𝙲𝚊𝚙𝚒𝚝𝚞𝚕𝚘 𝟷𝟺 • Reinier•

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Letícia foi criada comigo. Nossos pais criaram amizade por motivos de: Júlia não desgrudava da Letícia na escola. Até hoje eu me lembro quando  impliquei com a Letícia pela primeira vez. Éramos colegas de classe e a professora viu que não dava pra continuar a aula se eu ficasse no meio dos outros pestes da turma. Fui obrigado á sentar do lado da princesinha. No começo fui zoando mas logo vi que ali era uma ruim.

- Cê tem um giz pra me emprestar? – falei vendo os menor rindo de mim

Letícia me olhou de nariz empinado e me observou de cara fechada. Queria rir mas a cara de brava dela só me deixou dar um sorrisinho sem graça.

- Olha só garoto, acho melhor você ficar longe de mim – ela disse virando pra frente e me deixando com cara de idiota.

A partir deste dia eu pegava no pé dela todos os dias. Foi numa correria dela atrás de mim pra tentar me bater que ela e a Jú ficaram amigas. No início eu não gostei mas fazer o quê se eu sou capacho da minha caçula.

No final de semana lá em casa era meu treino pela manhã, filmes da Barbie com as duas e a noite eu obrigava elas assistirem algum filme comigo. Era rotina ter a Letícia lá em casa. A semana inteira pegando no pé da garota e no fim de semana vendo ela desfilar pela minha casa... estava tão xonado que nem percebia. 

- Reinier, para de me olhar – Letícia gritou comigo enquanto pintava a atividade

Eu havia reparado na covinha que ela tinha perto dos lábios e no jeito que a boca dela ficava quando ela prestava atenção em algo.

Depois do nosso beijo ás escondidas no quintal da minha casa, eu recebi a proposta pra jogar na base do Ninho. Nem pude me despedir dela, só fomos embora.

Cresci e me vi fazendo uma fileira de meninas que namorei por curto tempo durante a ascensão. Namorei tanto que mal via diferença entre um relacionamento e outro. O foco era sempre na minha carreira, não em mim, mas sim no meu sucesso profissional.

A cada dia que passava eu me reconhecia menos. Bom jogador e péssimo irmão. Ótimo profissional e namorado horrível. Pedi pro meu pai um tempo para poder assimilar as mudanças que estavam acontecendo e poder me conectar mais com a minha irmã e meus amigos de verdade. Com chave de ouro, Letícia também foi inclusa nisto.

- Fala pai – atendi me jogando no sofá

- Rei, tudo bem com vocês ai? – meu pai perguntava ansioso no outro lado da linha

- Tudo sim, e com vocês? – sei que precisava de espaço mas já estava com saudades dos meus pais, sempre fizeram tudo por mim

- Tudo certo. Falei com a assessoria do Real ontem... – ele ficou mudo e continuou – Rei, eles precisam que você vá pra lá na próxima semana

Senti um baque no meu estomago. Não era tristeza, era um misto de medo e ansiedade. Fiquei alguns segundos em silêncio até ouvir meu pai me chamar.

- Tudo bem. Vamos assinar o contrato?

- Sim! Já falei com a sua mãe, infelizmente as férias de vocês irão acabar, mas é por um bom motivo – ele riu, claro que é... eu acho – você pode avisar a sua irmã? Até sexta vocês dois precisam estar em casa

- Aviso sim

Combinei uma ou duas coisas com ele e desliguei o telefone. Júlia passou por mim e depositou um beijo na minha testa me fazendo sorrir. A vontade de estragar com as nossas férias zerou ao ver a felicidade da minha irmã.

Hoje era domingo, e provavelmente o último fim de semana aqui. Chamei minha irmã e o Gabriel pra jogarmos ping pong na área e ouvi a Júlia chamar a Letícia.

AmadoOnde histórias criam vida. Descubra agora