Capítulo 6

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A aula passou e Frank nem percebeu, estava muito concentrado olhando o que tinha escrito.

Quando o sinal bateu ele pegou suas coisas tão rápido que ninguém tinha saído da sala ainda quando ele passou pela porta feito um tufão. Foi para o banheiro e se trancou em uma cabine.

Gerard nunca iria querer nada com ele. Ele nem entendia como Gerard estava conversando com um garoto como ele, todo problemático e estranho.

Frank estava suando e seu coração apertou forte. Ele abriu sua mochila e pegou um Clonazepam 2mg. O coloca embaixo da língua para fazer efeito mais rápido.

Conta até 10 e respira fundo.

Se senta no chão e conta de novo até 10.

10

Seu coração bate rápido ainda

9

Sua respiração está fora de controle

8

Ele sente vontade de chorar

7

O gosto é amargo

6

Seu coração começa a bater mais devagar

5

Sua respiração vai se acalmando com o passar dos segundos que está contando

4

Fecha seu olho e pensa em seu pai

3

Seu pai o segura no colo e o leva para o jardim

2

Sua cabeça dói

1

Uma lágrima cai

0

Ele levanta, enxuga o rosto com as costas das mãos e sai da cabine.

"Foda-se isso" Frank pensa enquanto sai do banheiro sem se olhar no espelho, pois saberia que ele odiaria a imagem que veria ali.

A aula de biologia já tinha começado, mas ele não ligou, ele não iria entrar naquela aula mesmo.

Ele caminha pelo corredor vazio, olha para as portas fechadas, isso o lembra do dia que falou com Gerard pela primeira vez, isso o revolta o estômago, ignora essa lembrança. Vai até a porta de entrada e, ironicamente, sai por ela. Ele não dá a mínima para mais nada.

Segunda 11:15

Ele sai do colégio e anda até sua casa. Vai olhando o céu e as pessoas em sua volta. É engraçado que quando você está triste parece que todos a sua volta estão tão felizes. Ele nunca entenderia a ironia de Deus com seus filhos, mortais e que não significam nem uma poeira no espaço.

Vai caminhando, ora olhando para baixo, para seus pés, chutando pedras em seu caminho, ora olhando para frente pensando em como seria se ele morresse ali, naquele exato momento. Alguém iria em seu enterro? Ou estariam todos muito ocupados para reparar que eles nunca mais o viram? Todos com imprevistos e correrias do dia a dia que não dava brecha para ver o menino de 17 anos que morreu em uma segunda-feira depois de ter caído na real de que nada era realmente real.

Chega em casa, olha no celular 11:33. Ele entra em casa e sua mãe provavelmente está dormindo, então ele só sobe cautelosamente pelas escadas e vai até seu quarto. Tranca a porta e se senta no chão, encostando a cabeça na porta fria. Olha para a janela e ele, realmente, só queria ser uma nuvem nesse momento. Ir para onde o vento soprar e chover quando for a hora. Ele já era sua própria chuva. Sua própria tempestade. Sua própria destruição.

Segunda 14:56

Frank estava deitado em sua cama, escutando alguma música de Black Flag. Encarando seu teto branco.

A aula já devia ter acabado. Ele agradeceu por sua mãe não ter acordado para perguntá-lo por que tinha chego em casa tão cedo. Depois ele a daria um beijo e levaria seu almoço com os remédios.

Estava quase pegando no sono quando escuta uma buzina, alta e longa. Ele ignora, só tem medo que sua mãe acorde com aquele barulho. Mais uma vez a buzina. E mais uma vez. Frank se levanta em um pulo com raiva porque não queria que sua mãe acordasse. Ele olha para fora da janela e vê uma caminhonete vermelha caindo aos pedaços. Um homem com cabelos vermelhos está dentro daquele carro velho. Um cigarro queimando na boca. Vermelho. Vermelho. Vermelho. Por que tudo nele tinha que ser tão intenso quanto à cor?

Quando Gerard vê que conseguiu chamar sua atenção ele acena e levanta o celular para fora da janela do carro.

Frank sai da janela e vai até o chão onde estava seu celular, ele deve ter o jogado ali em algum momento de seu descontentamento com o universo.

Ele o olha e vê que tem 3 chamadas perdidas e 15 mensagens de Gerard. Ele não sabe se fica feliz ou triste por isso.

Vai até a janela de novo e Gerard acena para ele entrar no carro. Frank pensa que talvez não é uma boa ideia, ele tinha agido como se fosse um soberano e os outros meros plebeus. Mas "foda-se" ele pensa e calça os tênis rapidamente, desce as escadas correndo e vai até a porta e a abre.

Gerard está parado do outro lado da rua e sorri quando o vê. Frank dá a volta na caminhonete e entra.

- Precisamos conversar. - Gerard diz assim que Frank entra no carro

- Ok - Frank responde tentando ser o mais seco possível

- Eu fui meio infantil hoje na sala. E eu te magoei... Me desculpa

- Hã... Tudo bem, tá tudo bem. - Frank responde sem conseguir ser seco com aquele homem lindo na sua frente.

- Obrigado!...Quer ir pra minha casa? - Gerard odá um olhar sugestivo e Frank não resiste, acena um sim com a cabeça e sorricolocando o cinto de segurança. 

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