A Princesa de Inferis

𝕯𝖊𝖘𝖙𝖎𝖓𝖆𝖉𝖔𝖘

                            𝕮𝖑𝖆𝖗𝖎𝖘𝖘𝖊

O rapaz loiro deu mais alguns passos adentrando ainda mais a sala parando ao lado de Noah. Ele olhava para meu tio que se aproximava cautelosamente o analisando por completo com uma feição chocada.

O contraste entre Noah e ele era impressionante. Enquanto o moreno fisicamente parecia uma muralha, o loiro era um pouco menor que ele e bem mais magro e, mesmo assim, me deixava em alerta e agitada.

─ Michael, você não mudou absolutamente nada. Continua extremamente estiloso. ─ Ele sorria levemente para meu tio.

─ Não posso acreditar nisso... — Michael deu mais alguns passos em direção ao loiro e quando me dei por mim, havia pulado sofá e me colocado entre os dois em uma quase posição de combate enquanto encarava o homem a minha frente o analisando por completo tentando entender o motivo dele me deixar tão alerta.

Mesmo com aquela enorme cicatriz no rosto, sua aparência era estranhamente encantadora mas nada se comparou a sensação que tive ao encontrar seus olhos, o arrepio que percorreu minha espinha por conta da melancolia e do ódio que transbordavam em seu olhar. Ambos sentimentos combinavam perfeitamente com o azul de sua íris.

Prendi-me naquela sensação por mais estranha que fosse e parecia que nada mais em volta existia percebendo que ele parecia estar no mesmo transe que eu.

O mesmo que aconteceu quando olhei nos olhos de Noah, porém, o Príncipe me passou paz e agora estou encantada pelo ódio que há nesse rapaz.

Como ele consegue controlar tanto ódio?

— Princesa Clarisse. — O loiro disse em tom baixo e sua voz saiu roca.

Senti um arrepio percorrer minha coluna enquanto minha expressão se fechava ainda mais. Olhei para Noah esperando uma explicação sobre como aquele rapaz sabia quem eu era. O moreno olhava para o amigo com uma expressão de repreensão e suspirava logo em seguida levando a mão ao rosto.

— Nathanael é filho de Carmak... — O moreno falava enquanto tirava a mão do rosto e cruzava os braços se apoiando no sofá em seguida.

— Infelizmente. — O loiro interrompia Noah que voltava a repreendê-lo com o olhar. O loiro sorria enquanto o moreno levava à mão a cabeça e suspirava fundo.

— Acho que vocês dois tem muito a explicar. — Michael falava saindo de trás de mim enquanto entrelaçava seu braço aí meu como se estivesse me contendo e contendo a si próprio já que sua voz estava em um tom o qual eu nunca havia ouvido antes. — Vocês saíram de dois birrentos que não suportavam a presença um do outro para cumplices a ponto de forjarem uma morte — Sua agitação era tanta que transpassava para seu corpo e podia se for seu braço tremer junto ao meu. — Tem noção de como sua irmã sofreu com sua "morte"? Lana? Eu? E até seu pai? — Ele se controlava ao máximo para evitar gritar com ambos, mas sua voz já estava alterada.

Uma gargalhada seca na qual podia sentir uma mistura de raiva e amargura vinha de Nathanael. Michael e eu nos entre olhamos completamente perdidos com aquela situação enquanto Noah somente cruzava os braços desistindo de tentar dar qualquer explicação.

─ Desculpa. — O loiro limpava uma que caia de seu olho por conta da "crise de riso" e respirava fundo logo em seguida se recompondo.— Vamos contar tudo.

{...}

Eu estava encostada na parede enquanto os rapazes estavam sentados no sofá. A cada fato que aquele rapaz contava sobre o que lhe havia ocorrido, eu tremia cada vez mais. Agora entendia o que via em seu olhar, a amargura em sua risada e o ódio por seu pai.