6. A-Chen

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Pra quem curte um drama e um boy sofrendo, aqui está um capítulo recheadinho disso kkkkkk
Resolvi escrever outra fic que vou ficar lançando em paralelo a essa, mas vai ser WangXian e vai se passar no universo deles, tô só esperando fazer mais alguns capítulos pra ter certeza que eu não vou abandonar antes de terminar kkkkkkk

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A primeira semana em casa foi insuportável e sufocante... XingChen começou a cogitar que talvez tivesse sido melhor ter morrido naquele acidente. A primeira coisa que o irritou foi que na primeira vez que ZiChen finalmente o deixou tomar banho sozinho e em paz, o sabonete escorregou e ele não conseguiu sequer se agachar para procurar porque suas costelas não permitiram. No segundo dia ele tentou abrir um pote de geleia que parecia ter sido fechado pelo Super Homem, com seu braço engessado, mesmo que a mão estivesse livre, ela não tinha força o suficiente pra segurar o vidro enquanto a outra girava. No dia seguinte ele se levantou sonento no meio da noite para usar o banheiro, acendeu a luz e ficou brevemente estressado achando que ela tinha queimado, mas então lembrou que ele que não enxergava, ZiChen acabou acordando e houve todo um momento dramático sobre aquilo. No quarto dia ele não fez absolutamente nada, passou o dia inteiro deitado no chão da sala tamborilando os dedos do braço bom encima da parte sadia de sua caixa torácica. No quinto dia ele tentou de todas as formas fazer ZiChen beijá-lo, mas foi sem sucesso, no fim só ganhou um beijo na testa. Quando finalmente o sexto dia chegou, ele já estava totalmente sem paciência. Era noite e os dois estavam deitados na cama, XingChen podia ouvir o som de ZiChen mexendo no celular, ah, aquela era outra coisa que ele não poderia mais fazer: rolar incansavelmente a barra do feed interminável das suas redes sociais. Não que ele seguisse muitas pessoas ou fosse bem seguido, mas ele gostava de ver vídeos fofos.

-O que está fazendo, A-Chen? - perguntou como se não soubesse.

-Terminando uma coisa no seu celular.

-No meu celular? Ele não tinha quebrado em mil pedaços no acidente?

-Sim, eu tomei a liberdade de comprar outro.

-E por que você fez isso? - perguntou se sentando na cama - Eu não posso mais usar um celular.

-Você pode.

-Hã?

-Pronto. É claro que não vai ser a mesma coisa... Mas agora ele vai te obedecer por voz. E vai ler mensagens e legendas também. Até e-books, eu baixei alguns. - disse entregando o aparelho na mão boa dele.

-É sério isso?

-Sim, eu estou pesquisando há algum tempo, acho que funciona, teste. - ele desbloqueou a tela com uma passada de dedo.

-Ligar pro ZiChen.

-Contato desconhecido. - respondeu o celular.

-Eu salvei como... A-Chen... - admitiu plantando um sorriso surpreso na face do outro, secretamente agradeceu por seu amado não poder vê-lo naquele momento, pois suas bochechas queimavam.

-Ligar pro A-Chen. - disse por fim e logo deu inicio à chamada, ele pôde ouvir o celular chamando do outro lado da cama - Incrível. Você é incrível, A-Chen! Muito obrigado. - ele procurou o corpo do outro tocou delicadamente sua face, encontrou sua boca e o beijou ali, ZiChen hesitou, não queria beijá-lo, não queria sequer tocá-lo, ele tinha medo. Tinha medo que XingChen se machucasse, tinha medo que não estivesse pronto mesmo ele claramente avançando, no final, sempre quem não estava pronto era ele próprio. Foi despertado de seus pensamentos pela língua que havia invadido sua boca.

-Espera. - disse segurando os ombros do outro e o afastando sutilmente.

-O que houve?

-Vamos esperar seu braço sarar pelo menos...

-Por quê? Não vai ter problema se não encostarmos nele...

-Ainda é cedo... Você... Você saiu do hospital há menos de uma semana.

-Você nunca mais vai me tocar, não é?

