Dr. P

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As coisas meio que começaram a sair do controle, assim que decidi enfrentar aquela consulta sem minha fiel escudeira, Carla, para distrair o dr. P, ou melhor Dr. Pablo Sierra, meu médico a dois anos, no qual tenho total confiança, mesmo afirmado que é doido! No inicio foi por esse motivo que sempre fui acompanhada por Carla, mas apesar das brincadeiras entre os dois, comigo sempre agiu com uma seriedade enervante.

Houve uma vez em que fiquei tão  irritada, que acabei dizendo que levaria Carla vestida em uma niqab (vestimenta árabe que deixa apenas os olhos de fora) em tom foi de gracejo, mas ele não sorriu. Apenas abaixou os óculos e me encarou sério por um minuto, antes de dizer que meus exames estavam ok, voltando a me ignorar novamente, enquanto dava uma piscadinha para Carla.

No carro a caminho de casa, Carla se rachava de rir com minha indignação. Pensei até em mudar de médico, mas ele é realmente um ótimo profissional e eu raramente fico doente! Lembro da primeira consulta com ele, devido a uma forte amigdalite, ele me examinou atenciosamente, informou o problema e prescreveu a medicação com toda calma e eficiência, sem deixar de me observar atentamente e me perguntou se havia algo mais me incomodando, como se já soubesse a resposta.

_ Estou me sentindo sem ânimo, só isso.

_Mas como? Sendo tão jovem, não deveria sentir desânimo. _ observou minha ficha

_ Trinta. informei

_ Apenas trinta años... é com essa idade que te tornas uma verdadeira mujer! É a idade da plenitude feminina.

_ Não me sinto nada plena! _resmunguei

Notei pela primeira vez o quanto ele era charmoso, com aquele tipo latino, másculo, na casa dos quarenta, corpo em forma, perfeitamente distribuído em 1.80m mais ou menos. Os cabelos negros, apresentando fios grisalhos nas têmporas e o mais atraente par de olhos mais negros que já vi. Quem disse que olhos negros são frios, nunca recebeu uma boa mirada daqueles belos exemplares. Os olhos dele transmitiam um calor intenso, as ruguinhas ao redor entregavam o senso de humor e unindo a isso, um sorriso sexy meio de lado... invariavelmente dirigido a Carla... mas poxa que sorriso!

E caso não tenha sido muito clara ao descrever o atraente dr. Pablo Sierra, é estrangeiro e tem o sotaque mais sexy, quente... muito quente! E ironicamente, chileno!  Quando veio ao Brasil fazer residência médica, se apaixonou pelo país, decidindo adotar como naturalizado brasileiro, optou por clinicar em são Paulo. Sendo filho de pai chileno e mãe carioca, conhecia e amava ambas as culturas, mas o nosso país ganhou seu coração.

Como sei de tudo isso sobre meu médico? A maior parte das informações  veio das conversas na sala de espera da clínica. Ele era notado pelas mulheres obviamente e as garotas da recepção o admiravam abertamente. E havia Carla!  Os dois sempre batiam um papo rápido, após as minhas consultas, uma espécie de flerte inocente, que por algum motivo me irritava profundamente.

Quando nos despedimos após aquela consulta, com um impessoal beijo no rosto, característico dele e que me surpreendeu no início, senti a fragrância máscula e elegante que ele usava. Carla suspirou me olhando por cima dos ombros dele, me deixando sem graça. Depois de se despedir dela do mesmo modo e  já fora da clínica, foi que ela extravasou seu entusiasmo.

_ Puta que pariu que homem gostoso!

Olhei feio devido ao vocabulário, mas acabei sorrindo e concordando.

Assim tiveram início as provocações sobre o Dr. P e também sobre o Chile. Com o passar do tempo tirei aquela primeira impressão da cabeça e me esqueci do charmoso médico de luminosos  olhos escuros.

Até aquela conversa com as meninas acontecer.

Oque me levou a marcar uma consulta dessa vez, foi uma enxaqueca persistente e a insônia que estava me deixando desanimada e irritadiça. Cheguei ao consultório naquela manhã de sexta feira bastante nervosa e após me examinar minuciosamente comentou sobre meu estado.

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