Marlboro [VERSÃO ATUALIZADA]

|quatro|

Você é muito má, eu não gosto de você
Vai se foder de qualquer modo
Você me faz querer gritar
com toda a força que tenho

-Afraid(The Neighbourhood)

O ALARME DE ALISSON NÃO ERA UM DOS MAIS EFICIENTES.

Sempre tinha o velho problema de acabar a bateria momentos antes de ela acordar. Tem sido assim a anos. Alisson geralmente consegue lidar com isso, mas de vez em quando momentos como esse acontecem.

—Ali! Você está atrasada!—Sua melhor amiga entra no quarto balançando o corpo de Alisson o mais forte que consegue—Acorda!

Alisson se levanta com os olhos cansados e cobertos de rímel. Observando seu quarto um pouco mais bagunçado do que na noite anterior, observando suas roupas jogadas no chão a dias e a monotonia ao seu redor.

Monótono
1.que apresenta continuamente o mesmo tom.

As mesmas tarefas, os mesmos horários e as mesmas emoções: monótono.

Como colocar um chiclete na boca e o mascar infinitamente, o mesmo puxa puxa chato e o gosto cinzenta entediante acaba chegando alguma hora e depois que chega não tem muito o que fazer para retirá-lo.

As pessoa geralmente apenas o tiram da boca e colocam outro do mesmo sabor, mas alguma hora também cansam desse sabor mudando para outro. Com Alisson, ela pode mudar quantos chicletes quiser, mas o sabor vai continuar o mesmo.

Fisicamente, isso é possível. Mas quem disse em algo físico? O problema está em Alisson, não no chiclete.

A garota sonolenta olha para o relógio e observa que os números que deveriam a encarar de volta decidiram dormir.

Maldito relógio

Com esse pensamento, Alisson se levanta rapidamente e coloca as roupas de ballet apressada. Pega sua bolsa com as pontas dos dedos e corre para a cozinha pegando uma torrada e a colocando na boca antes de sair pelo elevador.

O lado de fora está chuvoso e frio dificultando a ida de moto. Os grandes prédios ao seu redor transformam aquele lugar em algo escuro e sua única saída é o ônibus.

Apenas o pensamento de andar de transporte público com as roupas que usa a deixa doente até o estômago.

No elevador, Alisson balança seus pés sem pressa murmurando a letra de alguma música. Ela nunca realmente esteve com pressa, ao mesmo tempo que sente que tem todo o tempo do mundo, também sente que seus dias estão cada vez mais curtos.