-Claro que vou! É só que... Vamos respeitar seu corpo. Nem tem um mês que o acidente aconteceu. Vamos devagar, tá bem? - XingChen se conformou e afundou no travesseiro, era verdade que ele ainda estava muito debilitado, seus costelas doíam, sua cabeça também doía, havia passado somente alguns dias desde que retiraram seus pontos, isso sem falar do braço, ele sabia muito bem que precisava descansar. Mas um dos seus maiores medos era que agora seu namorado não quisesse mais nada com ele. A verdade era que ele estava se apegando a tudo que ainda não tinha perdido para que não perdesse.

Naquela noite ZiChen permitiu que ele dormisse em seu peito enquanto acariciava-lhe os cabelos.

O final de semana foi mais do mesmo, mas agora XingChen tinha um novo brinquedo para se distrair, atento a todas as possibilidades que seu novo aparelho telefônico podia proporcionar-lhe.

-Bom dia, XingChen. - disse avistando o rapaz na soleira da cozinha - O café da manhã já está pronto.

-Bom dia, A-Chen. - respondeu sem parecer muito animado.

-Você está bem?

-Tive um pesadelo...

-Quer falar sobre isso? - ele negou com a cabeça - Foi só um sonho ruim, não se preocupe, não foi real. Vamos comer. - disse tentando tranquiliza-lo. Ele envolveu levemente os ombros do mais baixo com as mãos e o direcionou até a pequena mesa redonda de dois lugares onde as comidas já estavam servidas. ZiChen já conhecia XingChen tempo suficiente para saber que tipo de tempero ele gosta, o que ele come, quais são as raras coisas que ele não come, ele poderia fazer toda uma enciclopédia sobre os gostos de seu amado e era recíproco, eles se conheciam bem. Então durante todos esses dias ele tem servido seu namorado e quando parou de alimentá-lo por pedido do próprio, ele se limitou a limpar sua boca com um guardanapo toda vez que ele se sujava, estava sempre atento e a postos aguardando sua hora de agir, sabia que eventualmente não estaria mais ali tão disponível o tempo todo e tinha medo do que pudesse acontecer, mas confiaria que tudo daria certo, ele percebia que estava cuidando de XingChen muito mais como o pai de um recém-nascido do que como um namorado e aquilo o assustava também.

E então, o fatídico dia de Song ZiChen voltar ao trabalho chegou. Não sem um milhão de recomendações, deixar os remédios do namorado separados em caixinhas plásticas com alto relevo, comida fresca sobre o fogão, água quente na garrafa térmica e cantoneiras de espuma e silicone que ele comprou em lojas para artigo infantis e usou para preencher todo o apartamento, desde quinas de móveis às quinas das paredes. "Só faltou um cercadinho" pensou XingChen debochando de sua própria situação. No período da manhã ele ficou ouvindo um dos vários áudio-books de autoajuda que ZiChen havia baixado para pessoas que haviam adquirido alguma deficiência. Ele não esperava que nada daquilo fosse funcionar, sabia que seu namorado tivera a melhor das intenções, mas tudo era vago demais, não parecia ter sido escrito por alguém que tinha vivenciado aquele tipo de experiência, a angustia só se acumulava mais em seu peito. Então, no meio da manhã, ele finalmente se permitiu chorar, sozinho, sentado naquele sofá onde colecionara tantos momentos felizes e de prazer, pela primeira vez, ele chorou, sentindo uma dor tão intensa e dilacerante que parecia que seu corpo seria rasgado de dentro pra fora em vários pedaço, os soluços faziam suas costelas e sua cabeça doerem ainda mais, ele chorou ate faltar ar, até perder totalmente o sentido de estar chorando. A ficha finalmente tinha caído.

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Pra ser sincera eu curto MUITO fazer narração de cena dramática hauahauahha Espero que tenham gostado do capítulo.
E mais uma vez deixando meu muitíssimo obrigada a Astrombunny que sempre fala de Vislumbre na fic dela, e minha gente do céu, LEIAM HALO DA LUA! Tá chegando no clímax e tá simplesmente perfeita ❤️
Outro obrigada pra Fiorentino2803 que me ajudou muito com Vislumbre e também tá me ajudando com a fic nova, ela é meu controle de qualidade hauahuahauahau

Vislumbre [concluída]Onde histórias criam vida. Descubra agora