Capítulo 38

184 11 1
                                    

Olhei pra Dul, eu estava odiando ela, não podia mudar meu passado, mas ela iria me ajudar muito se ficasse calada, os joguinhos dela não iriam ajudar em nada a minha situação. O Christian olhou para ela, o clima entre nós três era tenso, antes de todos terminarem o jantar, o meu pai chamou a nossa atenção:

- O que aconteceu? Vocês três nunca ficam calados, quero resposta agora!

Olhei para Dul e a mesma balançou a cabeça incentivando eu falar a verdade.

-Digam logo, parem de joguinhos...

- fala, Belinda...- ela esperou por um tempo e eu não disse nada.- você não vai dizer? Tudo bem, então eu irei contar...

- NÃO. - Gritei batendo na mesa e ficando em pé. - Eu danço na boate, tem dança que é semi-nua, mas nunca passou disso e....e...

- E...- Meu pai ficou aguardando a resposta.

- E eu estou grávida.

Olhei a expressão de cada um, Christian estava de cabeça baixa, Dulce olhava a todos, minha mãe estava boquiaberta, meu pai me olhava como se eu não fosse desse mundo.

- eu acho que eu estou ficando louco...- deu um sorriso sem graça. - Bel, você deve esta brincando, fala que isso é brincadeira, Filha. - meu pai olhou pra Dulce como se pedisse socorro. - Dul, a sua irmã ficou louca.

- Eu não posso acreditar no que eu ouvi. - a voz da mamãe estava carregada de dor e decepção.- o que deu na sua cabeça? Você tem tudo aqui, não precisava disso, Belinda.- Mamãe protestou.

- eu nunca quis acreditar quando me paravam na rua e falavam, "Sua filha é muita gata, ela dançando é uma obra dos Deuses", "sua filha é a melhor dançarina da boate" e, várias outras coisas. -  papai fez outra voz na hora de dizer como as pessoas se referiam a mim.- Meus próprios companheiros de trabalho falavam, mas eu nunca dei ouvido, pois eu confiava na filha que eu tinha, mas agora você diz que tudo é verdade e, ainda me diz que esta grávida.

- Me perdoa, pai...- comecei a chorar.

- eu que tenho que me pedir perdão a mim mesmo, eu passei anos da minha vida passando a mão por cima da sua cabeça, deixava você fazer tudo que queria, eu e sua mãe acostumamos você mal, você sempre teve tudo que queria.

- pai, por favor, eu te peço, me perdoa...

- Chega, Belinda, não quero ouvir mais nada, vá para o seu quarto.- Mamãe disse.

- você disse que iria me amar independente de qualquer coisa...

- não significa que esse amor vai deixar você levar nosso nome a lama e a nossa dignidade, você é uma... Belinda, vai para o seu quarto, não quero perder a cabeça.

Nessa altura eu já estava saindo do meu lugar e indo para perto dela.

- isso não me faz menos filha, você so esta pensando na sua dignidade e nome... pensa em mim

- e você pensou em nós? Nas pessoas que amam você? Não, então nesse momento eu não tenho obrigação de pensar em você.- mamãe se afastou, tentei segurar seu braço, a mesma me acertou uma bofetada.- não toque em mim.

- vai embora dessa casa, você não dança para ter o dinheiro que tanto queria? Então que você dance além para se sustentar sozinha. - meu pai segurou meu braço e foi me puxando.

- não, pai, eu imploro, não faz isso.

Dulce, Christian e a Mamãe acompanhavam nós dois, meu pai me empurrou em direção ao sofá, Dulce deu um passo a frente, pensei que ele ia avançar em mim, mas apenas ajoelhou-se.

- me diz, Belinda, onde eu errei com você? Por que você esta fazendo isso com todos nós? Onde erramos? Eu quero saber para eu tentar concertar. - meu pai chorava.

- vocês não erraram, eu fui muito egoísta ao ponto de querer muito mais e não me importa se isso iria trazer problemas, eu sou o erro, não vocês.

- se o problema era dinheiro, eu dava mais, mas você preferiu ser essa vagabunda.

- CHEGA.- ele me olhou surpreso, não iria deixar ele me humilhar, nem que eu precisasse magoar muito mais a todos.- talvez o erro seja vocês mesmo, ficavam no meu pé 24 horas por dia, não me deixam respirar em paz, não deixavam eu viver a minha vida do jeito que eu queria, eu sou livre para fazer o que bem entender, então chega de tentar achar o erro, eu fiz porque eu quis..- meu pai avançou na minha direção, me assustei e soltei um grito.

- Não, Lisardo.- Dul conseguiu impedir ele.- eu não apoio a decisão dela, mas você não vai encostar um dedo nela, digo isso como Irmã e como Delegada.

- vai no seu quarto, arrume a suas roupas e suma dessa casa.

Me levantei e fui ao meu quarto, peguei as duas malas e uma bolsa de lado, arrumava todas as minhas coisas chorando, mas uma vez eu menti, disse que o erro era eles e que eu queria ser livre, eu sempre tive uma liberdade, mas foi o meu egoísmo e ambição foi mais alto. Fui no banheiro e passei uma água no meu rosto e sai do quarto.

- você vai ficar no meu apartamento, acima de tudo você é a minha irmã.- Dulce falou assim que eu saí do quarto, ela estava com uma bolsa e os saltos vermelhos.

- não preciso de sua caridade.

- seu ego levou você a esse ponto em que se encontra, cuidado pra ele não levar você mais para baixo. - olhei pra Dul com mais raiva e me afastei falando algumas coisas.- também amo você.- Dulce disse debochando.

Passei pela sala e meus pais nem sequer me olharam, com o coração partido eu parei na porta e olhei mais uma vez pra eles.

- não sei se vocês vão acreditar, mas eu amo muito vocês dois.- Vi Dul entrando na sala, fui em direção ao carro em que Christian me esperava.

POV DUL.

Fiquei supresa quando vi a bofetada que a minha mãe deu na Bel, quando vi o Tio Lisardo puxar ela e jogar no sofa, o chão fugiu do meu pé, quando ele tentou avançar para cima dela eu fui na direção dele, não iria deixar ele encostar um dedo na Bel.

Seu olhar em Minha direção era puro odio, entendia esse ódio, estava fazendo ela contar o maior segredo dela. Mas não iria deixar que minha mãe e o Tio Joseph descobrissem por terceiros. Mesmo Tio Lisardo falando que as pessoas falavam. Não iria deixar Bel sozinha.

- estou indo, qualquer dia eu venho e trago o Daniel, me desculpem, sei que não precisava ser desse jeito.

- preferia escutar da boca dela do que do povo da rua, cuide dela, tudo vai ser resolvido.- mamãe disse disse de cabeça baixa, fui ate a minha mãe e a abracei. - amo muito você!

- também te amo, mamãe. Pensem bem, coloquem as coisas no lugar. - fui ate o Tio Lisardo e o abracei.- vai tudo terminar bem. Vai tudo ser esclarecido.

Terminei de me despedir e sai da casa, assim que me aproximei do carro vi que Bel estava no banco da frente. Sentei no de trás e meio que fiquei deitada, coloquei o fone e fechei os olhos, ia dormir um pouco, porque eu tinha que dirigir também para o Christian não ficar muito cansado.

Laços do DestinoOnde histórias criam vida. Descubra agora