Um Novo Amor

Emili

_ É isso oque quieres pequeña?

Eu o observei afastar-se completamente surpresa.

Surpresa com o avanço dele e mais ainda com minha falta de atitude. Completamente sem ação. Quando ele voltou a sentar atrás de sua mesa me olhando com ar cauteloso, voltei a respirar. Me apoiei na porta tentando recuperar o fôlego em um misto de horror e fascinação. "Que beijo foi esse?" Sentia como se ele houvesse tocado cada centímetro de pele do meu corpo.

_ Uau... _ sussurrei sem perceber_ Meu corpo vibrando como que atingido por uma descarga de energia.

Ele sorriu de leve meio de lado.

_ É oque quer?

_ S-Sim.

Apanhando um cartão sobre a mesa, anotou um número e me estendeu desafiadoramente.

_ Meu número particular.

Assenti e me voltei para a porta abrindo-a, lancei um olhar sobre o ombro em despedida e sai. Ele apenas assentiu com um ligeiro inclinar de cabeça e aquele sorriso molha calcinha, mantendo-se a distância. Não me preocupei em passar o meu próprio contato, afinal está tudo no meu cadastro da clínica e não seria difícil para ele conseguir se quisesse. No entanto se ele se aproximasse eu não sairia dali antes de ter mais do que eu queria, dizia o leve sorriso.

Voltei para casa me sentindo culpada e fiz o meu melhor para compensar minha família. Preparei o jantar com esmero, mas acabei sozinha em casa, porque Sergio e os meninos decidiram se entupir de besteiras na lanchonete favorita. A noite após um banho perfumado e com uma camisola sensual, recebi de Sergio apenas um beijo na testa e um "boa noite amor estou cansado". Foi quando decidi jogar tudo pra cima.

Meu celular tocou alguns dias depois e reconheci o número agradavelmente surpresa, não esperava aquela ligação. Não havia levado realmente a sério o flerte entre nós, meu relacionamento com Sergio me tornara uma pessoa insegura com relação ao sexo oposto, por isso não tive coragem suficiente para ligar.

_Emili?

Mesmo se não tivesse reconhecido o número, saberia que era ele pelo modo como dizia meu nome... um jeito especial, só dele.

_ Sim, sou eu.

_ Preciso te ver.

_ Eu...

_ Se arrependeu. _ deduziu pesaroso

_Oh não...eu só...quando?

_Hoje. Espero você na clínica...

_Na clínica? Mas...

_A última consulta é às oito... estarei sozinho oito e meia.

_ Está disponível para mim... mas e a...

_ Estou disponível o suficiente. E você? _ desafiou

_ Desculpe não é da minha conta.

_Precisamos conversar, mas não por telefone. E não se preocupe pequeña... eu não mordo!

_Que pena.

Ouvi sua inspiração profunda antes de dizer meu nome em tom de advertência.

_Emili.

_Oito e meia então?

_Ótimo. Até mais tarde, e Emili?

_Oque?

_ Posso morder se me pedir.

Desligou antes que eu respondesse.

Minha rotina mudou pela primeira vez em anos, fui ao salão ao invés da academia. Repaginei meu corte de cabelo, cuidei das unhas e da pele. Deixei tudo organizado em casa, pedi pizza e liberei o vídeo game até mais tarde. Deixei Mat responsável por não ultrapassar muito o horário de dormir. Por já serem bem grandinhos, abrimos mão de babá ou casa dos avós a alguns anos, ideia de Mat, que acatamos por serem ambos responsáveis e comportados.