|seis|

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Ela se afastou, seus sapatos estavam desamarrados
E seus olhos estavam vermelhos
Você poderia perceber que estávamos chorando
E eu olhei e esperei até ela entrar
Forçando um sorriso e dando adeus

-Do Me a Favour(Arctic Monkeys)

-Do Me a Favour(Arctic Monkeys)

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TIC TAC. TIC TAC. TIC TAC.

O único som passeando pelo apartamento de Alisson é o do relógio antigo em sua parede. Ela nunca gostou daquilo, mas o presente de sua vó infelizmente é importante demais para apenas ser deixado de lado.

Quando ela está com insônia nada é real. Ela está acordada mas sente seu corpo descansar sobre os lençóis.

Noites assim acontecem de vez em quando, algo insuportável. Não é apenas s falta de sono, também é um tédio incrível. Como se a monotonia de sua vida apenas aumentasse na noite.

Sentada no sofá, Alisson observa os móveis de seu apartamento. Para quem olha pode parecer algum lugar comum entre os apartamentos ao seu redor.

Mas se olharem mais fundo perceberam as centenas de reais gastados em cada móvel daquele lugar. Não uma escolha de Alisson, toda vez que olha para cada um daqueles objetos lembra apenas do jeito que foi jogada aqui. Como se fosse escolha sua, como se o papel de parede macio e caro tivesse passado por inúmeros questionamentos em sua mente antes de comprá-lo.

Mas não, nada ali realmente é real. Nada reflexa sua personalidade. Seria mais fácil se ela mesma soubesse que personalidade é essa.

Alisson se levanta pegando a jaqueta pendurada do lado da porta e sai do apartamento fazendo o mínimo de barulho possível.

Não existem estrelas no céu, as luzes da cidade não deixa possível que sejam vistas. Mesmo sendo invisíveis, sabe que elas estão escondidas entre as nuvens.

Alisson se envolve com a jaqueta tentando aguentar o frio. A densa fumaça que sai de sua boca após colocar o cigarro nos lábios a segue pelas ruas vazias. Os carros não ousam atrapalha-lá, pessoas dormindo nas ruas não se importam com quem passa. Todos os ignoram então eles passam a ignorar todos.

A trilha de nicotina a segue pelas diversas ruas de Nova York, mas ela para em um prédio familiar. Parada como se fosse Marla Singer esperando por seu amante.

Encostada nas grades verdes como um gato preto nas sombras, Alisson observa quando um homem atravessa a rua rindo bêbado de seus amigos fazendo seus caminhos para casa.

As chaves se embaralham entre seus dedos e seus olhos embasam com o álcool em seu sistema.

Na brecha da porta aberta, o gato preto cheirando a nicotina entra pela a porta. Acompanha o be aos até o elevador com o cigarro em mãos.

Marlboro [VERSÃO ATUALIZADA]Onde histórias criam vida. Descubra agora