Capítulo 46

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Saí do hospital tão arrasada, ainda não acreditava no que estava acontecendo, ver a minha mãe naquela situação acabava comigo, eu enxergava em seu olhar o medo, ver o desespero do meu tio, seu choro, tudo aquilo foi muito para meu psicológico.

Agora estou na passarela do lago, tudo era tão vazio, tudo era cinza, a Cirurgia havia ocorrido bem, mas algo fez com que ela ficasse em coma, não sei mais o que fazer, não consigo trabalhar, não consigo comer e nem ficar no meu apartamento. Todos estão precisando de mim bem, mas não consigo, Daniel é o ser que mais depende de mim nesse momento, mas não estou conseguindo, me sinto culpada por isso, Lívia está me dando assistência.

Sentei na beira da passarela do lago, coloquei meu pé dentro da água, passei alguns minutos olhando a água, quando eu ia voltar ao hospital, acabei perdendo o equilíbrio e caí para dentro do lago, tentei voltar novamente a ponte, mas naquele momento só queria que tudo terminasse, sabe quando parece que estamos no limite e a única opção é sumir, parei de nadar e fui afundando.

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Pov Christopher

Estava caminhando pela parte menos movimentada do parque, estava próximo ao lago, a parte da manhã estava boa para caminhar, olhei para uma pessoa sentada na beira da passarela do lago, reconheci assim que virou-se de lado para colocar o pé dentro da água.

Eu ia me aproximar, mas como eu ainda não tinha uma base de amizade, acabei optando pela opção de continuar minha corrida, dei uma volta de trinta minutos, quando passei novamente pelo local, ela não estava mais, estranhei pelo fato de seus pertences ter ficado, corri na direção da sua bolsa, olhei para o lado e vi algumas bolhas subindo, estranhei, olhei em volta e vi um senhor correndo na minha direção.

- Ela afundou.- ele estava com uma roupa de segurança.- Ela vai morrer.

Não pensei duas vezes, só deu tempo de eu tirar meu celular e jogar ao lado de sua bolsa, eu pulei na direção das bolhas, no primeiro mergulho não senti nada, voltei a superfície para respirar novamente, mergulhei mais fundo, dessa vez eu senti algo, segurei com toda a minha força e tentei trazer para superfície.

Com a ajuda do senhor consegui subir ela, o senhor havia ligado para a emergência, não demorou muito para a ambulância chegar, prestei os primeiros socorros, assim que chegamos na frente do hospital, uma equipe estava esperando por ela.

- Qual o problema?- escutei a voz do Christian.

- Paciente não identificada, salva de um afogamento, cerca de 25 minutos dentro do lago.

- É a Dulce, Christian....- Saí de dentro da Ambulância, ele travou naquele momento.

- Doutor, os batimentos estão parando...- Christian continuava parado.- Doutor, estamos perdendo a Paciente.- parece que naquele momento ele voltou ao seu corpo, Christian avançou na maca, foi fazendo a reanimação.

- Emergência.- Os médicos ao redor foram empurrando a maca.

Comecei a ligar para o Poncho, tinha que avisar que a mãe do filho dele estava lutando para sobreviver.

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•Pov Christian

Não estou acreditando no que meus olhos estão vendo, Dulce desacordada, sem muita pulsação, tentava a todo custo fazer a reanimação nela.

- Carrega no 220 e afasta.- tentei duas vezes.- Não me deixa, Dulce... Por favor, luta...- tentei mais uma.

- Christian, saía da sala...

- Não.... Por favor, Dulce, você tem que lutar...

- Christian, eu sou seu chefe, você sabe que vai contra as regras você está aqui nesse momento, você vai atrapalhar, então deixa que eu mesmo me encarrego dela.

Saí da sala e me sentei no corredor do hospital, nunca passou pela minha cabeça Dulce nessa situação. Apoiei meus braços no meu joelho e fiquei olhando para a porta da sala enquanto as lágrimas desciam pelo meu rosto.

Tinha que ter uma explicação, Ana veio correndo na direção da sala enquanto o seu aparelho era bipado, fiquei de pé no mesmo instante, ela só era chamada quando o caso era sério, ela abriu a porta, vi no exato momento que o corpo da Dulce subiu com o impacto do desfibrilador, tentei entrar mais fui impedido.

Passei a mão pelo meu cabelo, me sentia insuficiente, não podia ajudar em nada, porque eu poderia atrapalhar, e eu estaria quebrando regras. Caminhei até a recepção e encontrei Christopher, ele ainda estava com a roupa molhada, o mesmo estava de cabeça baixa.

- O que aconteceu? Você pode me explicar?

- Eu encontrei ela no lago, ela estava sentada, parecia está tão bem, caminhei durante uns trinta minutos, quando voltei para passar na frente da passarela, vi apenas as coisas dela, fui pegar a sua bolsa e o segurança correu na minha direção falando que ela havia caido.

- Não acredito, Dulce não seria capaz disso...

- De que você está falando?

- Belinda entrou em estado de coma, Dulce saiu desgovernada do Hospital, estávamos procurando por ela, no momento que ela correu pelos corredores a Maite achou que ela iria para o quarto de Daniel, Dulce não conversou com ninguém sobre nada, ela estava tentando ser forte por todos.-passei a mão pelo meu rosto.- eu fiquei sabendo que ontem, antes do acidente, ela havia pego o Paco a traindo.

- você está dizendo que Dulce tentou tirar a própria vida?

- Sim, Dulce não está bem emocionalmente...

- Não pode ser....- Christopher disse surpreso, naquele momento Anahi entrou no hospital e foi até a recepção.

- Eu quero informação da Paciente Dulce Savinon, deu entrada faz vinte ou trinta minutos, caso de afogamento...- me aproximei dela.- Christian, como está a Dulce?

- Não me deixaram continuar na sala, falaram que eu vou atrapalhar...

- O que aconteceu? Por que ela está aqui?

Christopher explicou rápido tudo que ele sabia, Anahi não segurou o choro, os pais dela, assim como Maite ainda não sabiam dessa fatalidade, eu tinha que avisá-los. Olhei para o lado e vi a Ninel, me aproximei dela, a sua aparência estava de abatida.

- Tem notícias de Dulce, vejo que a Anahi acabou de chegar.-olhei para ela e não segurei as lágrimas.- o que aconteceu com ela?

- Eu sinto muito ter que dá essa notícia a você nesse momento, mas Dulce deu entrada no hospital, ela foi resgatada de um afogamento, estão tentando reanima-la.- Ninel me abraçou, eu retribui o abraço e chorei junto com ela.

- Eu não acredito que vou perder minhas duas filhas...

- Dr° Chavez.- escutei meu chefe me chamar. Anahi segurou a mão de Ninel, as duas seguiram para o andar do quarto de Dani.

- Se precisar de algo me liga.- Christopher disse antes de se retirar do hospital.

- Dr° Chavez, conseguimos estabilizar a sua amiga, vamos transferir ela para o andar próximo ao do Paciente Daniel.

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Laços do DestinoOnde histórias criam vida. Descubra agora