𝙲𝚊𝚙𝚒𝚝𝚞𝚕𝚘 𝟻

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Tinha cruzado meus braços esperando a resposta desse cara de pau que tinha me deixado falando sozinha pra cumprimentar todo mundo que passava por nós. Reinier não muda mesmo, fez um mini show na frente do menino lá e agora tá fazendo graça quando passaram mexendo com ele: ''Tá bem servido hein, Rei''. Quase pulei em cima do playboyzinho que disse isso enquanto me analisava de cima a baixo. Ranço desse tipo de gente, e pra piorar o querido aqui só riu e mandou ele largar.


- Quanto tempo né? – ele falou isso meio sem jeito enquanto me encarava com um sorrisinho, nem parecia o garoto cheio de sagacidade com os amigos agora pouco. Tentei segurar meu sorriso ao olhar seus olhos brilharem me observando.


- Ér...sim, bastante tempo...- respondi super insegura com ele ali na minha frente, burra do caramba, falou do menino mas cadê a sua segurança?


- A Jú me avisou que você vinha passar as férias com nós... pô fiquei feliz né – ele falou me deixando com a respiração meio pesada e com o peito apertadinho.


- Ficou? – perguntei porque queria ver sua reação e reciprocidade perante a revelação. Ele molhou os lábios e sorriu aberto como sempre fazia quando puxava meus cabelos na escola e eu ficava furiosa.


- Mas é claro, a Júlia te ama muito, você vai ser uma boa companhia pra ela nesse verão...- disse me fazendo praticamente murchar e sentir um vazio, eu não supero não é mesmo?


Ia responder algo mas logo chegou uma menina branquinha de cabelos lisos abraçando ele pelo pescoço. Ela falou algo que eu não entendi e riu fazendo ele me olhar e logo ela também, que me observou fechando o sorriso. Fiquei parada até ele falar algo.


-Anh... Duda, essa é a Leti, melhor amiga de infância da Jú – Reinier falou enquanto a gente se olhava, ela me deu oi e sorriu antes de voltar a puxar o pescoço do Rei e sussurrar no seu ouvido. Vi que ele ficou super sem graça e me olhou enquanto ela estava grudada nele.


Me vi perdida nos seus olhos, mas sabia que era tudo da minha cabeça, segui em frente e fui em direção aos freezers do local. Óbvio que todo aquele nervoso e ciúme era da minha cabeça de apaixonada, de criança né. Reinier era lindo, bem sucedido e tinha uma penca de meninas que corriam atrás dele diariamente. Parei de pensar nisso quando peguei uma cerveja e me sentei em um banco do quiosque. Havia um grupo de pessoas tocando pagode e outras dançando e cantando junto. Estava uma loucura. Um lado era funk, outro pagode. E eu só queria que essa noite acabasse, não encontrei a Jú e nem vou no meio dessa galera, e a única pessoa que chegou perto de mim Reinier deu um jeito de correr com o garoto.


Pra viver junto com você

Uma vida cheia de amor

E agora você quer destruir

Será que vale a pena?



Cantarolei junto vendo o pessoal se divertir e dançar. É pelo jeito minha noite seria essa.


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Rebolei até o chão e joguei o cabelo pro lado olhando pra trás vendo dois garotos se aproximarem de mim, ri e continuei conforme o ritmo da música que eu nem sabia cantar mas que tinha um ritmo bom pra cacete pois eu não conseguia parar a minha raba, ou será que era efeito da tequila que eu bebi. Puxei a menina que bebeu todas comigo e ela deu um gritinho ao ouvirmos o início do movimento da sinfoninha tocar pelas caixas de som. Tentei me equilibrar enquanto virava uma latinha de cerveja (eu acho) na minha garganta e via uma aglomerado de gente começar a dançar e gritar. Ri pro ar e voltei a rebolar enquanto a menina fingia dar tapas na minha bunda com outros dois meninos, achei graça porque não consigo raciocinar direito. Mal enxergo o rosto das pessoas na minha volta, só consigo ouvir a batida da música e tudo girando ao meu redor. Viro e agarro a garota pelo braço pra dizer que estou ficando um pouco enjoada e nesse instante sinto alguém falar na base do meu pescoço e me abraçar pela cintura, vi que era um menino e logo tente me desvencilhar dele, mas estava muito zonza pra isso, puxei mais o braço da menina que estava comigo porém ela estava pior que eu.


- Cara eu nem te conheço – falei meio enrolado e gritando já que a música era alta demais. Nem entendi o que ele falou só senti algo quando ele já me beijava e apertava minha cintura, no começo eu gostei e me deixar levar mas depois de dois segundos senti um pouco da minha consciência voltar e tentei empurrá-lo com os braços. Me desvencilhei dele e sai tombando pelos corpos que dançavam e se empurravam.


Me sentia suja e triste, e o pior de tudo era que eu mal conseguia ficar em pé e estava muito enjoada. Parei de caminhar assim que senti um pouco da brisa no meu rosto. Me apoiei em uma grade e tentei olhar pras luzes, só vi um clarão e tudo rodiar.


- Porra Letícia – ouvi uma voz furiosa chegar por trás de mim e me pegar no colo. Não consegui abrir meus olhos mas me sentia segura naqueles braços, tomara que não seja um assassino se não a minha mãe vai me matar. 

AmadoOnde histórias criam vida. Descubra agora