𝙲𝚊𝚙𝚒𝚝𝚞𝚕𝚘 𝟷𝟻

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Estávamos indo embora. Reinier ia na frente com o seu pai, que tentava conversar e recebia só múrmuros dele, Noga, eu e Júlia atrás em silêncio. Desde que soube da contratação de Reinier, e por acaso da sua ida para Madrid, eu me sentia anestesiada.

No início eu senti raiva, dele e depois de mim por ligar tanto pra um garoto que eu só beijei uma vez. Ai comecei a me sentir triste, é, porque tínhamos acabado de nos aproximar e quem sabe (um futuro próximo) algo a mais poderia acontecer. A tristeza se fez mais aguda quando fui conversar com a Júlia e a encontrei chorando.

- Eu não sei o que fazer, Le...

A olhei e tentei passar algum tipo de segurança mas na verdade eu também estava com esse pensamento. Porém, os problemas da minha amiga eram maiores que os meus no momento. Ela estava perdendo o namorado, brigada com o irmão e indo embora, ficando longe do cara que gostava.

- Julia, o Rei é seu irmão, um dia ele vai abrir a cabeça e vocês irão se entender – abracei ela mais uma vez

- O pior de tudo Letí é que eu tô estragando a amizade dele com o Gabriel... – limpou o rosto que se encontrava vermelho – com certeza algo vai mudar, e posso dizer que será a amizade dos dois

- Uma coisa de cada vez, é um assunto muito delicado pra ser resolvido somente com uma conversa. Sei que tu está nervosa mas precisa manter a calma e ir resolver aos poucos.

- Mas Letí, você viu como o Gabriel tá me evitando, como eu vou resolver se ele nem quer pra minha cara?! – Júlia franziu os lábios e passou as mãos nos cabelos na tentativa de se acalmar

Não quis falar mais nada pois ela não queria ouvir nada, e somente lamentar. Fiz meu papel de amiga e fiquei com ela até seu pai nos chamar para irmos.

Fui até meu quarto para pegar as malas e Reinier surgiu saindo do seu quarto. Ele estava com uma corta vento da nike e de bermuda caqui. Realmente estava fazendo um friozinho, já que passava das 20h... Ignorei e fui entrando até sentir sua mão no meu braço.

- Que foi? – perguntei vendo ele me olhar com pena

Fala sério, eu sou tão patética assim?

- Eu ia te contar – soltou meu braço – eu juro que ia. Só não deu tempo, aconteceu esse lance do meu joelho, e as coisas foram rápido demais...

- Não precisava ter me contado nada, Rei – ele me olhou estranho – só cuida da sua irmã, tá legal?

- Letícia, o meu problema com a Júlia, eu resolvo com ela. Eu só quero voltar a ser seu amigo, você é importante pra mim e não foi minha intenção te magoar – eu comecei abrir a boca para falar mas ele me interrompeu – eu vou embora e queria resetar qualquer coisa ruim que ficou entre nós. Tem muita coisa acontecendo na minha vida e eu só te peço pra não me julgar e tentar compreender o meu lado...

Por mais que eu esteja triste pelo fato que me iludi achando que um dia teríamos algo, ele tem razão. Reinier ia embora, sem data de retorno, e seria infantilidade ficar magoada por algo que só existiu na minha cabeça. Essa situação necessitava de maturidade e compreensão, da minha parte pelo menos. Chega de brigas e ilusões. De agora em diante, eu seria a mulher que nasci pra ser. Até porque, esse era a última temporada como ''adolescente'', não é?

Disse pra Reinier que o apoiaria independente de quaisquer situação e que eu seria a amiga que ele e Júlia precisariam. Nos abraçamos e eu pude sentir seu perfume pela última vez. Agarrei suas costas e apertei seu corpo contra o meu. Senti ele relaxar um pouco e falar no meu ouvido: ''você é incrível''. Me segurei muito pra não chorar e soluçar no seu ombro e por isso me desvencilhei rapidamente e sorri ligeiramente.

AmadoOnde histórias criam vida. Descubra agora