Capítulo 01

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As pessoas não são simples, assim como as pessoas não são simples os sentimentos também não. Podemos estar olhando para as pessoas em ângulos distintos, não tem como definir com precisão.

P.V.O Dulce

Alguns anos atrás

Eu e o Poncho éramos melhores amigos, nós dois éramos inseparáveis, quando a Joanna, mãe de Poncho, se casou novamente, a família começou a passar por uns problemas, o marido dela não gostava do Poncho, quando Joanna ficou grávida melhorou um pouco a vida deles, assim que a Maite nasceu ficamos mais unidos do que nunca, quando May completou 5 anos, tudo saiu dos eixos, uma vez escutamos uma conversa da Tia dele, com a Joanna e o padrasto dele, enquanto brincávamos com a May. Apesar da pouca idade, entendemos o que a conversa significava.

A tia dele falava que o melhor para o Poncho que ela o levasse, já que ele não podia fazer nada que o marido da mãe dele achava um defeito, eu sai da casa do Poncho segurando o choro, na escola e no local que morávamos ele era o meu protetor e melhor amigo, eu considerava os dois como irmãos, minha mãe e a Joanna são muito amigas.

Quando May completou 7 anos a mãe dele tomou a decisão de entregar ele a Tia dele, o marido dela havia conseguido fazer a sua cabeça. A tia dele veio busca-lo, foi o dia do choro, eu chorava, Poncho chorava, a mãe dele chorava, a May tentava entender o que estava acontecendo e ficava so olhando.

- De hoje em diante você não vai saber nada sobre ele, nada, entendeu?- disse Teresa em um tom frio.

- Você não pode fazer isso...-ela foi interrompida.

- Posso sim, você tomou sua decisão, você preferiu esse macho escroto, quando meu irmão voltar irei contar tudo a ele.

- Não, o pai dele vai me privar de ter contato com ele.- Joanna protestou.

- Essa foi sua decisão, por mim eu levaria essa decisão ate o fim da vida, mas isso irá depender do Alfonso.

Eu e o Poncho ficamos olhando toda a briga. Quando eles estavam saindo eu acompanhei eles, poncho ia abraçado comigo, a Tia dele ia em direção ao carro levando as malas.

- Tia, posso pedir uma coisa?

- Qual é o seu pedido? -abriu o porta mala e colocou as coisas dele.

- Deixa eu manter contato com a Dulce?- ela levantou uma sobrancelha.

- Meu bem, não posso deixar isso, a sua mãe cortou todos os laços com você, então eu irei manter você afastado de todos, é melhor para todos. -ela chegou perto de mim e do Poncho.

- Por favor, tia...

- Vou pensar, Alfonso. Tudo bem? - ela se afastou e entrou no carro.- vamos...

Eu e o Poncho se abraçamos ao choro depois de uns minutos ele entrou no carro e a tia dele deu partida.

Foram dias de tédio, eu não falava mais com o marido da Tia Joanna e evitava eles. Depois de um tempo eu voltei a falar com a Tia Joanna, mas nada era como antes, May sempre vinha brincar aqui em casa, quando tinha alguma festa e o Marido da Tia Joanna estava eu nem chegava perto. E assim foi durante meses.

×××

2 anos depois


- VOCÊ É UM CAFAJESTE, EU DEVERIA TER PERCEBIDO COMO VOCÊ ERA ANTES DE FAZER A MINHA VIDA AO SEU LADO.-mamãe gritava descontrolada na sala.

-Fica calma, Ninel.- papai tentava acalma-la.

- Ficar calma? Eu acabo de descobrir que você tem outra família, e vc quer que eu fique calma?

-Eu não traí você...

- ENTÃO AQUELA VADIA AGARROU VOCÊ E FEZ VOCÊ TER UM FILHO COM ELA QUASE DA IDADE DA DULCE, E MANTER UM RELACIONAMENTO? É ISSO, FERNANDO?

- Ninel deixa eu explicar...

- VOCÊ QUER ME EXPLICAR O QUE? EU VI COM OS MEUS PRÓPRIOS OLHOS.-eu via a briga toda do corredor. Mamãe olhou o papai dos pés a cabeça- VOCÊ É POUCO HOMEM.

- EU SOU TÃO POUCO HOMEM QUE EU PASSEI 14 ANOS DA MINHA VIDA TRABALHANDO PARA CONSEGUIR DINHEIRO PARA OFERECER O MELHOR A VOCÊS....

