Independência

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Os dias passaram depressa e quando me dei conta fazia quase um mês que falei com Pablo pela última vez. Eu o magoei com minha falta de atitude, minha indecisão. Decidi dar uma guinada em minha vida e coloquei em prática um projeto antigo. Há algum tempo eu vinha acalentando o desejo de montar um negócio próprio, possuía inclusive algumas economias destinadas a isso, desde antes de me casar. Sergio me incentivou a deixar esse dinheiro investido logo que nos casamos e depois dizia que não precisávamos dele, por isso nunca resgatei, apenas fiz uma aplicação mais segura, agora parecia o momento ideal para dar uma finalidade a ele.

Sergio voltara de viagem muito cordato e tranquilo, agindo como se tudo estivesse perfeito e eu estava me sentindo esgotada demais para iniciar uma nova rodada de discussões. Assim permanecemos agindo com indiferença velada e a vida seguiu seu curso. Aproveitei o tempo livre para adquirir o conhecimento necessário para iniciar uma micro empresa. O primeiro passo foi procurar um serviço de apoio a micro empresários, onde me indicaram cursos de capacitação profissional e também a melhor forma de iniciar uma empresa. Procurei a associação comercial para obter informações sobre cadastros e taxas a serem pagas, tirei meu cnpj e registrei o nome da minha marca "Gatas Gloriosas". O segundo passo foi ir atrás de fornecedores, revendedores e pesquisar o mercado para saber as necessidades dos possíveis clientes. Queria fazer algo diferenciado e a ideia inicial era montar uma boutique com peças personalizadas, visando consumidoras com dificuldades específicas na hora de encontrar roupas e acessórios. Mulheres plus size, magérrimas, muito altas ou muito baixinhas, mas que são antenadas e gostam se produzir sem ser escravas da moda.

Contei com o apoio total da confraria e em algumas semanas, estava pronta para colocar a mão na massa. Sérgio ao notar toda movimentação, decidiu quebrar o gelo e questionar sobre toda aquela agitação. Depois de tudo esclarecido decidiu me acompanhar na busca por um local que satisfizesse minhas necessidades. Não precisava de um lugar grande, mas precisava ter visibilidade. Foi desanimador, os aluguéis eram exorbitantes e as exigências absurdas, ou o local era afastado demais, grande demais ou muito pequeno. Comecei a me desesperar por não conseguir nada próximo sequer do que eu queria. Parecia que as coisas começaram a desandar, já que havia prazos a cumprir e dinheiro não nasce em árvores. E para piorar, os comentários irônicos de Sérgio, me fazendo sentir tola e incapaz, a casa novo fracasso.

Tanto pressão cobrou seu preço e logo comecei a sentir os primeiros sintomas de estresse, mas ignorei o alerta. Continuei incansável na busca de uma solução.

_ Consegui contratar uma costureira e uma bordadeira de mãos cheias. -contei em uma reunião da confraria.

_ Isso é ótimo Emi!

_ Nem tanto Tess... tenho as profissionais, a marca e milhões de idéias... mas falta o espaço para começar.

_ Emi, você já pensou em começar em casa?

_Que ótima ideia Tania! Sua casa é grande Emili, tem espaço de sobra.

_Mas... me parece tão pouco profissional. _ resmunguei

_Que isso Mili? Muitas pessoas de sucesso começaram com negócios na garagem sabia?

_É isso aí Ca... tem muitos até que foram camelôs!

Rimos muito e o ambiente ficou descontraído.

_ Vocês tem razão!

_Que tal transformar o quarto de hóspedes no térreo, em uma oficina? Depois pode oferecer suas criações exclusivas em lojas e shoppings.

_ Poxa queria mesmo montar minha loja!

_ Bobagem amiga. _ ralhou Tania _ Se a vida te dá limões...

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