|dezesete|

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Você era a minha vida
Mas a vida está longe de ser justa

-No Time to die(Billie Eilish)

-No Time to die(Billie Eilish)

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—HOPE SERÁ SUA SUBSTITUTA.

O minuto que o professor diz isso sobre a apresentação. Algo dentro de Alisson se mexe. Se mexe toda vez que a imagina cobrindo as paredes do quarto de James.

Hope sorri para Alisson. Ela espera poder quebrar a barreira de ódio que a mantém da verdadeira Alisson. Ou pelo menos a Alisson que ela pensa conhecer. É verdade que não é culpa de Hope e Ali está sendo apenas injusta. Mas quem liga? O mundo é injusto.

Pensar assim já é injusto por si próprio.

A música começa e Alisson entra em forma. Até os últimos músculos sobre seu controle. A música começa e Alisson espera seu corpo ser preenchido. Alisson fecha os olhos e apenas o enxerga desenhando outros traços em seus cadernos.

Nao queria deixar transparecer mas talvez essa pequena tentativa tenha feito um de seus movimentos ficarem atrasados ou seu pé ter dobrado levemente retirando a forma dura.

Mas a música continua. Mesmo com a dor que estalou em seu tornozelo, ela continua com um sorriso. Talvez um sorriso até maior. Aquela pequena dor a fez esquecer por alguns minutos os olhos escuros que logo voltaram na visão de seus olhos fechados.

As últimas notas tocam e Alisson abre os olhos para a visão do professor com a mão no ombro de Hope sussurrando algo em seu ouvido. Ao perceber o fim da música, o homem aplaude calmamente colocando o braço ao redor da cintura dela.

—Você está bem, Alisson?—as mãos apertam levemente seu estômago.

—Sim, professor.

Alisson sorri voltando ao seu lugar. As garotas se afastam deixando o único espaço ao lado do bebedouro. Todos odeiam sentar debaixo da pequena goteira, mas sinceramente a água gelada pingando no ombro coberto é um jeito de acorda-lá de seus sonhos.

Ela fecha os olhos vendo o céu escuro nas pupilas negras. A agúa encosta em seu ombro. Alissson abre os olhos vendo as pessoas dançarem. Ela volta a realidade. A realidade de Hope dançando a rotina que acabou de ser feita por Alisson. Só que com perfeição. Seus movimentos são exatos e seus pés não falham.

Alisson fecha os olhos novamente tentando fugir da perfeição que joga facas em seu peito. Ela volta aos lençóis asperos mas incrivelmente macios. A cama afunda e mãos encostam em seu corpo. As tatuagens se misturam umas com as outras, a fumaça dos cigarros se envolvem nos dois deixando uma bolha de fumaça os guardando. É lindo. Dois pedações quebrados de cores diferentes tentando concertar um ao outro. A água encosta novamente em seu ombro, mas desta vez ela não está na sala. Está no topo daquele prédio.

Os sonhos se misturam um com os outros. Chamo de sonhos porque só podem ser isso. Quando sonhamos, nosso cérebro tenta resolver os problemas que nos ocupam durante o dia. Podem ser fiéis a realidade ou apenas desejos. O que acontece se o seu dia é um problema? Suas semanas? Seus anos? Ela sonha a cada momento. Sonha tanto que se perde no tempo. Começa a ver o relógio como chuva, sem ser uma linha reta. Apenas pequenas memórias pingando em seu ombro.

Marlboro [VERSÃO ATUALIZADA]Onde histórias criam vida. Descubra agora