- O QUE O DINHEIRO IMPORTA SE QUANDO FALTA CARÁTER E FIDELIDADE, FERNANDO? VOCÊ É POUCO HOMEM SIM.

- DESSE JEITO NÃO VOU CONSEGUIR FICAR NESSA CASA.-Mamãe foi ate a porta e abriu.

- A porta da saída é a serventia da casa.- eu estava chorando, mamãe me abraçou tentando passar segurança. Papai naquela noite dormiu fora de casa.

Eles tentaram uma reconciliação, mas mamãe ficou sabendo que papai ainda estava junto com a amante dele, toda noite era uma briga diferente, então a mamãe percebeu que aquilo estava sendo tóxico para todos, principalmente a mim, então ela resolveu se separar de vez, eu e ela estávamos sentando no sofá quando escutamos alguém tacar uma pedra na janela da sala.

- Dul, vá para o seu quarto.

- Não, mamãe.

- Por favor, Dulce.

Na hora que eu ia responder a pessoa jogou mais uma pedra fazendo a janela trincar, escutamos a voz do meu pai fora da casa, mamãe foi em direção da porta e abriu.

- O que vc acha que veio fazer na porta da minha casa, Vagabunda? -arregalei meus olhos quando ouvi a mamãe dizer isso.

Fui em direção a porta e vi o papai segurando uma mulher, ela estava se debatendo nos braços dele. Fiquei pasma ao reconhecer ela.

- Vagabunda é você- disse apontando para minha mãe. - Você acha mesmo que vai me tirar o Fernando? Ele é meu. -Minha mãe deu uma risada de deboche.

- Seu? Ele é o meu resto, querida, você apenas pegou o meu resto como sempre fez.- a mulher voltou a se debater mais forte nos braços do meu pai.

- Mas agora ele é meu, MEUUU.

- Como voce se contenta com pouco e com resto, isso é impressionante, mas não posso me chocar com isso.- mamãe desceu as escadas ficando perto dos dois- sempre foi assim, sempre quis ser a dona de tudo, ter toda a atenção voltada a você, desde pequenas você tentava ter toda a atenção de nossos pais, sempre teve inveja de mim, mas dessa vez conseguiu se superar. Amante? Isso é o cúmulo, Querida Irmã.

Ela avançou em cima da minha mãe, meu pai não conseguiu segurar ela. Acabou acertando um tapa em minha mãe, a mesma deu uma risada maléfica e olhou minha Tia.

- Chega, vc ficou louca?- papai ficou na frente da minha mãe, defendendo ela.

- Eu não preciso de você, Fernando.- Mamãe ficou de frente para a Gabriela, olhou ela dos pés a cabeça.- você é uma vadia, sempre vai ser assim, isso vai ser para você jamais se meter na minha vida novamente. - Mamãe ao contrário dela, acertou um soco, fazendo a mesma cair com o impacto. - nunca tente tocar em mim.- Gabriela estava no chão olhando mamãe com ódio, quando a mamãe virou-se ela puxou os pés da mamãe, eu soltei um grito assim que vi a minha mãe indo ao chão.

- Você vai me pagar, Ninel!- tentou subir em cima da minha mãe, mas a mamãe foi mais rápida, conseguiu empurrar a Gabriela, subiu em cima dela a imobilizando.- Me ajuda, Fernando, tira ela...

- Você é uma burra mesmo, você acha que por ele esta aqui vai defender você? Ele não vai fazer isso, se ele encostar um dedo em mim, vocês dois vão ficar muito ferrados.- Mamãe acertou o primeiro tapa.- voce não ia fazer eu pagar, Gabriela?- mamãe deu outro tapa.- Cade a sua coragem? - mamãe deu uma sequência de tapa. Eu fui tentar tirar a mamãe, mas assim que me aproximei o papai me segurou.

- Me solta, não me toca. - mamãe olhou em minha direção.

- Solta a minha filha, cafajeste. - ficou de pé e segurou meu braço. - vá atrás de seu querido filho, Fernando. -mamãe me olhou.- está tudo bem?- fiz que sim com a cabeça e ela virou-se para o meu pai.- leve essa mulherzinha de quinta categoria embora, não me faça perder mais a minha doce paciência.- segurou minha mão e entramos pra casa.


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