BFF

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Durante todo o processo de divórcio mantive o foco nos filhos e na carreira que começava, ainda que de forma tardia. Mas isolei completamente meus sentimentos, traumatizada com o'que houve entre Sérgio e eu, releguei a segundo plano tudo aquilo que me lembrasse que sou uma mulher ainda jovem e com uma vida inteira pela frente.

Mesmo cercada de amigos me sentia terrivelmente só e neste momento era impossível não pensar em Pablo. Ele foi muito especial para mim, não apenas por termos nos envolvido física e emocionalmente, mas principalmente por ter me feito voltar a me enxergar como mulher, como um ser humano capaz e como alguém digno de um sentimento tão doce como o'que ele me ofertou, me fez desejar mais do que uma vida doméstica perfeita e comum, despertou sentimentos que eu nem mesmo sabia que era capaz, fez com que eu me enxergasse como mais do que apenas mãe e esposa, papel que eu desempenhava sem discutir, porque fora aquilo que eu escolhi.

Mesmo não estando feliz, mesmo não me sentindo realizada, quis demais manter meu sonho de ter uma família perfeita, vivo. Mas ele me fez ver que a responsável por minha felicidade sou eu mesma, que somente eu posso realizar meus sonhos, ninguém pode sonhá-los por mim. Todos os que me conheciam antes de tudo virar pó, notaram minha mudança.

Perceberam minha felicidade e afirmaram que me tornei uma pessoa melhor, mais atenta a todos ao meu redor, fora da minha bolha de proteção, eu cresci e amadureci. Meu relacionamento com os meninos que já era bom, se tornou ainda melhor e mais forte. Porque estando feliz, quis dividir minha alegria com todos. Me dei conta de que minha relação com Sérgio era boa, porque ambos nos acomodamos em um casamento morno e sem atritos. Agora separados e sem minhas cobranças ele se tornou um pai maravilhoso e muito mais presente na vida dos filhos, mesmo nos falando apenas o necessário, mas de forma não muito pacífica, já que precisou enfrentar a responsabilidade por seus atos.

Mas nos momentos de solidão, a saudade de Pablo gritava alto e eu estava cansada de fingir não escutar. Mas o medo de me machucar novamente era mais forte. Temia descobrir que oque tivemos foi efêmero e sem importância para ele, quando significou tanto para mim. Por isso me joguei de corpo e alma no trabalho e os planos para aumentar o ateliê improvisado em casa, começaram a dar certo. A marca GG começou a ser reconhecida e vendida em praticamente todos os shoppings de São Paulo e logo poderíamos mudar para um local mais apropriado.

Minhas duas funcionárias decidiram investir e tornaram-se sócias  e com a injeção de capital, contratamos mais pessoas, compramos todo o maquinário necessário para a ampliação, sem precisar terceirizar as customizações mais complexas. Pela primeira vez me sentia realizada profissionalmente e a sensação era incrível.

_ Tenho ótimas notícias! _ exclamou Maria minha sócia e bordadeira de mãos cheias

_ Conte-nos tudo! _ pediu Célia a outra sócia e a melhor costureira que eu já vi

_ Conseguimos aquele espaço maravilhoso que estávamos de olho a meses! E o melhor... o lugar está a venda!

_Que boa notícia! Mas espere... nós não temos capital para uma compra desse porte Maria. _falei desanimada

_ Temos sim... usando o nosso capital para dar uma boa entrada e financiando o resto. Podemos arcar com as prestações ao invés de pagar aluguel!

_Célia você é um gênio!

_ Precisamos dar algo como garantia.

_Que tal as máquinas Maria?

_ Perfeito, Emili! Cuidaremos disso essa semana mesmo.

E tudo deu certo de forma quase milagrosa, claro que as custas de muito esforço! Éramos agora proprietárias de nossa própria oficina e com um espaço perfeito para montar a nossa primeira boutique da grife GG. Permaneceriamos em minha casa durante as reformas e continuamos a vender para lojistas, decidimos permanecer assim, até a marca andar com as próprias pernas. Mas teríamos coleções exclusivas na nossa loja e outra paralela para o comércio em geral.

Um Novo AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora