Decida-se

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Meu envolvimento com Pablo já durava dois meses, nos quais saíamos para conversar e nos conhecer melhor, fomos ao cinema, assistimos uma apresentação teatral maravilhosa e fizemos longos passeios em parques. Sentados na grama em um simples picnic com queijo e vinho, nos abrimos gradualmente um com o outro, pouco a pouco nos envolvendo e nos apaixonando.

Organizamos meus horários, mais flexíveis, para coincidirem com as folgas dele na clínica, mesmo que fosse apenas para um café. As coisas em casa continuavam estranhas e logo Sérgio se deu conta de que algo mudara, as discussões passaram a ser uma constante, embora por outros motivos. Talvez por me sentir culpada eu acabava procurando desculpas para agir do modo como vinha agindo, mas já não conseguia ver Sérgio como um homem perfeito. Passei a notar cada um dos seus defeitos e como sempre fora egoísta e o quanto eu havia cedido naquele relacionamento. Passei a prestar mais atenção a certos detalhes, como seus horários, suas viagens constantes, seu desinteresse em nossa intimidade.

Embora discutissemos com maior frequência, evitávamos fazê-lo na presença dos meninos. Era no quarto que a máscara de civilidade caia e as acusações começavam. Decidida a dar um fim naquele inferno resolvi me abrir com Sergio e por as cartas na mesa.

_ Precisamos conversar.

_Você tem um amante Emili! _acusou ironicamente

A assertiva dele me pegou de surpresa, ainda assim pude sentir o tom de autodefesa. Parecia um dos meninos quando tentava esconder que havia feito algo de errado, como ir mal na escola ou entrar em alguma briga. Uma tática para desviar a atenção do verdadeiro problema.

_ De onde tirou essa ideia Sérgio?

_ Não finja! Eu notei você diferente... mas não quis acreditar nisso.

_ Talvez eu tenha mesmo...

_ Chega! Me recuso a ter esse tipo de conversa com você. Essa é a forma que você encontrou para chamar minha atenção? Controle essa carência e lembre-se que não tem mais 20 anos!

_ Você é muito engraçado Sergio... reclamar por ter uma mulher jovem e fogosa e preferir que eu haja como uma velha frígida!

_ Cala essa boca... você não sabe o que diz! Essas suas amizades não valem nada, estão enchendo sua cabeça de absurdos.

_Eu não traí você Sérgio... mas não suporto mais essa situação e...

_E o'que Emili? _ cortou rude _ Preciso cuidar de abrir suas pernas todas as noites, para que você as mantenha fechadas para os outros?

_ Meu Deus Sergio! Precisa ser assim tão vulgar?

_Talvez a culpa seja sua.

_Talvez seja.

_ Você conheceu outro cara? Pretende mesmo levar isso adiante?

_ Não sei. _ sussurrei

_Sempre tratei você como uma dama Emili, como minha esposa frágil e delicada... e veja só como me retribui, inventando esses absurdos!

_Talvez se houvesse me tratado como "mulher " as coisas fossem diferentes.

Ele saiu do quarto batendo a porta com força e mais uma vez o jogo do silêncio teve início.

Até pensei em conversar com as meninas sobre a bagunça que me meti, mas não tive coragem de tocar no assunto com elas. Apenas Carla suspeitava, pois já havia pedido cobertura para ela algumas vezes, mas não quis se intrometer. Sabia que eu me abriria no tempo certo e estaria pronta para me apoiar no que fosse. Em nossas confrarias procurava manter o foco das atenções nas outras meninas, o'que não era difícil com Tânia e Tess sempre as rusgas.

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