O Reflexo

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Era uma tarde quente, estava calorosa, eu estava suando de um modo sufocante. Estava deitada, olhava para o teto como quem admirava uma beleza encantadora, olhava cada canto e, os meus olhos pesavam, ardiam, pois já com sono eu lutava conta a vontade de fecha-los. Peguei no sono!

A cama é empurrada para o outro lado do quarto, a meio metro mais ou menos...
Acordo no susto, meu coração está disparando, não há ninguém além de mim nesta casa, como a cama veio parar aqui? Não tem como, isso não aconteceu! Não pode ter acontecido!
Começo a ficar assustada, com as mãos trêmulas vou bem devagar para a beirada da cama. Agora, de pé ao lado da cama, me abaixo o suficiente para olhar por baixo dela, e nada! Nem um rastro de poeira sequer, levanto, coço a cabeça, confusa sem entender o por que do ocorrido quando não se tem ninguém em casa.

Saio do quarto e vou até a cozinha ainda assustada, tomo um copo de água e ao mesmo instante em que me viro, um vento frio adentra a minha casa, fazendo as cortinas da sala balançar e a janela abrir rapidamente. Corro para fecha-la, agora estou mais aflita ainda, até me dá conta de que a porta estava aberta esse tempo todo, em seguida começo a ouvir um latido vindo do meu quarto. Vou devagar passando por toda aquela trajetória até chegar lá... dou de cara com o Milon, cachorro da minha vizinha, grande e forte o suficiente para que em uma batida possa afastar a cama.

Ele parecia estar machucado na cabeça, como se realmente ouvesse a possibilidade de ter dado uma cabeçada na cama, mas por quê só me apareceu agora?
Bem, paro de me questionar e aceito a situação como sendo somente um acidente. Coloco o Milon para fora e agora aliviada e sem paranóias, fecho a porta com a chave, coloco a cama no lugar, tudo em ordem!
Vou para o banheiro, um banho é tudo o que eu preciso depois dessa confusão.

Entro no banheiro, tiro a roupa e entro no box, ligo o chuveiro e deixo que a água me molhe por completa.
A porta do  armário do banheiro abre, não ligo, continuo tomando banho, fecho os olhos por um minuto e sinto uma tensão enorme, tenho a sensação de ter alguém ali bem na minha frente, a centímetros do meu rosto.
Algo me força a abrir os olhos, tenho medo! Mas abro rapidamente. Não há nada ali !

Fico tensa, o meu corpo soa, saio do box e vou até o armário do banheiro. Fecho, mas assim que me viro para pegar a toalha, ele abre novamente fazendo um barulho irritante.
Volto, fecho o armário e em um piscar de olhos uma face sorri, um sorriso malicioso, mas ... essa face sou eu, é o meu rosto! Eu não estou sorrindo, por que ela está?

- O que você quer? - pergunto já com lágrimas no rosto.

Ela aponta bem lentamente para a parede logo atrás de mim.
Temo me virar, mas sinto uma pressão em meu corpo me forçando a virar e... sinto uma mão envolvendo o meu pescoço, sinto o aperto, a pressão feita ao meu cérebro para respirar, sinto os meus olhos querendo pular para fora e toda a minha cabeça esquentando!

A única coisa que eu consegui ver foi, aquele mesmo sorriso malicioso antes de apagar por completo...
A partir daquele dia, quebrei todos os espelhos da minha casa, jamais verei aquele reflexo novamente!

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