Capítulo 12

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Existe uma coisa quanto a estar no fundo do poço. No início é assustador, sombrio e aterrorizante, parece que tudo está perdido pra sempre. Mas quando se permanece nesse lugar por muito tempo, semanas no meu caso, dá pra se acostumar. Dá pra entender que mesmo sem ter lugar pra respirar direito, ou pra observar a paisagem, em algum momento a luz vai entrar e dar alguns segundos de calma.

É péssimo mas não é impossível sobreviver.

No entanto, existe um lado perigoso nisso. Porque quando se descobre que dá pra seguir até mesmo do pior cenário possível, o medo cai por terra. E aí o mundo se torna uma infinidade de possibilidades, ainda que a maior parte delas seja arriscada.

Não há como passar por uma situação dessas e ainda ter tato, senso com as coisas... limites.

E foi exatamente essa falta se senso do perigo que me levou a tomar a atitude mais insana da minha vida até agora.

Agarrar Calum Hood em frente a um grade público, inclusive dos meus pais e provavelmente os dele.
A sensação de que nada pode ficar pior me seduziu a buscar por uma pitada de alegria, sem me preocupar com mais nada do que venha depois.

Porém, o meu ato temporariamente heróico e destemido acabou em confusão, claro.

Com meu pai me arrancando dos braços de Calum e me arrastando para o mais longe possível, enquanto Oliver simplesmente partiu pra cima do meu namorado. Com qual direito eu também não sei, mas foi o que o desgraçado fez.

Consegui ver que Calum revidou, também que Gus e mais alguém entraram pra separar os dois, graças aos céus. Mas não pude saber o desfecho porque fui arrastada pelo festival e jogada no banco de trás do carro do meu pai, mesmo contra todos os meus protestos escandalosos.

Foi um showzinho e tanto para os moradores da cidade. Com toda certeza serviu para renovar as fofocas sobre esse assunto polêmico.

Voltamos pra casa bem antes do planejado, obviamente, e eu nem sei o que aconteceu com o Baker.
Só sei que meu pai extrapolou seu limite de ódio, posso perceber isso pela maneira com que ele aperta o volante com força e faz paradas ou saídas bruscas pelas ruas. É como se a caminhoneta seguisse seu humor explosivo.

Mamãe percebeu a mesma coisa, pois ela se segura no cinto de segurança e não se atreve a abrir a boca nenhuma vez.

Na verdade, não trocamos uma palavra se quer, no intervalo entre eu ter parado de exigir que papai me soltasse e a porta de casa fosse fechada com força.

Mas assim que estamos oficialmente no território dele, Richard Winkler começa a gritar enquanto anda de uma lado para o outro.

É uma discussão exaltada e quente, que já aconteceu outras vezes por aqui.

Dessa vez, não consigo me assustar.

É o que eu disse sobre o costume com situações extremas, eu ouço todos os gritos furioso, o quanto ele se sente traído e desrespeitado... mas isso não faz diferença pra mim.

Na verdade, posso até resumir a discussão com frases chave:
"O que eu fiz é inadmissível e não tem perdão."
"Eu sou a vergonha da família e não me importo com ninguém além de mim."
"Os Hood são uns ratos. Traidores e desprezíveis."

Só que depois da carta, do momento épico que aconteceu e do que Logan sabiamente me disse, nada que eles digam será capaz de me fazer me sentir humilhada de novo. Não vou pedir desculpas pelo que sinto.

–Estou farto dessa história Summer! Eu não vou mais tolerar esse tipo de comportamento sob o meu teto!

–Sinto muito, papai. Mas não importa o quanto você me oprimir, o quanto você me machucar, ou o quanto você não me aceitar. Eu vou amar quem eu amo, quem eu quero amar. É o meu direito e você não pode fazer nada quando a isso.

Love - Calum HoodOnde histórias criam vida. Descubra agora