Capítulo 68

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Daniel e Teresa esperavam por nós na entrada da casa, ele estava de pijama e segurando o urso que ele amava dormir, fui andando rápido em sua direção, abracei ele bem apertado, tentava a todo custo segurar as lágrimas.

- Dulce? -olhei para Teresa, em um rápido movimento, e que eu não esperava, ela me abraçou.- Eu sei o quanto isso machucou você, Maite havia me ligado mais cedo e explicou o porquê de você não ter pego o Daniel.

- Eu quero ser forte, não posso deixar isso me abalar, é a segunda vez, passei por coisas piores.

- O problema não é, e nunca será ser forte ou você ter passado por isso antes, mas sim a dedicação e amor que você deu a essa pessoa, a sua confiança nela, isso que vai doer.- não segurei as lágrimas.- Quer passar a noite aqui? Tem algumas roupas que eu nunca usei, pode usar.

-Eu tenho trabalho pela manhã, eu...

-Eu levo você para sua casa, não tem com que se preocupar.-Teresa estava me dando suporte, e eu não poderia recusar a essa altura.

- Vejo vocês amanhã.-me despedi de Christian e Belinda.

Ficamos esperando eles entrarem no carro, eu sabia que Belinda de alguma forma queria me proteger, e isso significava que não importava a decisão que eu tomasse, e ela sabia que aquela era a melhor para eu pensar no que faria depois.

- Vovó?- seu netinho surgiu na porta, seus olhos verdes chamaram minha atenção, ele deveria ter uns dois anos, era tão lindo.

- Anthony.-Daniel correu em sua direção.- essa é a minha mamãe.-ele apontou para mim.

- oi...- o garotinho deu um sorriso tímido.

- Vamos entrar? Esta ficando muito tarde.

Entramos, Teresa me levou ao quarto de hóspede, Daniel não desgrudou de mim nem sequer por um minuto, troquei de roupas e desci, Teresa me chamou para conversar. Daniel chamou o pequeno Anthony para ficar na sala, coloquei um desenho infantil para eles, Daniel me abraçou, Anthony não tirava os olhos daquele gesto, não me aguentei e acabei chamando ele para deitar ao meu lado, abracei os dois.

- Parece que você conquistou o meu neto.- depois de uns longos minutos Teresa apareceu na sala, os meninos estavam dormindo, era muito tarde, os dois estavam com sono e acabaram não resistindo.

- Ele é um garoto doce.

- É uma pena que meu filho não reconhece isso, agora eu sei o que Alfonso passou com a Lívia, mas o horrível dessa situação toda é que ele é meu próprio filho, e eu também sei o que é esta no seu lugar.

- É terrível, no início não sabemos o que fazer, achamos que jamais vamos ser suficiente.

- Eu lutei para ter ele ao meu lado, a mãe dele havia entregado ele para um lar adotivo, eu não iria deixar meu neto sozinho.

- Quem é que faz isso com uma criança indefesa?

- Meu filho sabia da existência, mas não queria assumir a paternidade, eu quase fiquei louca quando ele me revelou isso.

- Deve ter sido horrível.

- Foi sim, mas o ponto não é esse aqui. Mas sim você, Maite não me explicou com clareza, mas sei que você foi machucada por alguém que seu coração batia e amava.

- Christopher... Ele é o motivo de eu estar aqui, ele conseguiu me enganar, conseguiu esconder seu relacionamento com outra mulher, eu era apenas uma amante.

Expliquei tudo para Teresa, passamos longas horas conversando, depois de um tempo levamos as crianças para o quarto, Daniel ficou comigo, a noite foi longa, não consegui dormir, passei a madrugada olhando para a Lua, ela me acalmava de certa forma.

×××

Daniel continuou na casa da Teresa, optei por não levá-lo para o apartamento, o clima não seria bom para ele, Teresa concordou comigo.

O dia estar sendo mais cansativo que o normal, pelo fato de eu não ter conseguido dormir, de não ter parado de pensar na situação que estar a minha vida. O bom era que meu expediente estava chegando ao fim.

- Delegada Saviñon?

-Pode entrar.

- Boa tarde, vim aqui para fazer uma proposta.- o Sr°Hills sentou na cadeira.- sua delegacia, para ser mais exato, você recebeu uma proposta um tanto atrativa.

- E que proposta um tanto atrativa é essa? -

- Sra° Savinon, sabemos que você fez uma transferência da investigação para NY, mas a Delegada Novais, que agora acompanha o caso, solicitou a sua presença em NY, ela disse que algo deu errado e perderam todas as pista, como você estava desempenhada em ajudar, ela pediu pra você se unir com ela, mas como você sabe, isso pode demorar meses, nesse meio tempo a sua delegacia vai ter um delegado provisório.

Essa proposta é tudo que eu precisava, mas eu ainda estava de cabeça quente, tudo era muito recente, aquela investigação era tudo que eu queria, eu me esforcei tanto para ir atrás de cada pista, ter que transferir aquele caso foi como um tiro no joelho.

- Eu vou pensar, é algo que não posso fazer antes de conversar com as pessoas que eu convivo, pode avisar a Delegada Novais sobre essa questão?

- Você tem um mês, somente um mês para responder essa proposta, se a sua resposta for sim, você gostaria de levar alguém? Não podemos levantar suspeita que você vai pelo caso.

- minha irmã, como ela trabalha como modelo, e recebeu uma proposta de projeto para NY, podemos dizer que eu estou indo acompanhar ela.

- Tudo bem, mas depois você vai precisar de outra desculpa, você não iria passar tantos meses fora so pela sua irmã.

Realmente ele estava certo, minha carreira era tudo que eu mais zelava, não iria passar meses sem exercer minha profissão.

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