Por um instante

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A porta se abrindo me interrompeu, parecia que sempre havia uma porta entre nós. Dessa vez foi Sérgio quem entrou, indo diretamente até mim e segurando minhas mãos, nem percebeu a presença silenciosa no quarto.

_ Como você está Emi?

_ Estou bem Sérgio...

Abraçando-me com força prosseguiu.

_ Você me deixou preocupado, amor. Por que não me disse que não estava bem hoje cedo?

Meus olhos seguiram Pablo que se dirigiu a porta, saindo e antes de fechá-la me olhou por um instante de modo tão intenso que estremeci.

_ Pronto amor, já passou, eu estou aqui agora e vou cuidar de você. Precisa de algo?

_ Não... só estou cansada.

Fechando os olhos fiquei a imaginar porque estando comigo todos os dias Sérgio não notou nada de errado, e nessa mesma manhã saiu sem perceber a febre alta e meu mal estar. Agora estava ali todo preocupado, mas era tarde para isso! O mal estava feito, essa atitude me fez perceber que eu sempre seria invisível para ele. Tudo sempre viria antes de mim em sua vida. A menos que outras pessoas notassem, e houvesse motivo para questiona-lo, afinal precisava manter a ilusão de marido devotado, mas eu senti sua contrariedade por ter de estar ali.

Fiquei três dias no hospital devido a uma infecção grave das vias aéreas, recebi alta sob recomendação de repouso e prescrição de antibióticos que me deixavam sonolenta. Sergio ficou dois dias em casa comigo, sendo muito gentil e cuidadoso, oque foi uma surpresa, já que ficar ao lado do leito de alguém doente não era o seu forte. Os meninos por serem grandinhos também ajudaram e se comportaram muito bem. A confraria também me visitou e se prontificaram a me auxiliar no que eu precisasse até estar 100% recuperada. Em poucos dias estava me sentindo quase em forma, e minha rotina diária voltou ao normal, meu projeto em andamento, a correria com os meninos e o humor imprevisível de Sérgio a colorir meus dias.

Precisava conversar com Pablo depois de tudo o'que aconteceu na clinica, por isso liguei.

_Emili?!

_Que bom ouvir sua voz. _ suspirei

_ Como estás mi pequeña?

_ Estou bem, completamente recuperada.

_ Fico feliz em ouvir isso. Fiquei muito preocupado com você. Não sabia que você tinha bronquite, não tem nada sobre isso no seu prontuário!

_ Faz anos que não tenho uma crise, sofria muito quando criança, achei que estava curada, por isso não mencionei.
Mas agora estou bem!

_ Sinto sua falta, Emili.

_Oh Pablo... porque tem que ser tão complicado?

_ Ele se preocupa com você.

_ Foi oque pareceu? A dias eu me sentia mal, não dei atenção porque estava cheia de coisas na cabeça. Mas a Carla percebeu e me chamou a atenção, eu preferi ignorar... mas alguém que se preocupasse realmente teria notado não? Mas como sempre estava ocupado me ignorando para notar qualquer coisa!

_ Tão ruim assim?

_ Acho que no fundo desconfia de algo.
_silêncio. _ Acalme-se Pablo... ele desconfia de algo, não de alguém!

_ Preocupo-me por você Emili!

_ Não precisa se preocupar comigo, ele pode ter alguns defeitos, mas não é um bruto, além disso sei me cuidar.

_ Como ele vem agindo? _o tom foi preocupado

_ Não nos falamos exceto quando estive doente.

_ Idiota.

Um Novo AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora