Epílogo

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Oito anos depois.

"Atenção senhores passageiros no Voo 356, com destino a Sydney, Austrália. Embarque autorizado pelo portão D-258." – anuncia a voz nos auto falantes do aeroporto.

Com isso pego minha mala de mão e sigo o até a placa com a numeração indicada. Apresento meu passaporte, recheado de vistos dos mais diversos países junto à minha passagem, e logo sou liberada pela segurança para entrar no avião.

Agradeço a tudo que há de bom quando chego ao meu assento na primeira classe, uma poltrona individual e espaçosa. O rombo que essa passagem fez no meu salário foi mais do que considerável, mas pra praticamente atravessar o mundo em uma viagem de 22 horas, depois de longos meses nesse lugar, acho que eu mereço.

Mando algumas mensagens, avisando que já vou decolar e logo coloco meu celular em modo avião. Assim que todos estão acomodados as aeromoças passam as mesas recomendações de qualquer voo, que eu já ouvi tantas vezes que podia estar as apresentando junto com elas. Mesmo assim, ouço com atenção e sigo as instruções apertando meu cinto para a decolagem.

Da janela eu vejo a belíssima cidade de Helsinque, coberta de neve, diminuir até ser indefinível para os meus olhos míopes, e então desaparecer conforme nos misturamos com as nuvens espeças no céu. Como de costume, começo a pensar na rotina que criei ali, em quatro meses sozinha num lugar totalmente novo e diferente de tudo que já conheci.

A história de como fui me meter em um lugar gelado como a Finlândia, e contrário a todo o sol e o verão que tanto me fascinam é muito longa. Mas não me arrependo de nada, aprendi muito e contribuí para a preservação da coisa que mais me encanta no mundo, isso faz valer cada momento de tristeza e solidão que enfrentei.

Depois de todo o frio e neve que pensei que nunca fossem acabar, estou finalmente indo ao encontro do verão caloroso e ensolarado do meu lar. Poder entrar na água sem todos os trajes térmicos, e sem morrer de frio depois... juro a mim mesma que vou passar as férias todinhas de biquíni, ninguém pode me convencer do contrário.

Vai ser um dos melhores natais que já tive na vida, o momento que tanto esperei.

Ok. Quem estou tentando enganar?!

Estou mantendo a calma por fora, tentando o ocupar minha cabeça e pensar nas coisas boas. Mas a verdade é que o meu sistema está a beira de um colapso nervoso. Porque depois de mais de oito anos, eu, Summer Winkler, vou pra casa.

Não, não estou há oito anos sem falar com meus pais. Voltamos a conversar logo no primeiro ano que passei em Los Angeles, infelizmente nunca foi uma relação tão próxima. Sinto que não é fácil pra eles me perdoarem, mesmo que as saudades apertem. Não apenas por ter fugido com um Hood, mas por ter ficado cada vez mais e mais longe.

Acontece que depois que conheci o mundo e toda a liberdade que podia ter, e tudo que eu podia fazer pelo nosso planeta, absolutamente nada nem ninguém é capaz de me segurar.


Pego meus óculos na bolsa assim que desço do avião em Sydney, pra garantir que vou encontrar as pessoas que tanto quero ver no meio de todo o movimento frenético que o SYD sempre tem.

Logo depois, questiono essa necessidade. Afinal, os três estão quase saltitando enquanto esperam por mim logo na saída do portão, e como todos estão na casa dos 1,80 não é nada difícil identifica-los.

–Winkler! – Luke sorri, me prendendo em um abraço muito apertado.  

Resmungo quando ele quase esmaga meu corpo dolorido depois de tanto tempo de viajem, mesmo que na poltrona mais confortável dentro do possível.

Love - Calum HoodOnde histórias criam vida. Descubra agora