Tranquilidade

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Tinha recém deitado para dormir, no estúdio de Vincent, quando o celular tocou e a notícia chegou. Leonard tinha colocado seu número como contato de emergência. Assim que soube da notícia vestiu-se, nervoso e apreensivo. No caminho até o hospital começou a tremer, com medo de que algo ruim tivesse acontecido, mas Vincent lhe acalmou com toques e palavras tranquilizadoras. Quando controlou a própria respiração ligou para Archie, que disse que iria ao seu encontro, já que adorava o asiático.

O hospital estava incrivelmente silencioso. Alguns pacientes caminhavam devagar e eram acompanhados de enfermeiros enquanto outros eram empurrados em cadeiras de rodas. Não era um ambiente feliz, muito menos agradável, pelo contrário, trazia lembranças tristes a quem o visitava. Na sala de espera, Finn, Vincent, Archie e Marc aguardavam notícias do médico.

Os olhos do loiro estavam vermelhos porque não conseguia parar de chorar. Vincent tentou consolá-lo com abraços e comprando-lhe café. Archie e Marc mostravam-se preocupados, o último de braços cruzados e cenho franzido, o primeiro mordendo os lábios e roendo as unhas.

Logo ouviram passos vindos do corredor largo e branco que separava os leitos da recepção. Um homem com jaleco branco e uma prancheta na mão aproximou-se com uma expressão neutra no rosto. Marc levantou-se e Finn foi para perto do desconhecido lentamente, de maneira quase letárgica.

━Amigos de Leonard Kimura?

━Sim. Ele está bem? -foi Marc quem perguntou, pois o loiro permanecia abalado

━Ele sofreu escoriações no rosto e alguns pedaços de vidro cortaram seu pescoço, mas os machucados já foram tratados. Ele perdeu bastante sangue e, por isso, precisará de uma transfusão.

━Transfusão? Eu posso doar... -Finn murmurou, alarmado

━Sabe seu tipo sanguíneo?

━Sim, é A positivo.

━Precisamos de um doador universal ou alguém com sangue A negativo.

Vincent levantou-se, pigarreou e intrometeu-se na conversa.

━Eu sou O negativo. Doador universal, certo?

━Sim. -o médico franziu o cenho, sem acreditar na sorte do paciente. Os estoques de sangue ficavam baixos naquela época fria do ano.

━Fale com aquela moça. -apontou para uma mulher atrás do balcão principal- Diga que deseja doar sangue e dê o nome completo do paciente. Em seguida você será encaminhado para o procedimento.

O médico afastou-se com passos rápidos. Vincent estava pronto para fazer o que ele havia dito, quando Finn puxou sua mão, obrigando-lhe a encará-lo.

━Você... -o loiro mordeu os lábios, angustiado- É incrível.

━Não se preocupe, faria o mesmo por qualquer um. Vai dar tudo certo.

Deu um de beijo na bochecha de Finn, apertou sua mão novamente, adorando o formigamento que espalhou-se por seu braço e afastou-se em direção ao balcão.

━Ele não gostava muito de dirigir. -Finn falou mais para si mesmo, de um jeito perdido

━Deveria ligar para a família dele. -Marc sugeriu ao aproximar-se

━Vou ligar. -Finn pegou o celular do bolso com as mãos tremendo

━Me dê o celular.

Marc estendeu a mão com um suspiro cansado e Finn lhe entregou o aparelho, passando os dedos trêmulos pelo rosto com nervosismo. Encontrou o único outro contato cujo sobrenome era Kimura. Foi para o lado de Archie e disse:

CicatrizesOnde histórias criam vida. Descubra agora