recuperar os movimentos.

Guto: E como isso funciona?- cruzou os braços.- Porque tu sabe muito bem que ele não pode fazer essas porra fora do morro, então acho melhor tu arrumar um jeito aqui no morro.

- Claro, eu conheço uma fisioterapeuta muito boa, posso passar o contato dela para vocês.

Guto: Quero que tu ligue para ela agora e que traga ela aqui agora.- destravou a arma apontando para ele, que concordou pegando o celular.

Balancei a cabeça não sentindo nada pra baixo, eu estava me sentindo incapaz, um vagabundo idiota, que caralho, porque caralho isso foi acontecer comigo, qual a porcaria da necessidade disso, tá ligado? Eu queria quebrar tudo, mas nem me levantar eu consigo.

Guto saiu para falar com o médico que ele tava ameaçando, pedi pra Pietra pra eu ficar sozinho, mas a filha da puta tá nem aí, ficou ali mermo.

Matador: Vai embora cara, tu não tem que ficar olhando pra um homem que é incapaz de se mexer.- virei meu rosto para ela que balançou a cabeça.

Pietra: Vou ficar nego, cala a boca.- sentou do meu lado.

Matador: Uhm.- murmurei, e ela pegou na minha mão dando um beijo.

Pietra: Descansa agora.

Eu joguei a cabeça para trás, caralho, tudo agora mudou, porra o que será de mim agora mano? Posso nem me mexer, nem levantar, por mim, era melhor eu ter morrido naquele beco, ao invés de ficar sem andar, se eu pudesse voltar no tempo, eu mermo me matava ao contrário de passar por isso aqui.

Amor ProibidoOnde histórias criam vida. Descubra agora