Um Novo Amor

Meninos

_Por que os homens têm de ser tão complicados?

_ Você foi cruel Emili. _ apontou Carla

_E eu não sei? Saiu sem querer... não penso assim.

Conversávamos durante um café, depois de passar o dia organizando a loja que seria inaugurada em poucos dias. Carla saiu do trabalho direto pra lá e aproveitamos para comer algo antes de ir para casa, já que a confraria não se reuniria naquele fim de semana. Ana e Tess viajaram para o litoral, pois Ana estava uma pilha de nervos e precisava relaxar, como a única livre no fim de semana era Tess aproveitou para aceitar o convite. Tânia estaria fora também, mas a trabalho e Carla tinha compromisso com o namorado. Quanto a mim passaria o fim de semana tentando arrumar a bagunça que fiz com Pablo.

_ Ele só quer protegê-la.

_Eu eu aos meus filhos! Além disso eu não sai de uma gaiola para entrar de bom grado em outra!

_Emili , você já parou pra pensar que talvez essa não seja a melhor forma?

_ Como assim Carla?

_ Dizer a verdade aos meninos pode magoá-los, mas não dizer é ser cúmplice dos abusos de Sérgio. Ele faz a cabeça dos meninos contra você e você permite.

_ Tem razão, claro. Mas do jeito que as coisas estão, se eu tentar dizer a verdade podem achar que estou mentindo.

_É isso aí.

_ Nossa que confusão eu fiz. Achei que estava protegendo os dois, quando na verdade protegi o Sérgio, agi como se tivesse feito tudo de errado! Pior deixei os dois confusos, achando que estão sendo desleais com o pai por me apoiarem.

_Ai amiga, me sinto péssima por bancar a advogada do diabo.

_Que nada! Você me fez ver as coisas por outro ângulo.

Resolvi conversar com Mateus e Pedro e assumir meu relacionamento com Pablo abertamente. Percebi que por medo, ergui barreiras contra ele, agindo como se suas atitudes fossem apenas em benefício próprio, quando na verdade queria apenas facilitar as coisas pra todos. Foi complicado lidar com a reação dos dois, Mat principalmente, fez questão de dificultar ao máximo.

Ainda assim, não me acovardei e convidei Pablo para jantar em casa conosco para apresenta-lo aos dois. Seria uma forma me desculpar pelo que eu disse e também de mostrar efetivamente que não pensava daquela forma. Mas meu filho mais velho decidiu fazer a linha adolescente rebelde e agressivo, muitas vezes na escola e também descontando sua raiva no irmão mais novo. Durante o jantar Mat se recusou a sentar à mesa com Pablo.

_Quero que esse cara vá embora!

_O nome do meu convidado é Pablo. E ele não vai embora Mateus, portanto seja educado.

_ Esta casa também é minha! Você não pode trazer qualquer um aqui! Papai deixou a casa para mim e Pedro e não quero esse homem aqui! _ gritou _ Pedro diga a ela para mandar ele embora.

_M-mas ele é legal Mat.

Mateus agrediu o irmão com um soco!

Eu o segurei pelo braço afastando do irmão chocada com sua atitude, exigi que se desculpa-se. Soltando-se de forma brusca correu para fora da cozinha, de onde ouvi a porta do quarto bater com força. Pedro se fez de forte e mesmo com o lábio ferido, fez questão de participar do jantar até o fim. Depois de me ajudarem com a louça, convidou Pablo para jogar videogame, enquanto eu preparava um café. Mais tarde depois de Pedro ir para o quarto, Pablo me abraçou forte e após me beijar suavemente se despediu. Na manhã seguinte Pedro exibia uma mancha roxa no queixo, e meu coração ficou apertado por me sentir culpada.

_ Pedro você conversou com seu irmão?

_Sim mãe. Ele se desculpou.

_Que bom filho. Agora por favor suba e me deixe falar com Mateus.

_ Não seja dura demais com ele mãe.

Mateus fuzilou o irmão com os olhos, mas não disse nada. Sorri para Pedro e seu jeito tão doce.

_ O Que tem a dizer Mateus?

_ O que é isso um júri?

_ Não. Apenas uma pergunta para um menino que se acha adulto, mas que machucou o irmão menor.

_ Foi sem querer.

_ Não, não foi. Ninguém dá um soco sem querer.

_ Ele provocou.

_ Como pode dizer isso, Mateus? Pedro apenas discordou de você... e você lhe deu um soco!

_ Já me desculpei mãe!

_ Certo. Mas acho que deve desculpas a mais alguém.

_ Desculpe mãe. Fiquei irritado porque preferiu jantar com aquele cara.

_O nome dele é Pablo. E não preferi jantar com ele... seu prato estava na mesa como sempre. Mas preferiu agir como uma criança mimada e se trancar no quarto.

_ Não gosto dele.

_ Pablo era meu convidado. E você não lhe deu sequer uma chance, antes de dizer que não gosta dele.

_ Mesmo assim, não gosto dele.

_Mas eu gosto.

_Papai disse...

_Continue.

_ Disse que aquele... Pablo, destruiu nossa família.

_E você concorda com isso?

_ Não sei... mas foi o que o pai disse.

_E o que eu disse Mat? Não conta?

_M-mas você não disse nada mãe.

_ Você não me deu chance... não perguntou nada, nem deu uma chance ao Pablo... deu?

_ Não... mas ele não conta, nem é da família!

_Mas quer ser. Pablo quer se casar comigo.

_ Credo mãe! Não quero que se case com ele!

_ Certo. E quanto ao que eu quero?

_E você quer se casar com ele?! _ horrorizou-se

_Talvez... mas não se você e Pedro não aceitarem.

_ Não aceitamos!

_ Mesmo que isso me deixa infeliz?

_Mãe se você se casar com outro... o pai não vai poder voltar pra casa!

_ Filho... isso não vai acontecer. Seu pai e eu nos divorciamos e isso é definitivo. Não nos amamos mais e só nos magoaria se ficássemos juntos.

Decidi encerrar a conversa por enquanto, dera muita coisa para que pensasse e quanto estivesse mais calmo voltaríamos a conversar. Sabia que Mat analisaria a situação e viria conversar comigo sobre suas dúvidas, sempre fora assim, desde muito pequeno. Fazia perguntas complicadas e depois que obtinha resposta, analisa com calma, voltando depois com as próprias conclusões. Com Pedro as coisas eram mais simples, talvez por não ser tão racional como o irmão mais velho, tudo oque precisava saber era se eu estava feliz.

_ Vocês se amam mãe?

_Sim Pedro. Pablo é um bom homem e me faz muito feliz!

_ Não sei se Mat e eu vamos gostar desse Pablo. Mas se você está feliz, prometo tentar.

_Que bom amor. Isso é tudo oque peço.

_ Vou conversar com Mat.

As coisas começaram a se acertar depois disso e embora Pablo não tivesse voltado a minha casa, por decisão dele, para não chatear Mat ainda mais, continuamos nos vendo sempre e nos falando todos os dias.